"Aqueles que afirmam não ter tempo para cuidar da saúde, logo descobrem que vão ter tempo para cuidar das doenças”. Li essa frase, cuja autora é Patrícia Alexander, em uma crônica escrita por Aldo Novak que me chegou por e-mail. Quem a enviou não incluiu o nome do texto, portanto fico devendo essa informação.
Tal crônica abrange a famosa “falta de tempo” que a maioria das pessoas alega ter, talvez por acreditarem ser sinal de “status” social. Tornou-se comum ouvir ou ler algumas afirmações do tipo:
- Quando a correria diminuir vou fazer isso e aquilo;
- Do jeito que as coisas andam, meu dia tinha que ter 48 horas;
- Agora não filho, papai (ou mamãe) está sem tempo (essa é brava);
- Minha vida anda muito corrida e não tenho tempo para nada;
- Vou fazer um lanche no escritório, pois estou sem tempo para almoçar (e tome hambúrguer, misto quente, salgadinhos suspeitos, gorduras trans, refrigerantes...);
- Estou com minha vida virada do avesso por falta de tempo;
- E muitas outras, que cada um de vocês já deve ter ouvido por aí.
Fico cansado só de imaginar essas pessoas levando o tipo de vida que afirmam estar levando.
Lamento por quem age e se vê assim, de quem vive argumentando não ter tempo para nada, como os filhos, a família, os amigos, a diversão, a cultura, o lazer... e sei lá mais o quê. Trabalho, obrigações, vida séria, são sua companhia, pois dizem que só assim sentem-se úteis e produtivos, quando não ainda pior, acham-se insubstituíveis. São os viciados em trabalho (work-aholics).
Se você faz parte dessa fauna, não se esqueça de que sua malfadada “falta de tempo” pode levá-lo não apenas a problemas de saúde, mas também a problemas de relacionamento, do próprio viver e até de aceitação. Como, por exemplo, aqueles no avião com o notebook ligado, supostamente trabalhando e incomodando o companheiro ao lado (ou de ambos os lados). Existe sujeito mais chato do que esse? Existe, como aquele outro que acorda com o celular, come com o celular, anda e dorme com o celular pendurado na orelha. Um sujeito, digamos... “tipo assim”!!! E muitos outros – e outras.
Chegará o momento em que o “sem tempo” vai ter que entrar em manutenção corretiva, uma vez que não fez a preventiva necessária. E tudo que é corretivo sai mais caro, demora mais e é mais difícil do que aquilo que é feito preventivamente. E, como nosso corpo é uma máquina, peças talvez necessitem ser trocadas prolongando ainda mais essa manutenção e seu consequente desconforto. E chega um belo dia em que acontece o infarto ou, pior ainda, o psiquiatra, como disse Vinícius.
Sou um entusiasta do trabalho sério e produtivo. Acredito que o trabalho é a força que move o mundo. Mas não é preciso trabalhar “25 horas por dia” para provar alguma coisa. Não é necessário ter mais obrigações do que se suporta ter e, como alguém disse com muita propriedade, “não leve a vida tão a sério, pois você não vai sair vivo dela”.
Arranje tempo para aqueles de quem você gosta e para aqueles que gostam de você, arranje tempo para sua diversão e lazer, arranje tempo para você.
Vida meu amigo, só tem uma, e não dura muito. Portanto, pense bem no que está fazendo com você mesmo e em que direção está seguindo.
Sua conscientização sobre isso é o básico para que não se torne um mala, e não seja mais um infeliz exemplo a vir engrossar a verdade contida na frase que faz a abertura deste texto.
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