Foi o que sobrou.
Um louco fio recheado de morte.
Um andar em falso naquele fio,
e o pássaro despenca
para o abismo sem sorte.
O pássaro de dor, sou eu.
Pousado lá longe
no fio do esquecimento.
Não encontra mais alento
nem entre os seus.
Não mais se conhece
entre as aves
que cantam como ele.
Suas penas
sacudidas pelo vento,
dobram-se no esforço que faz
para manter-se em pé.
Cansado de longa luta de vôo,
noites sem dormir,
faltou-lhe o alimento,
e até água não encontrou
no árido deserto
por onde voou,
nestes dias de solidão.
Pássaro de agonia.
Pousado no fio de morte.
Será que ele sabe
que aquele fio poderia,
num único toque,
acabar com toda
dor e sofrimento?
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