Matéria publicada em um jornal da cidade de Santos/SP, cita um relatório sigiloso emitido pelo Serviço de Inteligência da Polícia Civil, dando conta de que o PCC expandiu sua atuação para mais 14 unidades da federação (13 estados e o DF), além de São Paulo, estando presente também em três países da América do Sul: Paraguai, Colômbia e Bolívia. Uma expansão admirável, algo que jamais havia sido imaginado pela cúpula da Secretaria de Segurança Pública paulista, principalmente pelo fato de sempre ter minimizado a força dessa facção no próprio Estado de São Paulo.
O relatório destaca que o “partido” – assim chamado por seus integrantes – está presente no Distrito Federal e também nos seguintes estados brasileiros: São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pernambuco, Ceará, Piauí, Paraíba e Roraima. No cenário internacional a Bolívia e a Colômbia entram como fortes produtores de drogas e o Paraguai pela fácil aquisição de armamentos e rota de entrada para o Brasil.
O PCC foi criado por oito presos que cumpriam pena no Piranhão (Taubaté/SP) em 31 de agosto de 1993, sob a bandeira de combater a opressão a detentos. A facção logo se expandiu, passando a planejar e a controlar crimes, em especial o tráfico de drogas. Possui um conselho gestor composto por sete membros que prestam contas ao seu atual líder máximo, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, que está preso em Presidente Venceslau/SP, num presídio supostamente de segurança máxima. Ele é citado no relatório como uma pessoa fria, calculista e dotada de inteligência e intelectualidade acima da média, superior a de todos os demais líderes.
A facção é mantida através das mensalidades pagas por seus integrantes e de recursos provenientes do tráfico de drogas, locação de armas, roubos, sequestros, além de outros crimes. Além disso, tem um gerenciamento que lembra uma estrutura empresarial. O relatório da Polícia Civil cita ainda uma divisão de tarefas para cuidar das estruturas financeira, operacional, jurídica, internacional, de controle de pessoal e de “expansão de poder” do PCC.
O jurista especializado em organizações criminosas, Walter Fanganiello Maierovitch faz duas considerações a respeito do relatório. Sobre o caráter reservado do documento, ele diz: “É uma lástima que isso seja secreto, quando a população precisa saber a dimensão dessa rede PCC”. Sobre o teor do relatório, adverte: “É um quadro dramático, que precisa ser enfrentado”.
Este é o retrato da nossa criminalidade atual e que tem grandes chances de evoluir ainda mais. O PCC conseguiu recrutar muitos profissionais de gabarito para atuar dentro da facção, levando-a ao topo de uma empresa multinacional extremamente bem sucedida, naquilo a que se propõe. Enquanto muitas das verdadeiras empresas estão minguando por aí devido aos impostos escorchantes cobrados neste país de mentira, alguns criminosos de peso conseguem elevar à categoria internacional uma organização voltada exclusivamente para o crime. E mais, comandada por um elemento que está preso em um “presídio de segurança máxima” (sic).
Encerro o texto com as palavras do jurista Walter Maierovitch: “O PCC tem controle de territórios, além dos presídios, bairros e morros. Quem tem esse controle também detém o controle social. É uma organização em rede, que nunca teve afetado o seu patrimônio. Combatê-los é desfalcar a sua economia, mas o Governo faz uma política de avestruz e esconde a cabeça na terra, talvez por não ter capacidade para enfrentar o problema”.
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