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A CASA DA LOIRA
EMANNUEL ISAC

Resumo:
Três amigos se envolve com uma mulher misteriosa e o final é...

Paulo e Carlos eram amigos de infância e cresceram juntos na mesma comunidade. Conheciam bem a vizinhança onde moravam e nos finais de semana, gostavam de curtir nas boates e bares do bairro. Foi em uma dessas noites que o destino iria mudar para sempre a vida deles...
     Certa noite, eles estavam, como era de costume, sentados em um bar jogando conversa fora, quando entrou uma loira de mais ou menos um metro e setenta de altura, olhos azuis, de calça colada no corpo que desenhava todas as curvas, uma blusinha que deixava boa parte dos seios avantajados à mostra e de salto alto, que chamou a atenção praticamente de todos os homens presentes ali!
     Paulo permaneceu com o copo de chopp suspenso no meio do caminho entre a mesa e sua boca, pois paralisou quando “AQUELE AVIÃO” entrou no recinto, como lhe mostrara Carlos:
     - Cara, você viu que monumento passou? – Carlos cutucava Paulo que permanecia na posição de estátua, olhando para a mulher que foi sentar-se em uma mesa ao fundo;
     - Nunca tinha visto essa gata por aqui antes! – Carlos falava mas, Paulo, parecia estar em outra dimensão.
     Os dois ficaram a observar aquela mulher e viram quando vários marmanjos tomaram um fora ao tentarem se aproximar da loira. Uns ofereciam uma bebida, outros tentavam sentar-se na mesa mas a mulher, continuava sozinha em seu canto. Foi nesse momento que ela olhou na direção de Carlos e Paulo; esboçou um sorriso que foi devolvido por Paulo meio que sem jeito:
     - Aproveita mano! A mina parou na sua! – Carlos incentivava Paulo, que permanecia sentado;
     - Você não viu quantos caras tomou um fora da mina? – Paulo respondeu dando a entender que não teria coragem para chegar até a mesa da mulher:
     - Como sempre, o tímido! – Carlos falou em tom de gozação com Paulo. Nesse momento, Inácio, outro amigo dos dois, saiu do balcão em direção à mesa da mulher com uma garrafa de vinho. Sentou na cadeira à sua frente e lhe ofereceu uma taça; a mulher sorriu e aceitou o cortejo de Inácio:
     - Perdeu sua chance amigão! – Carlos falou sorrindo batendo no ombro de Paulo.
     Não demorou muito e os dois viram quando Inácio chamou o garçom e pediu a conta. Levantou da mesa seguido da mulher e foram em direção a saída. Ao passar perto da mesa onde Paulo e Carlos estavam, Inácio atrasou os passos e falou para os dois com ar de garanhão:
     - E ainda vai ser na casa dela!
     - Você está de sacanagem? – Carlos falou duvidando de Inácio;
     - Eu a chamei para ir em um motel mas ela disse que só passaria a noite comigo se fosse na casa dela!
     - Tão rápido assim? Na casa dela sem se conhecerem direito? – Paulo indagou Inácio com mais duvida que Carlos;
     - Sei lá! Ela falou que se sentiria mais segura em estar em um lugar que faz parte de seu ambiente..., ou coisa parecida assim! – Inácio respondeu se afastando dos dois amigos ao avistar a mulher na porta do bar o esperando. Saiu de mãos dadas e sumiu rua à baixo. Paulo e Carlos permaneceram por mais um tempo e depois cada um seguiu para casa.
     Passou-se uma semana e lá estavam os dois amigos mais uma vez no mesmo bar. Após o garçom os servir com duas taças de chopp, Paulo perguntou para Carlos:
     - Chegou a ver o Inácio estes dias?
     - Não, mas ele deve aparecer por aqui em instantes, contando vantagens de ter pego aquela loirona! – Mal acabara de responder, eis que a mulher entra novamente no bar mas, sozinha;
     
- Eu tinha plena certeza que o Inácio iria chegar acompanhado dela! – Paulo falou sem tirar os olhos da mulher;
     
- Eu juro pra você que se o Inácio não aparecer hoje aqui, eu vou chegar junto daquele monumento!
     - Boa sorte então meu amigo! – Respondeu Paulo a Carlos, fazendo um brinde com a taça de chopp.
     Passaram-se mais de uma hora e meia, e a mulher permanecia sozinha, rejeitando as investidas de todos que tentavam se aproximar dela. Carlos sorria e vibrava com cada rejeição que a mulher dava em quem tentava se aproximar dela. Até que lembrou que Inácio tinha oferecido a ela, uma taça de vinho; chamou o garçom, pediu uma garrafa de vinho e falou para Paulo:
     - Se deu certo com Inácio, quem sabe não dê certo comigo?
      - Vai fundo amigão! Só não fique bêbado primeiro que aquele avião, se não você não vai nem conseguir pousar naquele aeroporto!
      Paulo falou em tom de gozação com Carlos que seguia em direção à mulher. Paulo ficou observando Carlos se aproximar e puxar a cadeira ao lado da mulher, que sorriu amigavelmente para seu amigo e passou a conversar com ele. “ESSA MULHER DEVE SER DOIDA POR VINHO”- Paulo pensou consigo mesmo ao perceber ela virar a taça e tomar o vinho em um único gole!
     Ficou observando os dois a conversarem descontraidamente, quando o celular vibrou em seu bolso. Verificou e viu que se tratava de uma mensagem da irmã de Inácio:
“VC TEM VISTO MEU IRMÃO”? – Paulo ficou surpreso com a mensagem de Ana Lúcia, irmã de Inácio. Tratou de responder imediatamente:
“NO ÚLTIMO SÁBADO!” – Esperou mais uns segundos, e recebeu outro SMS:
“ELE NÃO APARECE EM CASA E NEM DÁ NOTÍCIAS HÁ UMA SEMANA”!
     Paulo saiu do bar e parou junto à banca de revistas próxima. Ia ligar para Ana Lúcia quando um monte de revistas e jornais velhos que estavam no chão da banca, lhe chamou a atenção; em um jornal destacava-se uma notícia e uma foto de uma mulher, que fez Paulo se abaixar para ler:
     “MULHER QUE FOI ATROPELADA, MORRE APÓS DUAS SEMANAS INTERNADA EM U.T.I”.
            Seu coração gelou! Pegou o jornal e foi para baixo da luz; olhou a foto e reconheceu a mulher do bar. Paulo lembrou que faziam duas semanas que ele tinha atropelada uma mulher, quando voltava de uma farra juntamente com Carlos e Inácio; estavam bêbados e ele que dirigia o veículo, não viu quando o sinal fechou, avançando e atropelando uma mulher, fugindo sem prestar socorro. Falou em casa que tinha batido com o carro em outro carro; a mulher faleceu após duas semanas internada.
           Paulo ficou parado olhando para o jornal, pegou o celular e olhou mais uma vez a mensagem de Ana Lúcia, ficou pensando no que poderia ter acontecido com seu amigo Inácio. De repente, lembrou que ele sumira desde o dia em que saiu com aquela mulher que estava justamente, no momento, conversando com Carlos. Voltou para dentro do bar e olhou para a mesa onde estavam os dois e não mais os viu. Ficou à procura dos dois, quando os avistou já na saída lateral do bar, assobiou na direção de Carlos que não o escutou devido ao barulho das conversas ao redor.
     Tentou se aproximar de Carlos, mas o local estava cheio e acabou os perdendo de vista. Com muito custo, conseguiu chegar até a porta de saída. Olhou para todos os lados e só viu quando os dois já viravam a esquina da rua de baixo. Correu em direção aos dois e ao virar a esquina, viu quando a mulher conduzia Carlos pelas mãos, como se ele estivesse embriagado;
- “CARLOS NÃO FICA BÊBADO FACILMENTE”?
Interrogou-se ao ver o amigo naquela situação e resolveu segui-los à distância. Teve que se esconder atrás do poste quando viu a mulher virar e olhar para trás. Seguiu pelo canto do muro, até ver os dois entrarem por um grande portão e sumir na escuridão. Paulo seguiu devagar sem fazer barulho, passando pelo mesmo portão e só então percebeu, que acabara de entrar no cemitério da cidade!
     Seu coração disparou e o corpo gelou! Forçou a vista na escuridão até que viu dois vultos parados em frente a um mausoléu, reconheceu-os. Não sabia se voltava ou se prosseguia atrás dos dois; resolveu continuar! Chegou perto do mausoléu e procurou ver o que se passava:
     
- Como eu vim parar aqui? Que lugar é esse? – Paulo ouviu a voz assustada de seu amigo:
     - Você está na minha casa, querido... – A mulher sussurrava com uma voz que vinha do além. Paulo sentiu medo! Queria fugir dali, mas estava ao mesmo tempo preocupado com Carlos. Olhou pelo buraco aberto na parede do mausoléu e viu quando a mulher tirou a roupa de Carlos e deitou-se sobre seu corpo nu. Viu quando o corpo de seu amigo foi definhando devagar, ao tempo que ia saltando um grito de dor, e de morte!
     Paulo abafou com as mãos o próprio grito de desespero. Virou-se encostando as costas na parede do mausoléu, assustado e surpreso consigo mesmo por ter tido a coragem de estar ali. Concluiu que Inácio tivera o mesmo de fim de Carlos.
     Voltando em si, lembrou do que havia acontecido e virou-se para olhar para dentro do mausoléu; só enxergou um corpo esquelético em cima da pedra de mármore, que lembrava de longe, o que era antes um homem forte e cheio de vida! Pegou o celular e começou a digitar os números de Ana Lúcia, ficou de pé e quando se preparava para sair daquele lugar, sentiu a mão gélida da mulher segurá-lo pelo ombro esquerdo, que o fez tremer dos pés à cabeça:
     - Procurando por mim? – A voz da mulher entrou pelos ouvidos de Paulo, como se fosse o próprio sopro da morte! Paulo saiu em disparada passando entre os túmulos, só indo parar no portão de saída do cemitério; parou ofegante para respirar e quando olhou para trás, viu a mulher lhe chamando com um gesto de mão, ladeada por Carlos e Inácio; disparou novamente pela pista até ouvir o som de pneus cantando no asfalto e o baque seco do carro chocando-se contra o seu corpo...
     ... Ao abrir os olhos, viu Carlos e Inácio sentados ao seu lado:
     - Cara, pensei que você não ia mais acordar! – Carlos falou se aproximando dele:
     - Rapaz, se eu contar o pesadelo que eu tive, vocês nem iriam a creditar! – Paulo fechou os olhos e respirou fundo;
     - Acho que você não vai mais precisar se preocupar com pesadelos! – Inácio ficou em pé, próximo de onde Paulo estava deitado;
     - Não preciso mais me preocupar? – Paulo repetiu a frase de Inácio, ao mesmo tempo em que abria os olhos. Olhou ao redor e reconheceu o lugar; estava dentro do mausoléu;
     - Oi querido! – Paulo ouviu aquela voz e em câmera-lenta, virou a cabeça para o lado direito, encontrando a loira debruçada sobre a mármore a observá-lo, ficando face a face com ela:
     - Seja bem vindo a minha casa!...
     O que se ouviu depois, foi o som de um grito ecoando por todo o cemitério:
     - Nãããããããooooo...

                                      EMANNUEL ISAC

     
           
     

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