No Meio, O Medo
Há um terror que dormita silente
No meio de algo, no meio de tudo
No meio do amor, no meio da gente
No meio da espada, no meio do escudo
No meio do nada, no meio do escuro
No meio do canto, no meio da noite
No meio do pranto, no meio do alturo
Nomeio meu santo, nomeio meu açoite
Nomeio meu manto, nomeio meu muro
Nomeio dum tanto, nomeio o acalanto
O nome do assombro, o nome do susto
Nome do sem-ombro, nome do ingente
Nome do escombro, nome do injusto
Nome do dobrado, nome do doente
No medo cantado, no medo poente
No medo do brado, no medo do ente.
J. Miguel
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