Rascunha no papel
amarelado pelo tempo
que o vento já levou
a maioria das linhas.
Escreve: Nunca mais vou sofrer.
Nunca mais vou sofrer.
Escreve e repete
como aquelas crianças
que na escola ao errar
precisavam repetir
e repetir até aprender.
Assim é
com esse rascunho de vida
que agora escreve
no papel sem parar.
E se pergunta se nasceu errada,
com asa quebrada
para viver
em sofrimento assim.
Escreve sua vida
e em todos os tempos,
só se lê sofrimento.
Meu Deus,
como é que uma vida
suporta viver assim?
Que essa dor fique
longe de mim.
Que não me toque
só porque estou a escrever.
E para que não aconteça comigo,
sabe o que vou fazer?
Escrevo: Nunca mais vou sofrer.
Nunca mais vou sofrer.
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