De manso surge a luz
Na borda da montanha
E num cantinho preferido
De um jardim encantado
Descanso meus passos
Cansados, molhados de orvalho.
Dentro do escuro da manhã
Penso na flor que no jardim me falta.
Se ela soubesse onde estou,
Se soubesse onde é,
Viria qual fada
E ungiria meu pés
Com luz doce da lua.
Ela não sabe o que sei
O que penso,
Porque se soubesse
Sabia onde ir
E estaria aqui no jardim,
Neste leito
De folhas caídas
Do outono que foi
Úmidas do sereno
Que na noite caiu.
Se ela só soubesse
O que a vida nos fez,
Brincou de abismo
Entre nós dois.
Jogou da montanha
A flor andina
E ela rolou
Pro fundo do vale,
Onde tremulam
Pétalas azuis.
E eu alado do vento que sou
Fiquei encravado
No sopé da montanha,
Só, mas rodeado de névoas
De nuvens de flor,
Hálito morno
Do doce bocejar
Da lua dourada
No amanhecer.
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