Tomei o pincel,
A paleta e a tinta,
E fui para a tela da vida, pintar.
Mas como sempre
Arranquei minhas dúvidas:
- O que fazer? O que desenhar?
E toma o lápis
Rascunho a fazer.
Um risco prá cá,
E outro prá lá.
Depois com pincel,
Um pouco de tinta
Na tela vazia,
À esparramar.
Surgiu a montanha
Entrei dentro dela,
Era minha vida
Na tela à pintar.
Montanha solitária
É isso o que sou,
Não tenho amigos
Não tenho amor.
Vago no tempo
Do tempo de ontem,
E pro hoje do tempo
Eu nunca vou.
Queria pintar
Alguém em mim,
Uma flor de ardor
Até sem beleza,
Mas forte de raça,
Valente que seja.
Pois prá sobreviver
Em minha árida terra,
Só flor corajosa
Sem medo de sofrer.
Sem de vida o tempo,
E que seja também
Do tempo do vento,
Do ontem, já além.
|