Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Na verdade, tá ligado?
Ana Mello

No meu laboratório doméstico fiquei analisando o vocabulário do meu filho de doze anos e sua tribo. Tem um dos índios que em cada frase coloca no mínimo dois: tá ligado. Tem também o tipo assim, direto, man, ô meu.
Sei que quando jovens usamos muitas gírias, roupas parecidas, gostamos do que nossos amigos gostam. É legal, dá segurança.
Mas além das limitações da escrita que o MSN permite e eu não dou conta de corrigir agora mais a comunicação oral para atormentar.
Não resisti, chamei o amigo para uma conversa.
- Mateus, não quero interferir no teu modo de ser, aprovo que tenhas amizade com meu filho, mas não achas que usas muito, tá ligado?
- Pois olha Ana, tá ligado, eu nem me dou conta, tá ligado.
Bom, a conversa aprofundou e os “tá ligado” até diminuíram.
Ele provou ser bom na argumentação, e que está bem no colégio. Ele acredita que os adultos também usam suas gírias e enchem a paciência repetindo-as até na TV. Referindo-se ao “na verdade”. Expliquei que “na verdade” não é gíria, é uma locução adverbial que quer dizer "realmente, certamente, de certo, por certo". Já usada há muito tempo. Machado de Assis já usou no romance D. Casmurro: “Na verdade, Capitu ia crescendo às carreiras”. E no conto Uns braços: “Na verdade, eram belos e cheios, em harmonia com a dona, que era antes grossa do que fina, e não perdiam a cor nem a maciez por viverem ao ar;”.
Muitos outros autores já usam há muito tempo.
Agora está na moda, os repórteres usam nas entrevistas da TV. É usado em diálogos informais e discursos acadêmicos. Os políticos usam muito. O que para alguns se faz necessário, pois existe também o “na mentira”.
Concordamos finalmente que tudo que é demais atrapalha, e que falar e escrever corretamente requer estudo diário. Cometer erros não deve ser motivo para desistir ou ficar acanhado. Corrigir com educação contribui mas usar o conhecimento para constranger está completamente por fora, é preconceito lingüístico.

MORFOLOGIA E SINTAXE

amor gramatical,
ele interrogação
ela ponto final


Biografia:
Para saber mais sobre a autora acesse http://anamello.multiply.com
Número de vezes que este texto foi lido: 62081


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas Gentileza é essencial Ana Mello
Crônicas A casa Ana Mello
Poesias Seio Ana Mello
Contos Substância Ana Mello
Crônicas Não digo mais que não tenho tempo Ana Mello
Crônicas Fazendo bolo Ana Mello
Poesias Na areia Ana Mello

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 21 até 27 de um total de 27.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
Negócio jurídico - Isadora Welzel 63311 Visitas
O pseudodemocrático prêmio literário Portugal Telecom - R.Roldan-Roldan 63289 Visitas
A Aia - Eça de Queiroz 63284 Visitas
BOM DIA - SALETI HARTMANN 63232 Visitas
Entrevista com Retroavengers - Caliel Alves dos Santos 63218 Visitas
Ter - Anderson C. D. de Oliveira 63207 Visitas
A Voz dos Poetas - R. Roldan-Roldan 63133 Visitas
CASSIANO RICARDO, UM POETA DO SÉCULO XX - Geraldo Affonso Pimentel Pereira de Araujo 63122 Visitas
PERIGOS DA NOITE 9 - paulo ricardo azmbuja fogaça 63117 Visitas
Idéais - valmir viana 63115 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última