Vim lá da roça,
Foi lá que nasci,
Entre araucárias
E pés de três-marias,
Sentindo o cheiro dos jasmins.
Ouvindo o burburinho da passarada
E o sussurrar das águas
Do lindo rio de pedras
Que passava rápido,
Ao lado da casa.
Casa simples, pequenina,
De madeira bem tosca, sem cor.
Na cozinha, centro do lar,
A mesa, dois ou três bancos,
Um balde de água, e o fogão.
Era ali, que mamãe,
De lenço na cabeça,
Preparava a refeição.
No porão da casa
Guardavam mantimentos:
Queijo, vinho, mel e farinha.
Arroz, erva mate,
Torresmo e salame,
E, até vassouras,
No porão da casa tinha.
Nas noites quentes de verão
Reunidos todos na varanda
Para o gostoso serão.
Comendo rapadura,
Pé-de-moleque,
Bolinho de chuva,
Pipoca-doce ou com sal...
E ainda rolava o mate, o chimarrão.
Na aurora do dia, lá ia Maria,
Voar as ruivas tranças, na luz do sol,
Brincar de bolita com os guris,
Ninar bonecas, soltar pandorga,
Jogar bola, porque não?
Era moleca da roça,
Maria caipira, sim senhor!
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