Olhei para aqueles
olhos tão tristes.
Não devia ter olhado.
A dor estampada neles,
me leva de volta aos meus.
E lá vem elas,
quentes,
doídas:
As lágrimas da vida.
Meus Deus, já pensei
minutos antes,
por que nem as luzes
se entendem mais?
Se elas se acendem,
vejo a negritude da alma
e a mácula que só traz
dor e sofrimento.
Se elas se apagam,
perco o tato,
não sei onde ir.
Tal qual cego a trambolhar
pelos caminhos da vida
me sinto a caminhar.
Eu sei o que são olhos tristes.
Nasci e vivi com eles
parte de minha vida.
E hoje, vejo-os todos os dias,
perdidos a vagar
pelas ruas da cidade,
sem saber onde descansar
o pé e o corpo cansado.
São olhos tristes de dor.
Talhados das mais profundas
mágoas da vida
que um ser humano
é capaz de suportar.
Cruel sofrimento.
E tentam se entorpecer,
sorvendo os venenos do tempo
e se atirando desalentados
pelas sombras dos umbrais.
Sou como eles também.
Nasci e morri tantas vezes
nessas vivências e querências mil
de alma impura e pervertida.
Não mais.
Não quero mais
olhos tristes
em minha vida.
E é isso que me move,
marca meus dias e me leva
onde os olhos tristes estão.
Se não posso calar os meus,
Só me resta ajudar a secar os teus!
|