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“PROFESSOR? E EU TENHO CARA DE PALHAÇO?”
ELISA TABORDA/ andremansur.com

Muitos de vocês provavelmente já ouviram falar de como a educação é tratada com respeito e deferência no Japão. Naquele país, onde qualquer pessoa deve curvar-se perante o imperador, os professores são uma classe que se dintingue. Baseados na crença de que sem a educação nada se constrói, esses profissionais são os únicos que não precisam abaixar-se quando na presença do monarca. Faz sentido, claro: todos os cidadãos japoneses (imperador incluso) precisaram em algum momento de um professor que os auxiliasse na instrução e na construção de caráter.
O respeito com que esses profissionais são tratados lá na terra do sol nascente contrapõe-se ao que ocorre no Brasil. Sem correr o risco de surpreender os leitores, posso falar de salários baixos, falta de prestígio e respeito na sociedade, condições de trabalho ruins (muitas vezes até jornada tripla) e outros tantos entraves que tornam o magistério uma carreira pouquíssimas vezes sonhada por nossos estudantes. Quem quer ser professor? Quem quer lutar por melhores condições de trabalho? A primeira pergunta poderia ser respondida facilmente com um “Professor? E eu tenho cara de palhaço?”.
Entre os professores do ensino superior, porém, parece que a resposta à segunda questão vem dos quatro cantos do país. A greve nas instituições federais de ensino superior já dura mais de dois meses. Tendo começado no dia 17 de maio com a adesão de vinte universidades, hoje a greve abarca todas as universidades federais, excluindo apenas a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Universidade Federal de Itajubá.
Desde a sexta-feira (13), quando o governo federal fez uma proposta de reestruturação da carreira docente, os sindicatos que representam esses profissionais travam discussão ferrenha quanto a aceitar ou não o acordo. Uma reunião estaria prevista para esta segunda-feira (23), às 14h, e as associações de professores mantêm-se a favor do avanço nas negociações. Ou seja: a greve deve continuar.
O governo federal propôs a definição de Planos de Carreiras de Magistério Federal, novas estruturas de regime de trabalho e um aumento salarial controverso que, tendo ignorado (convenientemente?) as taxas de inflação de períodos distintos, pode significar inclusive um retrocesso. Dois sindicatos nacionais participam das negociações: Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) e Proifes (Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior). Em lugar de manter um discurso semelhante, visando fortalecer a voz da categoria ao enfrentar as determinações da União, o que se percebe é a pressão exercida pelos embates no interior do movimento. Apesar disso, muitas manifestações têm sido promovidas pelos grevistas, com o objetivo de chamar a atenção da opinião pública. Sempre em pauta estão os tão sonhados 10% do PIB para a Educação, sistematicamente rejeitados em negociações com a União.
Apesar de todos os entraves e pressões da mídia (que muitas vezes mantêm seu foco apenas na paralisação das aulas) vale a pena mobilizar-se por uma educação de melhor qualidade. Na verdade, é mais que necessário. Acabamos de passar por uma expansão de vagas nunca antes vista no ensino superior, e ela não pode deixar de ser acompanhada por avanços na carreira docente. Valorizar um plano de carreira focado na formação docente, na dedicação exclusiva e nas avaliações de desempenho é a melhor maneira de chamar a atenção dos estudantes para o magistério, aumentando as chances de um futuro com educação de qualidade para todos. Sendo assim, atenção governo federal: sem palhaçada.


Este texto é administrado por: ANDRE MANSUR BRANDAO
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