São dois corpos enlaçados contemplando, rio arriba,
Os reflexos cintilantes que encantam no Guaíba.
Tudo em volta é encanto , paz , amor, tranqüilidade
Longe, por algumas horas, do agito da cidade.

Solitário confidente, coração bata tranqüilo!
Sempre jogam nele a culpa, nada tem a ver daquilo
Que poetas apressados teimam em lhe atribuir.
Coração , jamais hesita, sempre há de anuir.

O Gasômetro ao longe espetou o céu nublado,
Como último esforço de um ser desesperado,
Que ao tentar provar que existe, também lembra ser mortal.
Uma onda de silêncio invadiu a capital.

Cai a noite, apaga traços, os ruídos desvanecem.
O casal recolhe imagens, formas que jamais fenecem.
São lembranças do momento, dádiva daquele instante.
Um presente arrancado ao destino inconstante.

Mais um beijo , um abraço, já é tarde. Ela suspira.
Por momentos esquecidos que o mundo em volta gira,
É chegado o momento do mergulho no presente.
De mãos dadas se afastam..Chora o rio indolente.


Tantos anos se passaram desde aquele pôr de sol.
Ela, às voltas com os filhos, ele assiste futebol.
Um casal igual a tantos vai vencendo o desafio.
Tudo em nome do namoro , que nasceu na beira-rio.

O altar resplandecente, de reflexos coruscantes
Para sempre incrustados na lembrança dos amantes
Os aguarda silencioso , pelo vento eriçado.
Paraíso de amores no crepúsculo encantado.

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