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CANÇÃO SEM METRO
A trajetória de um Mestre
Moacyr Medeiros Alves

Resumo:
Este texto biográfico escrito em homenagem ao artista plástico Jorge Chueri, foi publicado na edição nº 2.656 do jornal Tribuna de Itararé (hebdomadário editado em Itararé –SP), edição correspondente aos dias 28 e 29/07/2004, vésperas de o homenageado completar 82 anos de idade. 2) Hoje, dia 22/08/2012, dia em que estou publicando, com pequenas alterações, o texto neste site o amigo Jorge já conta 90 anos e alguns dias, e sua cabeça é de um jovem de 20 anos.


   No princípio ele mesmo fabricava suas telas.
    Fazia-as de aniagem, pano grosseiro sem acabamento, mas principalmente de algodão cru ou alvejado, tecidos usados na confecção de sacos e fardos para embalagem de grãos, cereais e farináceos, que o incipiente artista estendia e pregava em quatro ripas mal aparelhadas. O produto final seguramente deixava a desejar. Mas era do que ele dispunha para não reprimir o talento que despontava.
     E a tinta?
     A tinta utilizada pelo jovem que ensaiava os primeiros passos na arte de seus admirados mestres (Michelângelo, Leonardo da Vinci, Rembrandt, Rafael, Van Gogh, e dos brasileiros Almeida Jr., J.U.Campos, Parreiras, Benedicto Calixto etc.) era a tinta gráfica da marca Funtimod, a mais conhecida e utilizada na época. Não era tinta própria para pintura, sendo necessário diminuir-lhe a densidade com óleo de linhaça para obter melhor resultado no final do trabalho.
     Essa tinta, trazida da oficina do jornal “O Itararé” por seu parente Pedro de Assis Merege, que lá trabalhava, consistia nas sobras dos fundos das latas, que os dois neófitos pintores, habilidosamente, aproveitavam em suas experiências artísticas. (Pedro de Assis Merege, três anos mais velho do que o Jorge, foi também promissor artista plástico que, se não tivesse falecido precocemente na cidade de Curitiba, onde passou a morar, muitas glórias teria proporcionado a seus conterrâneos itarareenses e às artes plásticas nacionais. Este pequeno registro pretende render merecido preito à sua memória).
     Os diligentes artistas trabalhavam na mesma empresa: a Livraria, Papelaria e Tipografia “O Itararé”, de propriedade dos irmãos Ambrósio e Pedro Dias Tatit, que editava o jornal “O Itararé”.
     Um trabalhava na gráfica; outro na papelaria. Pedro, com 19 anos; Jorge com 16. Os dois jovens, sem se darem conta, na elogiável ânsia de aprender, descobriram posteriormente que estavam recebendo inestimável lição de vida. Aprendiam que ao homem mais vale exemplar-se na formiga do que na cigarra, porquanto o trabalho, quando não escravo, desonesto, ou incompatível com a idade ou a compleição de quem o executa, valoriza e dignifica o ser humano em qualquer idade.
     Deixemos de lado divagações, e voltemos à figura do homenageado, nosso estimado Mestre Jorge Chueri – finalmente declinamos-lhe o nome completo, -- que no dia 01/08/2004 estará completando 82 anos de idade.
     A espátula não fugia à regra: era também Poe ele fabricada com pedaços daquela cintas metálicas, hoje substituídas por cintas plásticas, que serviam para proteger e garantir a inviolabilidade dos engradados. Sabemos que a espátula é peça imprescindível na produção artística de nosso Artista-Maior, que utiliza o pincel somente nos esboços, em pequenos retoques e para assinar a tela.
     O Jorge trabalhou 22 anos para os irmãos Tatit, tendo começado aos 12 anos de idade como balconista da Livaria e Papelaria; mais tarde ele passou a viajar vendendo impressos para a Tipografia e sacos de papel para a mesma empresa tipográfica.
     Nessa função de caixeiro-viajante percorria inúmeras cidades da região. Numa época em que o automóvel era privilégio de meia dúzia de milionários, o Jorge viajava de ônibus por estradas de terra, parando em todas as pequenas cidades da região sul paulista e várias do estado do Paraná. Nos deslocamentos de uma a outra praça, baldeava-se, quando coincidiam os horários, de trem. Era um tempo bem difícil, mas muito mais romântico, e o nosso Jorginho, com seu jeito folgazão, certamente presenciou e participou de muitas situações dignas de serem narradas em livro de memórias. Em nome das letras e da curiosidade pública, fica a sugestão ao nosso ilustre homenageado.
   Perdoai, leitores, mais esta digressão, mas vós que conheceis e admirais sua maravilhosa pintura, deveis saber que Talento é uma Graça Divina que a poucos bafeja. E que ao ungido não basta ser bafejado pelo hálito Divino para ser considerado ARTISTA com letras maiúsculas. É preciso mais; muito mais!
     O artista não nasce pronto como muitos supõem. Ele recebe o talento qual diamante bruto, cabendo-lhe a delicada tarefa de lapidá-lo segundo os cânones da arte que abraçou. Contudo esse desiderato só é alcançado – quando alcançado! – ao final de longa e penosa caminhada em que muitos e árduos obstáculos precisam ser transpostos com perseverança e abnegação. Mormente para quem nasce em um país pobre como o nosso, que não cuida do direcionamento de seus filhos vocacionados. Essa a razão de tantos expressivos valores se perderem pelo caminho, não logrando ultrapassar sequer a fase embrionária de suas efêmeras carreiras.
     O Jorge, não obstante, tornou-se Mestre em sua Arte, levando de vencida todas essas e ainda outras inimagináveis dificuldades, às quais se sobrepôs como pintor e como homem. Senão vejamos:
     Ele, bom descendente de árabe -- raça que consagra incoercível valor aos laços familiares --, com a morte do pai, na condição de primogênito, viu-se transfeito, aos 16 anos de idade, em chefe de família, herdando, em conseqüência, o pesado encargo de encaminhar seus irmãos mais novos.
     Esse cruel e inopinado acontecimento indiscutivelmente poria fim a muitos sonhos, levando ao fracasso muita gente supostamente fadada ao sucesso. Porém, para o intimorato Jorge, sentir-se derrotado era hipótese incogitada. E ele, impelido pelo amor que devotava a seus irmãos e a sua desvelada mãe, Dona Maria, tudo enfrentou com inaudita coragem, desempenhando o papel de líder familiar com serenidade e acerto; isto sem nunca imaginar distanciar-se da arte que lhe foi destinada, fosse qual fosse o sacrifício exigido.
     Posteriormente o Jorge virou empresário, ao comprar de seus antigos patrões a Livraria e Papelaria que fora desmembrada do jornal e gráfica; sua empresa foi batizada com   o nome de “Livraria e Papelaria Jorge Chueri”. O estabelecimento livreiro nas mãos do novo proprietário tornou-se o centro da cultura itarareense, e ponto de encontro da intelectualidade local.
      Nessa atividade de comerciante da cultura ele dedicou 35 anos de sua laboriosa vida, o que, de certa forma, influiu negativamente em sua produção artística. Isto porque, perfeccionista que é, jamais consentiu pintar com iluminação artificial que, a seu ver, distorce o tom das cores de suas telas. E como a luz natural, teimosamente, só nos brinda com sua claridade durante o dia, ele se viu, todos esses anos, impedido de dedicar mais tempo à pintura, coisa que só fazia aos domingos e feriados, em suas horas de lazer, por respeito ao comércio que lhe garantia o pão.
     O Jorge nunca viveu de sua arte, atividade incerta e, por vezes, ingrata, que mais lhe tem propiciado satisfação do que remuneração. Vive -- isto sim! -- para a Arte!
     E -- acrediteis! – prestes a completar 82 anos de idade, ainda trabalha. Dirigindo seu famoso “amarelinho” -- Fiat 1979 --, vai ele, por mais de 200 km, de Itararé a Tatuí, visitando as cidades de Itapeva, Buri, Capão Bonito, Taquarivaí, Itaporanga, Taquarituba, Itapetininga, Sengés, Jaguariaíva e Arapoti, as três últimas no Paraná, como representante regional das telas para pintura Jamelli e dos cadernos São Domingos, além de representar também a firma Vila Prudente Atacado, na venda de artigos de escritório e de papelaria. Benza Deus! Onde o Jorge vai buscar disposição para tanto?   
     Outra exagerada digressão. Mas como evitá-las quando se fala de alguém com uma personalidade marcante como o Jorge? Um comentário, uma análise, um ponto de vista, que sejam trazidos ao texto para dar-lhe corpo e sentido, logo levam a outras fascinantes facetas de seu temperamento, convidando, forçosamente, ao desvio de rumo e ao enveredamento por outras sedutoras trilhas. Mas quando ocorre essa desculpável falha de concatenação, nada mais resta senão reatar o fio da meada. É o que faremos:
     Nestas circunstâncias, por ele viver precipuamente em função de sua arte, sua pintura foi sendo formatada aos poucos; ao longo dos anos, desde o tempo em que suas telas eram fabricadas por si próprio; que pintava com a tinta Funtimode e que, certamente, como faz todo principiante, reproduzia os clássicos.
     É ele, portanto, um autodidata no mais legítimo significado do termo. A evolução de sua pintura é decorrência única de seu talento aliado à constante e percuciente observação da obra dos expoentes das escolas que mais o tocavam.
      O Jorge não frequentou cursos de pintura, nem escolas de arte e nem teve a orientá-lo professores particulares. Talvez por isso nada em sua pintura denota semelhança, cópia ou imitação a outros pintores. Percebe-se nela, isto sim, o gênio do artista que muito leu, estudou, perscrutou e pintou para chegar ao que imaginava o ideal para sua arte.
     Todavia, escusado seria não admitir que nosso Mestre sofreu influências: ninguém, em nenhum campo de trabalho, vive sem se sujeitar a elas. Mas também é notório que tais influências ajudaram-no a criar seu estilo; seu próprio estilo que o identifica à distância, por ser inerente ao seu gênio, ao seu talento, sem laivos academicistas.
     Num museu, numa galeria, ou mesmo em uma mostra coletiva em que estiverem expostas quinhentas telas de diferentes artistas, a do Jorge será facilmente identificada entre elas, mesmo sem sua assinatura.
     Logo dizer que sua pintura pertence a esta ou a aquela escola, é incorrer em sério erro. Seu estilo é energicamente pessoal. EEle consegue dar à pintura espatulada a leveza da pintura a pincel, técnica que leva sua marca registrada e ninguém ousou, ainda, imitar. Então não nos parece correto rotular sua pintura de Realista ou Impressionista; ela é feliz amálgama das duas correntes artísticas que, com seu toque pessoal, resulta uma pintura a um só tempo de suave delicadeza e, sem ser fotográfica, acentuado realismo. É, em suma, a bem sucedida reunião do clássico e do moderno – não do modernoso --, produto da paleta de um Mestre.
     A “Via Sacra”, série de 15 telas que reproduzem o martírio de Cristo em paisagens itarareenses, dão conta disso. Esse seu trabalho de fôlego, pintado por encomenda do padre Alampe para decorar a Igreja Matriz de Itararé, demandou ao Jorge um ano inteiro de árduas pesquisas sobre o texto bíblico e escolha dos recantos da cidade mais apropriados à reprodução das cenas do calvário; isto de junho de 1975 a junho de 1976, época em que vivia integralmente envolvido com seu comércio livreiro, seu verdadeiro ganha-pão.
     Vós que ledes estas parcas considerações sobre o nosso Artista-Maior, imaginai o extraordinário trabalho por ele levado a efeito para legar-nos essa obra-prima da pintura sacra, que, lamentavelmente, em face da transferência do padre Alampe para outra paróquia e ao desinteresse de seu sucessor de adquirir a obra, deixa de estar exposta no interior de nossa Matriz para admiração e adoração dos fiéis e embelezamento do sagrado recinto; fato que, ademais, emprestaria àquele ambiente de prece e devoção refinado toque de bom gosto.
     Mas sua produção artística de fôlego não ficou limitada à “Via Sacra” do padre Alampe. Nos anos 80 o Pintor impôs-se desafio ainda maior: começou a pintar a série que denominou “Os bairros do município de Itararé”, trabalho que deixa para a posteridade o fiel retrato de nosso município através de seus bairros rurais. Essa coleção, composta de 47 telas, além do valor artístico é de incomensurável importância para estudo do “modus vivendi” dos habitantes dos núcleos sociais que representavam, à época, os diversos bairros rurais de nosso extenso município, pois traz no verso de cada tela o nome completo do bairro; a distância em quilômetros da sede do município; o nome da escola rural e a quantidade de alunos que a freqüentam; o nome da capela ou igreja; e suas principais lavouras.
     Infelizmente, e isto é lamentável, os dirigentes de nossa cidade não tiveram a sensibilidade nem o alcance de perceberem a importância histórica do estafante trabalho realizado pelo Jorge – que não mediu sacrifícios enfrentando toda sorte de dificuldades, e até mesmo algumas situações de perigo, para realizar o audacioso projeto --, deixando que a importante coleção fosse fragmentada, sendo vendida separadamente.
      Por isso não vos surpreendais se fordes passear ou morar na Holanda, na Alemanha, no México ou no Chile, pois podeis, para vossa surpresa, deparar com uma tela da série “Os bairros do município de Itararé” em algum desses lugares, uma vez que a todos esses países e também a inúmeras cidades brasileiras foi levado, por turistas que aqui passaram, pelo menos um exemplar da coleção que deveria, indubitavelmente, fazer parte, toda ela, as 47 telas, do Patrimônio Histórico de Itararé.
     Cabe ainda destacar a série de 10 telas pintadas pelo Jorge por solicitação do Dr. Djalma Soares de Moraes – que na ocasião exercia a presidência da Associação Comercial de Itarar´--, alusivas ao comércio itarareense. Nessa série o Jorge retratou o nosso distrito industrial: uma olaria; estações ferroviárias (Sorocabana e Rede Viação Paraná/Santa Catarina); indústria de tintas; comércio de beira de estrada; botecos, e outros motivos pertinentes ao tema. Essa coleção está preservada em boas mãos, pois pertence ao acervo particular do Dr. Djalma.
    Daqueles idos de 1975/1976 -- anos dedicados à “Via Sacra”,-- a esta parte, a pintura do Jorge evoluiu; e evoluirá sempre, como ele próprio afirma: “... mas dentro de parâmetros por mim determinados”.
     Disto tudo se conclui que a pintura do Jorge enquadra-se numa escola criada por ele próprio, que ainda não recebeu uma denominação oficial.
     Vamos, então, batizá-la? Que tal “Escola Jorgiana” ou “Escola Chuerina”?; Ou, ainda, “Escola Simbiôntica” ou “Escola Dicotomista”? Ficam aí quatro sugestões.
     O Jorge é pintor plenamente consagrado, que ostenta invejável currículo. Sua vitoriosa carreira de artista plástico registra a participação em dezenas de Mostras Coletivas não só no estado de São Paulo, mas também em várias cidades de outros estados brasileiros, culminando com participações em exposições no México, Espanha, Portugal, Itália, França, China Popular, Bolívia e Chile.
     Sua pintura já foi laureada em vários continentes.
     Dentre as muitas premiações que lhe foram conferidas, destacamos:
“Menção Honrosa” no 44º Salão Livre da Associação Paulista de Belas Artes, em 1.989;
“Medalha de Bronze” no Salão Destak-1 promovido pela PUC - Pontifícia Universidade Católica do Paraná em a.990;
“Medalha Paleta Internacional – Brasil-China”, certame promovido pela NACNE – Núcleo de Arte e Cultura Nova Era, juntamente com o “China Artists” e com a “Association Shangai Branch”, cuja realização deu-se na sede da Gallery of Chinesse Paintings Institute, em Shangai e Pekin, na China Popular;
“Grande Medalha de Ouro” da Sociedade Portuguesa de Centros Comerciais, do Présunic Shopping Center, em Albufeira, Portugal;
“Grande Medalha de Ouro” no “I Grande Salão de Artistas Plásticos” promovido pela Prefeitura de Suzano (SP) em 1.998;
“Menção Honrosa” no Salão da Primavera promovido pela APBA-Associação Paulista de Belas Artes, em 2.002;
“Medalha 60 anos da APBA” e “Pequena Medalha de Bronze” no “VI Salão da Paisagem Brasileira” da APBA, com a tela “O crepúsculo na paisagem do Pinheiro Solitário”, em 2.002.
     Sua mais recente premiação foi obtida na IV edição do concurso do Banco Real ABN AMRO – “Talentos da Maturidade” ano 2.002, com a tela “O orquidário do Artista” que, por sua beleza, foi escolhida para ilustrar a capa do livro “Todas as Estações – Segundo Livro”, publicação editada pelos promotores do concurso para divulgar as melhores poesias e contos do concurso do ano seguinte – 2.003.
     O Jorge indagado sobre qual premiação mais o emocionou, em sua simplicidade não dissimula, diz sem rodeios: “foi a Menção Honrosa eu me foi concedida em minha primeira participação num certame da espécie, em 1983, o 47º Salão Paulista de Belas Artes promovido pelo Governo do Estado de São Paulo, talvez o mais importante Salão brasileiro de Artes Plásticas, pois conta com a participação das maiores expressões de nossa pintura. Essa competitiva Mostra realizada anualmente, lamentavelmente foi interrompida durante muitos anos dada a insensibilidade de nossos políticos. Mas, graças a Deus!, voltou a ser realizada”.
     E depois dessa auspiciosa “entrée”, nosso Mestre colecionou um considerável feixe de prêmios ainda mais significativos.
     Não é sem razão que o Jorge tem alguns “experts” que colecionam seus quadros. “Expert” em inglês não tem a conotação subjacente que podemos inferir do adjetivo “esperto” dando-lhe o sentido de espertalhão; em inglês “expert” significa “perito”, “técnico”, “conhecedor da matéria”. E é isso que são os colecionadores dos quadros do Jorge: valorizam-lhes a beleza e a qualidade artística.
     Perguntado sobre qual o maior colecionador de seus quadros o Jorge, qual zeloso gerente de banco, quis tergiversar. Mas com um pouco de “esperteza” e alguma perspicácia, logramos descobrir seu nome: é o Dr. Charles Bonemer, de Ribeirão Preto (SP), que possui mais de 30 telas do artista. Parabéns Dr. Bonemer! O senhor é umverdadeiro EXPERT!
     Finalizando as considerações sobre a pintura do Jorge, afirmamos com plena convicção que se ele fosse estrangeiro, tivesse nascido em um país que desse à arte o devido valor, seus quadros valeriam 20, 30, 40 ou até mais vezes o que custam por aqui; figurariam nos acervos de museus e galerias e, cotados em dólar, seriam disputados por investidores, colecionadores e aficionados da arte verdadeira, permitindo-lhe vida mais folgada e inteligente, dedicada exclusivamente à sua arte, sem necessitar trabalhar em outra atividade, como ainda o faz, aos 82 anos, para complementar seus minguados proventos de aposentado.
     Mas apesar dos pesares, mesmo sem sua Arte propiciar-lhe em Dólares e Euros a merecida retribuição, tem ela proporcionado ao Jorge inúmeras e deleitosas alegrias.
      Além das significativas premiações que lhe tem oferecido, é ela, a Arte, como já foi lembrado, responsável por muitas e generosas satisfações. Satisfações que muitas vezes valem para o Artista tanto ou mais que o mais importante prêmio obtido no mais importante certame. Citaremos como exemplo duas singelas distinções recebidas pelo Jorge em Itararé – terra onde nasceu e sua mais doce e inspiradora Musa --, que, sabemos, sensibilizaram-no enormemente. São elas:
PRIMEIRA – “O Colégio Atenas, escola particular de Itararé, considerou o artista Jorge Chueri seu grande incentivador, reconhecendo nele seu Eterno Patrono”;
SEGUNDA – Em novembro de 2001, aprovada a moção da professora de Língua e Literatura Joaninha Rosemari Wian Rinke Maniscalco, concretizou-se o projeto de sua autoria que deu o nome de SALA AMBIENTE – JORGE CHUERI a uma das salas da EEPG Tomé Teixeira como homenagem e reconhecimento ao artista que nascido e criado em Itararé, freqüentou o curso primário naquele estabelecimento de ensino. A sala escolhida foi exatamente aquela em que o Jorge concluiu o último ano do curso primário.
     Assim, com essas duas singelas homenagens que calaram fundo na alma sensível do artista, viu-se o Jorge distinguido pela escola que freqüentou em sua infância, e pelo Colégio Atenas. Este reconhecendo nele seu Eterno Patrono; aquela, realçando suas qualidades de artista plástico, para conhecimento e exemplo de seus alunos. Para o Artista, nada mais gratificante do que esses espontâneos reconhecimentos.
     Falar sobre alguém que a gente estima – e também de quem a gente não gosta – leva-nos quase sempre a exageros. Isso não nos parece honesto; afigura-nos grande hipocrisia exagerar nos elogios, assim como extrapolar nos doestos. O Jorge, temos certeza, assim também pensa. Daí o tom sóbrio destas linhas que, modestamente, lhe dedicamos, que, se fosse obra da pena de apologista experimentado, sem necessitar incorrer em reprováveis exageros, dar-vos-ia, mais fiel e com cores mais adequadas, um retrato mais nítido e colorido, retrato de corpo inteiro do insofismável valor do nosso preclaro e querido Mestre.
     Mas para nós, seus fãs incondicionais, o mais importante é que o Jorge está aniversariando; completará 82 anos no próximo dia 01 de agosto. Queremos com ele confraternizar, festejando a jubilosa data e rogando a Deus que lhe conceda a mais provecta idade permitida pelos códigos da natureza, para gáudio de seus amigos e admiradores, e para benefício da arte pictórica.
     Beirando os 82 anos, o Jorge continua aquele eterno garoto. Fisicamente a idade deixou-o pouco mais lento em seus passos, mas a disposição... oh! esta é a mesma de 64 anos atrás!
     E ele continua mais artista do que nunca: Artista da dignidade; da Arte de sobrepor-se aos obstáculos; do Otimismo; da Arte de transmitir ao próximo sua contagiante alegria; da extinta Arte de ser amigo sincero; da Arte de amar a vida e orgulhar-se de ser itarareense; enfim, Artista... ou melhor dizendo, Mestre da Pintura, e ARTISTA MAIOR DE ITARARÉ!!!
     Para fechar com humor esta modesta homenagem prestada ao Jorge pelo transcurso de 82º aniversário – humor que é uma das marcas de sua cativante personalidade --, tomemos-lhe emprestado seu chiste preferido, para proclamar aos quatro ventos e a plenos pulmões: “O JORGE CHUERI É NOSSO... E O BOI NÃO LAMBE!”
    









Biografia:
- Moacyr Medeiros Alves, o Moa, como gosta de ser chamado, nasceu em Agudos (SP) em 08/03/1936, já órfão de pai -- seu pai faleceu 6 meses antes de seu nascimento. Sua mãe, viúva com 5 filhos, mudou-se em princípios de 1.940 para a capital do estado, indo morar em habitações coletivas, os chamados cortiços, no bairro do "Bixiga", onde ele passou a infância. Em dezembro de 1.950 o Moa, que já trabalhava desde os 9 anos de idade, ingressou como "office-boy" na organização Philips, empresa holandesa do ramo eletrônico. Trabalhando de dia e estudando de noite, conseguiu, com sacrifício, concluir o curso técnico de contabilidade. Em 1.959, aprovado em concurso público, entrou para o quadro de escriturários do Banco do Brasil onde trabalhou até 1.982, aposentando-se como gerente-adjunto da agência de Itararé (SP). Grande apreciador do cancioneiro popular brasileiro, do período que abrange a denominada "Época de Ouro" de nossa música, tem em sua discoteca, entre LPs e CDs, obras de quase todos os cantores e instrumentistas do tempo em que -- como dizia o radialista Rubens de Moraes Saremento -- "as fábricas de pandeiro davam lucro". Além de escrever "abobrinhas", como ele próprio define seus escritos, o Moa tem ainda como "hobby" a leitura e a fotografia.
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