Ele puxa a vara e empurra de novo. Desta vez esta bem em nossa direção, a abraço ainda mais forte, o meu coração esta mil, quase não consigo respirar, a minha vontade é gritar bem alto, desce no meu rosto uma lagrima, peço em meu último pedido desesperado que Deus nos salve.
Fecho os olhos e já posso sentir a lamina me perfurando, quando faltam poucos centímetros, outro o chama e ele para:
- Samir, você chegou a ver as armadilhas?
- Eram bem feitas, o cara era um gênio. – responde Samir.
- Mas, aquele senhor falou que eram umas meninas que fizeram.
- Ele era louco, tanto que o comandante mandou o matar, você acha que uma mulher construiria uma coisa daquelas, e ainda mais meninas. Tem que ser muito inteligente e forte.
- Mas, ele jurou até a morte que era as meninas.
- Ele estava protegendo o filho ou um neto, quem sabe, mulher não tem essa capacidade.
Eu pensei comigo mesmo, se os homens eram tão superiores, como eles tinham caído nas armadilhas que meninas fizeram, uma não, quatro? Às vezes eu sentia remorso pelo que fiz, mas ouvindo essa conversa percebi que se tivesse caído nas mãos deles, seria considerada um lixo humano. Eles continuam a conversar, e Samir diz:
- A primeira foi uma mola, o idiota do soldado usou o corpo para arrombar a porta, quando ele arrombou, a mola puxou a porta e ele caiu nas lanças, se furou todo, foram tirar ele e sangrou até a morte.
- E o Estevam?
- Coitado, ele chutou a porta do quarto e a flecha acertou bem no meio da testa, caiu como fosse um pedaço de pau. – disse Samir mostrando consideração.
- Mas, você viu o braço do Ruan, ficou todo infeccionado, esta horrível.
- Colocaram alguma coisa na flecha. – opinou Samir.
- E do Jaimil, eu nunca vi alguém ficar daquele jeito.
- Ele achou que tinha alguém no guarda roupas e quando ele abriu a porta, aquela bola cheia de pregos o rasgou de baixo para cima, o cara foi rasgado literalmente. – falou Samir com um olhar horripilante.
- O único que gostei foi daquele puxa saco, esse mereceu. – disse Samir com satisfação.
- Ele era muito chato e se achava, você ainda estava lá?
- Estava, quando eles tiraram o guarda roupas, tinha um buraco na parede e parecia que tinha o túnel, o comandante disse que era por ali que ele ou eles saíram, o idiota já gritou: “Pode deixar eu vou atrás deles.” E entrou no buraco, só ouvi um barulho de algo cortando, e o corpo do cara caindo sem cabeça, essa foi hilária, e acho que não foi só nós que gostamos.
- Ninguém gostava daquele cara, como você disse era um chato e puxa saco.
- Vamos continuar que quero ir embora. – ordena Samir.
- Chega, o túnel nem dava para esse lado da mata, eles devem estar bem longe.
- É verdade, vamos embora, já cansei e estou com fome.
E foram embora e então conseguimos respirar aliviadas, mas o nosso medo permaneceu, então ficamos ali por mais um pouco e Nadia reclama:
- Estou com muita fome.
- Calma, já vamos sair.
O ambiente já parecia mais calmo, então decidi sair com Nadia, pensei que o melhor lugar seria o lado da lavoura, já que eles tinham passado por lá e estavam indo para o lado de outro vilarejo para mais um saque. Passamos por uma arvore de goiabas, estavam meio verdes, mas a fome era enorme, catamos o que podíamos e fomos para um arbusto para nos esconder e comer.
Depois de comermos descansamos um pouco e continuamos indo para o lado da lavoura, quando estávamos quase chegando percebi que minha decisão não foi acertada, eles ainda estavam lá recolhendo o resto de alimento que lavoura dava, tivemos que nos esconder de novo, até que eles acabaram e começaram a sair.
Começamos a tomar o caminho oposto, os nossos passos eram com o maior cuidado, passo sobre passo, não queríamos que nenhum barulho chamasse atenção deles, nos caminhávamos com o maior cuidado possível. Até o ponto que eles estavam a certa distância, falei para Nadia:
- Vai à frente que vou vigiando para que nenhum deles nos pegue de surpresa, se ver alguma coisa volte bem de vagar, entendeu? – falei cochichando.
- Sim. – responde com um olhar apavorado.
Ela vai andando na frente e eu vou vigiando eles, ando de costa sempre me virando para ver para onde ela esta indo, o alivio vem cada vez que eles se distanciam de nós, vou andando de costa e olhando para onde a minha irmãzinha vai, até que o inesperado acontece.
Ela começa a gritar desesperadamente, os insurgentes ouvem, é um grito muito alto e de horror:
- AhhhhhAhhhhhhAhhhhhAhhhhhhAhhhhhAhhhhh.
Corro em sua direção, ela não toma nem fôlego, e continua a gritar desesperadamente, o meu ímpeto era fazê-la parar de gritar e começar a fugir:
- Nadia calma, pare de gritar, não grita, para, para, para, por favor, pelo amor de Deus cale a boca. – a sacudi com força no meu desespero de não sermos pegas.
Ao olhar para seus olhos, percebo que estão em uma só direção, e continua a gritar desesperadamente, decido olhar na mesma direção, o meu choque é total, era como que aquela visão me deixasse em transe, o grito da minha irmãzinha começam ficar muito longe, como se alguém abaixasse o volume, não podia acreditar no que eu estava vendo. A nossa esperança com aquela visão tinha acabado naquele momento.
A minha vontade era de chorar, gritar e morrer, a visão de minha mãe pendurada naquela arvore e morta daquela forma, nos deixou sem ação. Ao mesmo tempo em que ouvia os gritos de minha irmãzinha ao longe, começo ouvir gritos dos insurgentes também, cada vez se aproximavam mais, minha irmãzinha gritava e eu completamente estática sem conseguir ou ter força para fazer alguma coisa.
Até que um deles chega até nós, quando ele vai pegar minha irmãzinha, consigo poder não sei de onde e jogo um punhado de areia em seus olhos e pulo em cima dele o derrubando, dou um empurrão em minha irmãzinha, e grito desesperada:
- Nadia, fuja, fuja, corra sai daqui, vai, corre.
Ela com o empurrão desperta para de gritar e sai correndo para o lado da mata, o outro soldado que vem atrás, atira por três vezes, minha irmãzinha cai, penso que acertou um tiro nela, e saio correndo para socorrê-la. Quando o insurgente vai atirar em mim, alguém grita:
- Não atire, eu quero pelo menos uma viva.
Chego até minha irmã com coração disparado, pedindo que esteja bem, e graças a Deus nenhum tiro a acerta, a abraço fortemente sabendo que o pior esta por vir, os insurgentes nos pegam, o comandante se volta para o que atirou e lhe dá um tapa no rosto e grita:
- Seu idiota, não consegue dar conta de duas garotinhas, tinha que atirar, se você mata esta menina, tínhamos perdido 10.000, e se eu perdesse 10.000, eu mesmo faria de você picadinho, entendeu.
- Sim, senhor.
- Não ouvi, seu imbecil.
- Sim, senhor. – grita o insurgente se estremecendo todo.
- Agora, você vai pegar aquelas meninas, e levar para o acampamento, sem machucá-las. Tem que aprender, que essas coisinhas são frágeis e burrinhas, não precisa de arma, só um pouquinho de inteligência e força, entendeu?
- Sim, senhor.
Fomos pegas e nos levaram para o acampamento, onde tinham outras meninas do vilarejo, todas estavam com olhar de horror, Tami era a mais calma começa dizer como foram pegas:
- Estávamos fugindo pela estrada quando eles apareceram nos carros, não tivemos chance nem de esconder, estupraram algumas mulheres e mataram, os homens penduraram nos postes na estrada, e atiraram neles, são uns animais.
- Não fizeram nada com vocês? – perguntei.
- Lembra da Luly?
- Lembro. – respondi.
- Então ela foi levada para o mato por um insurgente e foi estuprada, depois ele a tirou do mato, quando o comandante deles viu, gritou com ele que não era para fazer nada com as meninas, ele sorriu e disse que já tinha feito, então o comandante deu um tiro na cabeça dele, apontando para Luly gritou com os outros e disse que as meninas valiam dinheiro e quem fizesse alguma coisa com uma das meninas também iria morrer.
- E a Luly? – perguntei já que não a via.
- Ele disse como ela já tinha sido violada eles podiam fazer o que quisessem com ela, e uns cinco insurgentes a estupraram, e depois a mataram, foi feito tudo a nossa vista, é uma imagem que quero esquecer. – disse toda transtornada.
- Calma, vamos ver se conseguimos fugir, eles acham que somos burras, talvez isso nos de alguma vantagem. – falei olhando para os lados.
- Não quero tentar nada, o comandante disse que quem tentasse fugir, iria sofrer o que a Luly sofreu, não quero isso para mim. – disse amedrontada.
- E o seu Joval. – perguntei.
- Eles o pegaram e queriam saber quem tinha colocado as armadilhas na sua casa, porque cinco soldados morreram, e outro parece que esta morrendo por causa de uma flecha envenenada, ele disse que tinha sido vocês.
- Eles acreditaram? – perguntei curiosa.
- Quando eles perguntaram qual a idade de vocês, e ele falou que você tinha 16 anos e a sua irmã 10 anos, eles começaram a rir dele e chamaram-no de maluco, diziam que estava escondendo o homem que realmente tinha colocado a armadilha, que poderia ser um filho ou neto.
- Então o mataram?
- Não de uma vez, o deixou pendurado no poste, e de hora em hora um insurgente vinha e o torturava para saber a verdade, ele dizia que foram vocês, até que ele não agüentou e morreu. – nos olhando com se nós fossemos as culpadas.
Ao amanhecer nos colocaram em um caminhão e fizemos uma viagem de três horas, já estávamos exaustas, até que eles nos pedem para descer, quando descemos havia três homens junto com o comandante, e ele começa a nos vender:
- Vocês podem ver que são mercadorias de boa qualidade os seus clientes vão se deliciar com elas, podem ficar tranqüilos que nenhuma delas foram violadas, estão todas intactas, sem nenhum arranhão. – pega uma das meninas e segura o seu rosto.
- Só queremos as mais novinhas, nossos clientes gostam das que cheiram leite, quanto vocês querem por elas? – pergunta um valor como se nós fossemos coisas.
- As mais novas nós queremos 25.000 cada uma.
- Você esta louco, esta muito caro. – reclama.
- Senhor, são meninas de qualidade que vão dar muito prazer aos seus clientes, vale a pena investir, o senhor vai ter um retorno rápido. – fala de nós como se fossemos um objeto lucrativo.
- Não sei, é elas são lindas, te dou 14.000. – faz a sua oferta.
- Senhor, são de estrema qualidade, vou fazer um preço camarada, 20.000.
- Ainda é muito dinheiro, não esqueça que vou comprar sete delas, como se fosse no atacado, e tem que ser mais barato. – disse com um sorriso sarcástico.
- Vou fazer uma oferta irrecusável, Senhor me paga 18.000 por cada uma das sete meninas e te dou de brinde uma mais velha, é um negócio irrecusável.
- Vamos lá, 17.000 por cada uma e uma menina mais velha, só que eu escolho. – dá a sua ultima oferta.
- Fechado, é muito bom fazer negócio com o senhor.
- Peguem o dinheiro para ele. – ordena a um de seus empregados e começa a sua escolha.
O meu pior pesadelo se realiza, ele escolhe justamente a minha irmãzinha, então já me coloco à frente e falo:
- Me escolha Senhor, eu posso lhe dar muito lucro.
- Esta aqui parece bem ousada, mas eu te disse que escolho a minha mercadoria.
- Por favor, Senhor eu faço de tudo que me mandar. – imploro me jogando aos seus pés.
- Tire essa vadia daqui, já disse que eu escolho minha mercadoria.
- Por favor, Senhor. – continuo a implorar.
O comandante grita:
- Tirem essa menina daqui, jogue ela no caminhão. – ordena.
Dois insurgentes vêm me pegar, dou chute baixo em um que cai, o outro me segura por trás me abraçando, o mordo no braço, quase arrancando um pedaço. Neste momento vem dois outros insurgentes me seguram, amarram os meus braços e pernas, me amordaçam e jogam dentro do caminhão, consigo ver pelo menos o nome do lugar.
- Deus me livre comprar uma menina dessas. – fale dando risada.
Minha irmãzinha começa a gritar e chorar, eles a pegam e levam embora, só ouço grito desesperado dela, cada vez se afastando, e não posso fazer nada, pela primeira vez ela vai ficar sozinha, sem que eu possa protegê-la, também começo a chorar, um choro tão amargo que nunca tive. As outras meninas entram no caminhão, que sai para outro destino, cerca de uma hora à frente.
Ao chegar todas as meninas descem, menos eu, o comandante sobe junto com três insurgentes, sem me desamarrarem ele fala:
- Se você fizer de novo outro show, primeiro vou deixar que todos os soldados te estuprem e não vou deixar você morrer rápido, vou deixar que sangre bem devagar, entendeu, posso te desamarrar, vai ficar quietinha?
Quero morrer, por tudo que passei e que vou passar, mas penso em minha irmãzinha, e sei que vou resgatá-la, não sei como, mas vou achar um jeito, então tenho que ficar viva. E respondo com a cabeça que sim.
Eles me desamarram e fico quietinha, somos vendidas por 10.000 cada uma para um prostíbulo. Como vou conseguir fugir dali eu não sei, mas vou pensar em alguma coisa.
Somos colocadas em quarto coletivo trancado, é melhor que conseguimos nos encorajar, nos alimentam bem. Até que um dia eles chegam e selecionam quatro meninas para estréia como eles dizem, o leilão. Perguntamos as mais antigas, o que era isso?
- Elas vão ser leiloadas para os clientes da boate, para terem a sua iniciação sexual.
- Nossas virgindades são vendidas? – pergunta Tami.
- Sim, é isso que dá mais dinheiro aqui, uma menina chegou a custar 25.000 no leilão.
- E as autoridades nunca vêm aqui? – pergunto revoltada.
- Vem. – responde.
- Libertam as meninas? – pergunto esperançosa.
- Não. Eles são os principais clientes, são os que pagam melhor.
- Eles deveriam nos ajudar, pensei que aqui só vinha insurgentes. – falei indignada.
- Os insurgentes só vêm aqui para vender as meninas, eles não são bem vindos como clientes aqui só vêm à nata da sociedade de Pravda, homens influentes e com muito dinheiro.
- Então não temos esperança nenhuma? – pergunto indignada.
- A única esperança aqui é virar prostituta. – fala como se não tivesse saída.
- Eu já sabia que não tinha a quem confiar, mas achava que ainda tinha gente que queria ajudar o povo.
- Ouvi de um deles que eles não podem acabar com os insurgentes porque trazem para eles prazer e fazem o povo ficar quietos, e que existe um acordo entre o governo e os insurgentes, você ouve falar de confronto entre governo e insurgentes?
- Só ouvimos falar de saque de vilarejos. – respondi.
- Só vilarejos longe das grandes cidades e da capital, o governo controla as cidades maiores e os insurgentes os vilarejos, trazendo terror.
Selecionam as meninas que vão participar do primeiro leilão da virgindade, é um momento mais aflitivo, as meninas são preparadas, tomam um banho especial, cabeleireiro, manicure e maquiagem, tudo para deixarem mais atraentes aos nojentos homens.
Somos separadas a noite num cômodo isolado da boate e possamos a noite. Não consigo dormir pensando nas meninas, em especial em minha irmãzinha, sem imaginar ela sendo molestada, cada vez que penso meu ódio aumenta e minha vontade de matar a todos cresce.
Mas, vem em minha mente às palavras da minha mãe, de sempre termos amor pelas pessoas e até pelos inimigos, não consigo nem imaginar como se pode amar um inimigo, hoje só consigo odiar não só meus inimigos, mas todos os homens.
Amanhece sem eu conseguir dormir, voltamos para boate e nos encontramos com as meninas que foram leiloadas, podemos ver em seus rostos a expressão de extrema tristeza e angustia, todas as suas expectativas de ter as suas inocências perdida com quem ama, tinham sido frustradas. E infelizmente algumas trazia em seus rostos marcas de espancamentos e a partir dali se tornaria prostitutas tendo que fazer programas todos os dias. O que me deixava mais revoltada era que também era meu destino, se eu não conseguir escapar.
Passou-se uma semana e não consigo pensar em nada para conseguir fugir e ir pegar minha irmãzinha, as meninas têm muito medo de fazer alguma coisa e sair errado e serem punidas com a morte ou coisa pior. Somos trancadas no quarto, depois de cada refeição levam até mesmo todos os talheres para não tentarmos nada, nem mesmo o suicídio.
Quatro meninas são escolhidas e desta vez, Tami é uma delas, ela fica desesperada:
- Não quero que nenhum homem me toque.
- Não sei o que dizer, Tami. – não consigo achar palavras para consolá-la.
- Então não diga nada, não vou deixar que ninguém me use. – fala toda transtornada.
Ela não deixa ninguém tocá-la, para arrumá-la para a noite do leilão. Até que a amarram em uma cadeira e ameaçam a fazendo ficar calma e conseguindo arrumá-la.
Somos isoladas novamente, elas são levadas para o leilão. Não consigo pensar em nada só em Tami, não sei como ela vai reagir já que estava muito transtornada, tenho medo que a maltratem e machuquem. Já que aqui a morte é um alivio que eles não dão a ninguém.
Amanhece e voltamos ao nosso quarto e as meninas que foram leiloadas estão todas com os rostos desfigurados, a angustia, o desespero é visível. Tami esta jogada no canto do quarto virada para parede chorando. Aproximo-me para consolá-la e a toco:
- Não toque em mim, fique longe de mim, não quero ver ninguém. – grita completamente transtornada.
- Eu quero te ajudar, Tami. – tento consolá-la.
- Você vai apagar da minha mente e do meu corpo o que passei hoje? – pergunta indignada.
- Não posso e não tenho poder para fazer isso. – respondo.
- Então, some da minha frente.
Percebo que suas roupas estão cheias de sangue, o seu rosto esta desfigurado, bateram muito nela. As meninas disseram que ela teve que ter relação com outros dois homens, ela lutou muito para não ser violentada, tanto que seu leilão foi um fracasso, eles conseguiram um valor muito baixo por ela e por isso a torturaram tanto. O meu ódio cada vez aumentava em relação aos homens e em especial quando imaginava que minha irmãzinha poderia estar passando as mesmas coisas.
Ela se levanta e não quer a ajuda de ninguém, vai ao para o banheiro para tomar banho, ouvimos o barulho do chuveiro e de repente um som de vidro quebrando, corremos para a porta do banheiro e gritamos:
- Tami você esta bem?
Ela não responde, insistimos novamente e nenhuma resposta, tentamos abrir a porta, mas esta trancada e tentamos arrombar, mas não tivemos força suficiente, então começamos a gritar para os homens da boate.
Chega o dono da boate e falamos o que aconteceu, chega dois seguranças e ele pede para eles arrombarem a porta, quando eles arrombam, mais uma cena chocante, Tami esta caída no chão, ela tinha quebrado o vidro do vitro do banheiro e com ele cortou os seus pulsos e estava sangrando muito, quando por impulso fomos socorrê-la, o dono nos segura:
- Ninguém vai socorrê-la.
- Como não ela vai morrer, precisamos ajudá-la ela precisa de atendimento médico. – falo desesperada.
- Não, ela que quis se matar. – fala ironicamente.
- Mas, ela estava desesperada, ela não sabe o que esta fazendo, temos que ajuda-la. – tento desesperadamente argumentar.
- Não, ela não quis se matar, que se faça a sua vontade.
- Não vamos ajudar mesmo. – até o segurança não acredita no que ouve.
- Eu já falei que não, essa vaca já me deu muito prejuízo, deixa ela se afogar no seu próprio sangue. – fala com toda a crueldade do mundo.
Tento entrar a força para ajudá-la, mas ele pede para os seguranças me impedirem. Aquele olhar de Tami nunca vou esquecer, era uma mistura de dor e angustia com alivio e esperança, ela estava conformada com a morte, só quem passou pelo que ela passou e não tem esperança nenhuma de uma vida melhor pode entender a sua atitude.
- Quando morrer de vez é elas que vão remover o corpo e limpar todo esse sangue. Para elas verem que quem toma essa decisão aqui não tem valor nenhum. - Fala de Tami como se fosse um lixo e sem compaixão nenhuma.
Sinto vontade de matá-lo de uma forma que ele sinta as dores físicas e emocionais que Tami sentiu, é um ódio que nunca senti na vida. Não sei qual vai ser a minha reação quando for comigo, tenho muito medo de mim mesma.
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