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Em dezembro de 2024, retornando de carro da cidade de Andradas/MG pela rodovia SP-342 (Adhemar Pereira de Barros), não consegui desviar de um objeto metálico caído na pista e senti uma forte pancada na parte inferior do veículo. Como o carro deu a impressão de ter respondido bem ao impacto, não parei imediatamente, pois poderia ser algum objeto jogado intencionalmente na pista para que se concretizasse um assalto. Alguns quilômetros à frente parei no acostamento, avaliei o carro por baixo e não percebi nenhuma anormalidade aparente. No painel, nenhuma luz de advertência acendeu. Continuei viagem, passando por Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Itapira, através das rodovias SP-340 e SP-352 (Itapira x Amparo) e por fim, SP-105, uma vicinal que liga a SP-352 com Serra Negra. Tudo ia bem até tocar um sinal sonoro, acender a luz vermelha no painel que indicava nível baixo de óleo e a mensagem “pare imediatamente”. Quem conhece a SP-105 sabe que, apesar do bom asfalto, quase não existem locais com acostamento. Continuei rodando, tenso e com o olhar na luz vermelha, até que consegui estacionar. Vazava óleo através do cárter que havia se rompido com o impacto (este modelo de veículo não tem protetor de cárter). Tinha meio litro de óleo no porta-malas, coloquei no cárter e segui viagem. A luz vermelha voltou a acender e o coração acelerou. E agora? Pois é, neste momento a Divindade entrou em ação e encontrei um local para estacionar, em frente a uma residência típica da roça paulista. O óleo continuava vazando até que acabou, secando o cárter. Foi questão de poucos minutos para que o motor não tivesse fundido. Bati palmas, uma senhora veio me atender, expliquei a situação e ela chamou o marido para conversar comigo. Um casal de meia idade, de uma empatia e simpatia de se tirar o chapéu. Tenho um mecânico em Serra Negra que faz a manutenção do meu carro e precisava chamá-lo para prestar socorro. Meu celular, sem sinal. Coincidentemente o senhor conhecia o mecânico e, de pronto, pegou seu celular e ligou para ele, que atendeu de imediato (algo difícil de acontecer). Em menos de 15 minutos ele chegava com o seu carro para o socorro. Ligou para o guincheiro (também conhecido dos dois) pedindo para que fosse pegar meu carro e o levasse à sua oficina onde seria feita a manutenção. Ele me levou até em casa, o carro ficou em frente à casa do senhor que me atendeu à espera do guincho. Menos de uma hora depois o mecânico me enviou uma mensagem com a foto do carro já em sua oficina. Alívio imediato. O “laudo” foi cárter irrecuperável, necessitando substituição. Daqui pra frente foi apenas a manutenção e ponto final.
Por que estou cotando essa história, quase um ano depois do ocorrido? Simplesmente por não ser algo muito corriqueiro de acontecer, ou seja, o auxílio a quem necessita e sem esperar nada em troca, simplesmente pelo prazer de fazer o bem. Serei grato eternamente a esse lindo casal que me acolheu num momento difícil, em meio ao nada, numa região cercada pelas montanhas da Serra da Mantiqueira. E também para acrescentar que milagres podem existir, sim. E tem quem ainda não acredite em Deus. Nunca desistam e acreditem sempre. Assim é a vida, assim é a fé.
Personagens:
· Odacir e Edimeia (o casal)
· Pedro Cabreli (o mecânico)
· Arnaldo (o motorista)
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