ANGÚSTIA
Angústia, dor da alma, vem de dúvidas que tomam a existência. Difíceis de lidar e mais de se saber de onde vêm. Tumultuam coração, derrubam a razão. Fuga, desalento, esperança ruída. Parecem não ter fim. Mas perecem. E vem o alívio, o que de melhor se possa se sentir, sendo eu desafiador de que haja sentimento mais agradável do que esse. Sede, estrepes, sapatos apertados. Basta? O certo é que à angústia, cedo ou tarde, sucede-se o alívio. Cede aquela, então é este. Noite e dia, chuva e sol, o hoje e o amanhã. Angústias, pois, a ante-sala do alívio. Valem pelo que vem depois. Um depois que descobri possa ser antecipado. Um depois que a poesia faz já. Experimente. Será um alívio.
Angústia
Como aperta cá
no peito
Um não sei o que
direito
O sol já não tão brilha
O fel quiçá estribilha
É no estômago
da gente
É no âmago
que sente
Um som que não se ouve
Um tom do que não houve
São as tais e quais
angústias
Que tomam o coração
Vão breve, sem
minúcias!
E vem leve a emoção
De um alívio
bem sentido
Do dilúvio
ressentido
Ora já passado e ido
Já não resta essa água
Foi vencida a tormenta
A poesia uma dádiva
Já mais nada, me atormenta
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