Tempos modernos, todos correndo sempre. Ninguém consegue fazer tudo o que quer no tempo que dispõem. E cada vez quer fazer mais e ganhar mais e saber mais.
Mas isso faz com que a maioria das pessoas não tenha tempo para qualquer atividade fora da sua rotina, para lazer, para família, para ficar de bobeira. Para dar atenção a um amigo, conversar.
Algumas dizem que estão ocupadas sempre e interpretam um personagem chato, apressado, turbulento. Que faz várias atividades ao mesmo tempo, está quase sempre telefonando ou recebendo chamadas e não consegue manter o olhar nos olhos do seu interlocutor.
Acho que estão doentes, com uma síndrome.
Existem tantas síndromes! Da apnéia obstrutiva do sono (SAOS), do intestino irritável (SII), síndrome de Tourette (ST), que se caracteriza por tiques ou por vocalizações que ocorrem repetidamente.
Inventei a síndrome do sem tempo, que deve ser a síndrome de parecer ou acreditar que se está sempre ocupado (SST).
A SST causa ataque cardíaco, elevação da pressão arterial, perda de amizades, antipatia. E o mais grave – absorve a vida do doente de tal forma que chegará um dia em que ele terá certeza de que não viveu, só ficou ocupado.
Querer alcançar os objetivos em curto prazo e trabalhar cada vez mais pode tornar-se um vício. Um ritmo extenuante, como um atleta em busca da superação.
Porém, até os atletas, pensam na diversão, na família. Nos jogos de inverno da Olimpíada de Turim, assisti vários atletas declarando que na hora da prova concentravam-se no trajeto planejado e aproveitavam a alegria de estarem nos jogos.
Isabel Clark, conquistou a nona colocação na prova de boardercross, o melhor resultado brasileiro em todas os jogos de inverno, mostrou sua alegria em estar com a torcida da família e dos amigos.
Não tenho a menor dúvida de que não posso fazer tudo que desejo no tempo que tenho. Mas tenho certeza que o mais importante é oferecer meu tempo para as pessoas que amo. Para mim também, é certo. E mesmo que esteja atarefada, não permito que isso, estar ocupada, seja o mais importante.
Tempo a gente sempre tem, é só saber usar.
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