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O JANOTA
Moacyr Medeiros Alves

Há alguns exageros no comportamento de certas pessoas, que nem mesmo a ciência, à luz de seus complexos estudos e experiências, consegue explicar de maneira convincente.

   Um exemplo do que afirmamos dava-se com Jardel, personagem central desta curta e, se não verdadeira, verossímil historieta.

   Nada havia de anormal no comportamento de Jardel que pudesse ser recriminado. Só um pequeno detalhe causava espécie em seu procedimento. E nem a antropologia, a psicologia, a psiquiatria ou a sociologia, garantimos, dariam justificativas plausíveis desse inusitado pormenor.
   Dele o leitor tomará conhecimento com o desenvolver da narrativa.

   Jardel, como sói acontecer com jovens de boa aparência, era vaidoso. Mas sua vaidade era uma vaidade comedida, sem afetação, atenuante que a livrava do rótulo de exagerada ou descabida.Talvez ao invés de vaidoso, coubesse melhor a Jardel o adjetivo zeloso: “zeloso com a aparência” far-lhe-ia maior justiça. Ele sabia-se bem obsequiado pela mãe natureza. Tinha exata consciência de ser dono de feições agradáveis, de porte másculo e que, sem sombra de dúvida, poderia ser incluído numa galeria de “homens bonitos”.

Entretanto esse não era o detalhe que o envaidecia. O que despertava nele compreensível e justificada satisfação, era saber-se dotado de natural elegância e de especial bom gosto na arte de trajar.

   A atenção que dispensava à escolha das roupas que vestia, realçava ainda mais sua apolínea figura.

   E isso o fazia notado. Mormente pelas mulheres, que não se cansavam de assediá-lo.

   Seus ternos, confeccionados nos melhores alfaiates, eram modernos e bem talhados, combinando com a sobriedade e o garbo próprios de seu porte.

    Solteirão convicto, tinha muitas namoradas; não concedia, porém, exclusividade a nenhuma, porque não apostava um centavo de real na virtude feminina.

   Não tendo irmãos, vivia com a mãe (esta, a única mulher em que depunha integral confiança), viúva de recursos, que não necessitava do dinheiro do filho pra viver e a cujos ensinamentos ele devia seu apurado bom gosto no trajar. O pai, falecido pouco antes de ele completar a maioridade, também muito contribuiu para desenvolver nele essa qualidade.

   “A aparência abre ou fecha portas às pessoas. Tanto ao candidatar-se a um emprego, como ao fazer uma compra a prazo ou tomar um empréstimo bancário, a apresentação do indivíduo pesa sobremaneira”, dizia freqüentemente ao filho. Às vezes estendia-se em seus conceitos, acres-centando:

   “Na disputa de uma namorada o que conta – não se iluda, – é unicamente a estampa do pretendente. Para as mulheres, a aparência é fundamental.

   E a malandragem sabe da importância desse detalhe: veja-se o cuidado que os malandros mais refinados dispensam ao visual, intentando melhor impressionar suas vítimas. Repare que todo malandro é bem falante, veste-se bem e quase sempre está esperando a conclusão judicial de um testamento para entrar na posse de polpuda herança que um parente rico, ao morrer, lhe deixou.

   E os políticos então? Estes, indubitavelmente, estão sempre impecavelmente vestidos.

   No Brasil, o recinto das Câmaras Municipais, das Câmaras Estaduais, da Câmara Federal e do Senado e os demais espaços onde essa raça se reúne depois de eleita, representa, sem exagero, a maior concentração de malandros e de homens bem trajados por metro quadrado do planeta!

   Você, meu filho, não descuide nunca da aparência.

   Não para ludibriar as pessoas como fazem muitos, mas para não se sentir alijado do espaço a que tem direito como cidadão”, obtemperava pressuroso o precavido e experiente coroa, orientando o filho.

   Entretanto, a bem da verdade, é preciso que se diga que à sua mãe cabe maior mérito na questão. Foi ela que, sem se valer dos convincentes argumentos paternos, transmitiu ao filho, na prática, os conhecimentos para combinar cores, identificar tecidos, escolher padrões e outros macetes da arte de bem vestir.

   Sabemos, portanto, que foi industriado por seus desvelados genitores que Jardel desenvolveu aquilo que em si provavelmente já seria inato e, por que não dizê-lo, hereditário, qual seja: o garbo e a elegância de que se orgulhava e que o fazia sobressair-se dos demais jovens de sua idade.

   Mas como tudo que sobressai vira assunto na boca do povo, Jardel freqüentava, obrigatoriamente, os comentários de seus colegas de serviço. Em sua ausência, é preciso que se diga, pois, discreto e comedido como era, não participava de rodinhas nem fuxicava a vida alheia, comportamento que lhe garantia a privacidade que seu temperamento, quase introvertido, reclamava.

   Contudo, apesar de seu discreto comportamento, era ele, inúmeras vezes, objeto de chacotas e maldosas alusões por parte de alguns colegas; em sua ausência, como já dissemos. Senão ouçamos o diálogo captado outro dia, no intervalo para almoço, entre dois deles, o Júlio e o Ribeiro:

-- Ele é janota, afirmava um.

-- Não acho. Ele é elegante, sabe vestir-se, contestava o outro, defendendo Jardel.

-- Então! Janota é pessoa que se veste com apuro, replicava o primeiro, maliciosamente.

-- Mas tem conotação de exagero, de garridice; de querer aparecer. E ele se traja com apuro, mas com sobriedade, sem extravagância, redargüia o segundo.

-- E a gravata? Será que ele só tem uma? indagou de chofre Júlio, mudando o rumo da conversa.

-- Esse enigma só ele pode esclarecer, respondeu Ribeiro, fingindo não perceber a aleivosia e a mordacidade da pergunta.

   A exemplo de outras discussões do gênero, essa também acabou sem definir se o termo “janota” tem ou não sentido depreciativo. Mas trouxe à tona um assunto que, há muito, despertava a curiosidade geral: a gravata do Jardel. Vamos esclarecer a razão dessa curiosidade:

   Sendo como foi dito extremamente cuidadoso com a aparência, Jardel, dono de bem provido guarda-roupa, dava-se ao luxo de trocar de roupa várias vezes num só dia.
   
   Explícitando melhor, havia dias em que ele o fazia três vezes: de manhã, ia com um terno; na parte da tarde com outro; e se fosse preciso voltar à noite para uma reunião ou uma festividade era comum vê-lo envergando impecável vestimenta, menos sóbria, de linha esportiva, se a ocasião permitisse.

   E a gravata?... A gravata, nunca ninguém o vira com outra. Se o traje exigisse esse apêndice, lá estaria ela presente. Sempre a mesma, a “insubstituível”, apelido com que a batizaram os colegas.

   Todos sabemos que a mente humana, maldosa e maliciosa, vive à procura de algo que a divirta ou preocupe. E a gravata de Jardel, sem que ele soubesse, virou uma dessas inexplicáveis obsessões coletivas. Por isso, todos contavam que ele, a qualquer momento, trocasse de gravata; e como isso não acontecia, a cada dia mais aumentava a expectativa daquela gente futriqueira.

   Ninguém se conformava que aquele homem elegante, que investia alto na aparência, possuísse apenas uma gravata. Devia haver uma razão aceitável que justificasse essa excentricidade. Qual o mistério de ele trazer dependurado ao pescoço sempre o mesmo pedaço de pano colorido? Bonito, não resta dúvida, mas sempre o mesmo; ele que, como é sabido, dava-se ao luxo de trocar as outras peças da indumentária até três vezes num mesmo dia?

   “... seria em razão de alguma promessa?”;

   “Quem sabe presente da mulher que lhe arrebatou o coração e que, por uma dessas armadilhas do destino, tornou-se algo inalcançável?”;

   “Provavelmente fosse supersticioso e aquela gravata uma espécie de amuleto que julgava trazer-lhe sorte!”.

   Os comentários eram muitos, desencontrados, e feitos à socapa para não melindrar o recatado Jardel que desconhecia ser alvo de tantas preocupações.

   E quantos mais palpites, conjeturas ou hipóteses fossem formulados, mais crescia a curiosidade geral. Esta chegou a tão grandes proporções, que nos fins de ano, na troca de presentes do “amigo secreto”, convencionou-se tacitamente entre os participantes que aquele que saísse contemplado com o nome do Jardel dar-lhe-ia uma gravata: de boa qualidade, é lógico!

   Essa prática já vinha sendo obedecida há três anos, mas nunca ninguém viu uma daquelas bonitas gravatas que lhe foram presenteadas em seu pescoço. Era mesmo intrigante esse fato.

   Tudo o que se conversava acerca do hábito – condenável para uns, extravagante para outros, -- de Jardel nunca trocar de gravata, evidentemente, chegava ao conhecimento do Dr.Alfredo, diretor da área em que o inocente alvo dos comentários trabalhava.

   Os mínimos detalhes de tudo que se dizia a respeito ia, imediatamente, aos ouvidos do diretor via Doralice, sua eficiente e novidadeira secretária.

   E eram tantas as hipóteses levantadas pelos colegas, era tanto disse-me-disse que o diretor, contaminado pelos boatos, viu-se também enredado, vendo inconscientemente espicaçada a sua curiosidade.

   Instigado, então, pelos despropósitos que ouvia, resolveu, por conta própria, especular a razão ou razões da esquipática relação mantida por seu subordinado com aquele diminuto e, em sua opinião, dispensável apêndice da indumentária masculina.

   Mas como fazê-lo?

   Jardel era um funcionário irrepreensível: ponderado; inteligente; pontual; eficiente; extremamente dedicado ao trabalho e, sobretudo, sóbrio. Sua sobriedade comparava-se ao de um “Sir” do parlamento britânico. Essas qualidades de Jardel, sabia-o o Dr.Alfredo, dificultavam, ou melhor, obstavam inteiramente uma abordagem direta do assunto.

   Ademais, trocar ou não de gravata era problema pessoal que só a ele dizia respeito, não justificando, portanto, toda aquela exagerada, generalizada e inconcebível preocupação coletiva. Se quisesse entrar em tão delicada particularidade cabia-lhe traçar um plano que não despertasse desconfiança nem magoasse o estimado e irrepreensível colaborador, raciocinou com sabedoria o diretor.

   Foi para isso que, pretextando comemorar seu aniversário que transcorreria no domingo seguinte, o Dr.Alfredo convidou todos os funcionários de seu departamento para um jantar na sexta-feira daquela semana, iniciando, dessa simpática e espirituosa maneira, um plano de ação por ele adredemente engendrado.

   Para não prolongar esta história além do necessário à compreensão dos fatos, vamos logo a eles:

   O festivo e aguardado evento teve lugar num requintado restaurante das imediações da empresa, no dia e hora estabelecidos pelo anfitrião e em clima da mais elevada camaradagem.

   A comida, ou melhor, o repasto – palavra que define melhor a abundância e variedade dos pratos . A entrada, à base de peixes e frutos do mar estava deliciosa, culminando com o excelente linguado ao molho de camarão e alcaparras – especialidade da casa --, que recebeu dos comensais encomiástica aprovação; o vinho português, de conceituada marca, ombreava-se em sabor e qualidade aos demais acepipes. (Também pudera!... a despesa – certamente uma nota preta! – não sairia do bolso do Dr. Alfredo; seria paga pela empresa com a verba de representação concedida aos diretores).

   Na condição de aniversariante e patrocinador do ágape e como parte do plano, o Dr. Alfredo convidou Jardel a sentar-se a seu lado. Aproveitando o clima de descontração, com muito tato para não se trair nem despertar desconfiança, dedicou ao investigado redobrada atenção; contudo, sem negligenciar do tratamento dispensado aos demais convidados, pois sabia que a malícia dominava aquelas mentes e qualquer deslize despertaria suspicácia.

   Mas, e as mulheres? – alguns leitores hão de se estar perguntando, -- não foram convidadas?... Não. Não foram. O Dr. Alfredo, homem experiente e perspicaz, temendo que a curiosidade e a indiscrição que lhes são próprias prejudicassem o andamento de seu bem elaborado plano, deliberadamente, não as convidou. Porém, não querendo parecer machista ou discriminador, nem pretendendo magoar ou ferir a susceptibilidade de suas funcionárias, justificou com Doralice, sua dedicada secretária, sabendo que assim estava justificando-se com todas:

   “Que lástima Doralice! O jantar de meu aniversário vai ser um enjoado Clube do Bolinha! Vocês não vão poder participar... Não houve jeito... não encontrei outra solução que não essa. Que pena!... Acontece que minha mulher não vai poder comparecer e sendo ela ciumenta como é – parece doença! – vi-me, a contragosto, impedido de convidar as flores que adornam meu departamento. Medida de precaução, pois conhecendo a fera como conheço e sabendo-a capaz de pôr minhoca na cachola, achei prudente agir dessa maneira para evitar problemas domésticos. Numa outra ocasião, em que ela puder estar presente, farei absoluta questão de tê-las enfeitando minha festa natalícia” – pouco vaselina esse diretor, hein? – ao que Doralice, que nunca perdia uma chance de fazer média com os superiores, redargüiu entusiasmada: “Oh! Eu sabia... O senhor é um Chefe ADORÁÁÁVEL, Dr.Alfredo!! Eu disse às meninas que tinha certeza de não haver discriminação; que o senhor devia estar coberto de razões pra não nos convidar; que o motivo que o impediu era certamente muito justo. Eu garanti a elas, pois conheço de sobra meu ADORÁÁÁVEL Chefinho”.

   Explicada a razão da ausência de mulheres no festivo evento, vejamos agora em que pé estavam as investigações do Dr.Alfredo:

   O licor que os restaurantes de categoria costumam oferecer ao final dos serviços – excelente auxiliar do processo digestivo, dizem os entendidos, – já fora servido. Cada qual sorvia, vagarosamente, o conteúdo de seu cálice, como que querendo encompridar a permanência naquele agradável ambiente, embora o jantar, todos sabiam, pelo adiantado da hora estivesse chegando ao fim.

   E o Dr. Alfredo, se bem que procurasse não demonstrar, sentia-se frustrado com o que considerava o fracasso de sua missão investigatória; tinha a sensação de não ter progredido um milímetro na tarefa a que se propusera. Com essa sensação de fracasso, sua curiosidade, aquecida pelos vapores etílicos do vinho português, redobrara. “Mas talvez ainda fosse possível obter sucesso; era preciso encontrar um meio de reter Jardel mais um pouco em sua presença e, com habilidade e inteligência, pôr fim àquela comédia”, ainda pôde luzir na mente determinada do Dr. Alfredo aquela otimista impressão.

   Os minutos inexoráveis sucediam-se, indiferentes aos reclamos daqueles que desejavam vê-los parar. Os casados -- que eram maioria --, preocupados com o término do alvará conjugal, iam, um a um, como gado a caminho do matadouro, despedir-se do aniversariante, pegando, em seguida, o rumo de suas casas.

   Aproveitando a “debandada” dos casados o Dr. Alfredo pediu a Jardel que não o deixasse só; que ficasse com ele até que sua mulher o viesse buscar. O empecilho era a presença de Júlio, um incorrigível puxa-saco que via em Jardel sério concorrente a suas pretensões de carreirista e, enciumado com a atenção dispensada ao colega, não arredava pé das proximidades do Dr. Alfredo mostrando não ter pressa de ir embora, embora também fosse casado.
   
   É de conhecimento geral que toda máquina tem seu limite. E o corpo humano, sendo a mais bem engendrada delas, não foge à regra. Júlio, então, que se gabava de ser grande bebedor de cerveja e dispensara o excelente vinho português oferecido pelo aniversariante para se abraçar a suas queridas “loirinhas” estupidamente geladas e já ter contabilizado, àquela altura, a ingestão de mais de uma dúzia de garrafinhas “long neck” do “néctar de cevada” de sua marca preferida, viu-se compelido a comparecer ao mictório pra tirar “água do joelho” abandonando, temporariamente, seu posto de vigia; ele que, repetimos, via em Jardel sério concorrente às suas almejadas promoções e já tinha -- mordendo-se de inveja, -- percebido algo de especial no tratamento dispensado pelo chefe ao colega. Era a oportunidade que o Dr. Alfredo esperava. E este não perdeu tempo. Foi logo encetando o diálogo que já vinha ensaiado em sua mente:

   “Você é que sabe viver, Jardel! Jovem, bem apessoado, bem empregado, e ainda solteiro! Imagino que o mulherio não deve largar do seu pé. É... você é que sabe viver... E além da sua natural boa aparência, você tem classe pra realçá-la trajando-se bem. Você é indiscutivelmente o elemento masculino mais elegante de nossa firma. Imagino que você tenha uma invejável guarda-roupa, não?”

   Pouco à vontade com os elogios do chefe, Jardel respondia agradecendo: “Obrigado... Obrigado... Eu realmente gosto de me vestir bem”. Foi quando o Dr. Alfredo, queimando o último cartucho, completou suas observações indagando em tom quase afirmativo: “Pelo apuro de seus trajes, imagino que você tenha dezenas de ternos, dúzias de camisas, variados pares de sapato, diversos conjuntos esportivos e uma incrível coleção de gravatas das mais variadas cores e estampas?!!”

   Percebendo a sutileza da pergunta, Jardel, sem entrar em detalhes, confirmou que “vestir-se bem” era um de seus maiores prazeres.

    Por fim, pressionado pelo ensurdecedor barulho que os garçons faziam arrastando mesas e empilhando cadeiras, como a lembrar aos remanescentes que estava na hora do restaurante fechar, o Dr. Alfredo pediu a sua mulher que fosse buscá-lo. Desenxabido com o malogro de suas sindicâncias, o diretor, decepcionadíssimo, despediu-se do auxiliar.

   Na segunda-feira seguinte, importante dia do calendário religioso, não houve expediente. Na terça, ao chegar à empresa por volta das 9:10 como fazia habitualmente, o Dr. Alfredo, antes mesmo de tirar o paletó e se acomodar em seu gabinete de trabalho, vê adentrar ao escritório, azafamada, quase gritando, a prestimosa Doralice:

   “Dr. Alfredo... Dr. Alfredo... O senhor não sabe o que aconteceu!”

   O compreensivo chefe, surpreso com a desusada agitação da eficiente secretária, pergunta assustado: “O que foi, minha filha, morreu algum colega nosso? O que foi que houve, minha santa?”.

   “Não, não!... Dr. Alfredo! O senhor nem pode imaginar!”.

   Percebendo que felizmente não era nenhuma tragédia, o Dr. Alfredo, para tranqüilizar a excitada auxiliar, pergunta-lhe em tom paternal:

   “Vamos, vamos, boneca... acalme-se e conte-me o que aconteceu”.

   Angustiada com a necessidade de transmitir ao chefe a novidade que tinha alterado, em todos os setores da firma, a rotina preguiçosa de começo de expediente de uma semana que se iniciava na terça-feira, Doralice, gaguejando, informou pressurosa:

   “O Jardel... O Jardel... tro... tro... trocou de gra... grava... vata!”




                 


Biografia:
- Moacyr Medeiros Alves, o Moa, como gosta de ser chamado, nasceu em Agudos (SP) em 08/03/1936, já órfão de pai -- seu pai faleceu 6 meses antes de seu nascimento. Sua mãe, viúva com 5 filhos, mudou-se em princípios de 1.940 para a capital do estado, indo morar em habitações coletivas, os chamados cortiços, no bairro do "Bixiga", onde ele passou a infância. Em dezembro de 1.950 o Moa, que já trabalhava desde os 9 anos de idade, ingressou como "office-boy" na organização Philips, empresa holandesa do ramo eletrônico. Trabalhando de dia e estudando de noite, conseguiu, com sacrifício, concluir o curso técnico de contabilidade. Em 1.959, aprovado em concurso público, entrou para o quadro de escriturários do Banco do Brasil onde trabalhou até 1.982, aposentando-se como gerente-adjunto da agência de Itararé (SP). Grande apreciador do cancioneiro popular brasileiro, do período que abrange a denominada "Época de Ouro" de nossa música, tem em sua discoteca, entre LPs e CDs, obras de quase todos os cantores e instrumentistas do tempo em que -- como dizia o radialista Rubens de Moraes Saremento -- "as fábricas de pandeiro davam lucro". Além de escrever "abobrinhas", como ele próprio define seus escritos, o Moa tem ainda como "hobby" a leitura e a fotografia.
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