Não endureçais os vossos corações, assim como na provocação e como no dia da tentação no deserto; (Sl 95:8)
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. (Mt 26:41)
Teno observado que ultimamente poucos tem tocado em assuntos fundamentais da fé cristã, a maior parte dos pregadores tem evitado falar e ensinar sobre certos assuntos que parecem comprometer a identidade que tentam sustentar, e isso é tragicamente errado. Eu disse dias atrás para alguém na igreja, que quem deseja ser profeta, também precisa ter a coragem de profeta. Então as coisas caminham nesse sentido. A verdadeira fé compromete nosso bem estar, então a maior parte quer assumir outro compromisso. Falar sobre tentação é algo difícil, mas por fazer parte da vida espiritual, não podemos nos omitir desse fato. Existe tentação porque existe pecado, e por termos uma natureza carnal, a tentação nos assedia, inflama o nosso coração e tenta nos seduzir para a pratica de coisas que desagradam a Deus.
Há na bíblia muitas lições sobre esses assuntos, algumas delas positivas, porquanto ensina como alguns santos, mesmo diante da realidade de uma vida limitada pelo natural, tiveram forças para resistir as tentações. Uma delas, e é um de meus exemplos preferido, no AT, José do Egito. Porque em um momento crucial, a esposa de Potifar tentou dar um golpe fatal de sedução sobre aquele jovem. Eu creio que a esposa de Potifar já era versada em executar esse tipo de coisas. Ela era uma mulher linda, e com certeza com requintes de erotismo, suficientes para enfrentar uma ocasião com suas vantagens de ser muito bonita e sensual. Por isso na visão dela, José seria mais uma vitima de sua sedução venenosa. Mas o que vimos foi algo surpreendente! Por incrível que pareça, José resistiu e correu...não havia ninguém ali, a não ser os dois, então o teste de caráter de Jose foi supremo. Ele não esperava, mas aquela mulher estudava o momento certo, com todo o requinte de premeditação para o ato, mas José soube sair daquele conflito espiritual. Deixou a mulher de Potifar em um blecaute moral, e pela sua astúcia, para se sair da situação para tentar salvar uma integridade que ela não tinha, mentiu, e acusou José de tentativa de estupro. Todas as vezes que alguém tenta salvar uma integridade e um caráter que não possui, usa da mentira, essa é a sua arma de defesa.
Complicações morais vimos na vida de Davi e Sansão, mas assim como nosso Senhor Jesus Cristo, José não foi tentado nem por vinganças. A chance de se vingar de seus irmãos foram grandes, mas ele não se deu ao luxo de dar lições de moral neles. A resistência diante de tentações na vida de José é digna de notas e reflexão. Para se vencer a tentação temos que ter firmeza e um caráter provado pelo fogo. Quanto maior é a intimidade de um homem com Deus, mais Deus se torna pessoal, e isso interfere em sua conduta. Isso é um paradoxo, mas é verdade: um homem só não é um homem solitário. Deus se faz presente, quando ninguém está olhando. Isso era real na vida de José, e foi uma motivação eficiente dele não cair nas garras daquela mulher e resistir aos ataques eróticos dela. Vivemos na era do assedio sexual, mesmo que para muitos isso ocorra somente no coração, essa é uma realidade indiscutível. Até aqui, alguém pode fazer a pergunta: quando é que alguém olha para o sexo oposto e esse olhar se consuma em pecado? É simples. Achar uma mulher bonita não pe pecado, e vice e versa. A bíblia diz que as filhas de Jô eram muito bonitas, isso não implica em pecado. Pecado é quando um homem vê uma mulher, acha ela bonita, aprisiona ela no coração e toma posse dela pelos seus desejos carnais. Ai se torna pecado, é o Que Jesus disse em certa passagem “Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (Mt 5:28).
Entender os princípios que regem as regras das coisas espirituais é essencial para que se tenha um equilíbrio na vida cristã. Isso vale em todas as áreas, Ananias e Safira tinham tendências parecidas com as de Acã, em ambos os casos, a cobiça por bens materiais levaram eles a um desastre espiritual. Nós não vimos isso em Moisés, pois em certo caso, houve tanto ouro disponível para confeccionar o material do tabernaculo que ele mandou o povo para com as doações, não saberia dizer como se comportariam os profetas da prosperidade de hoje, numa situação como essa, mas Moisés não se deixou levar pela cobiça material.
A maneira como lidamos com as coisas espirituais e o nosso relacionamento com Deus sempre vai nos ajudar na resistência contra tentações. Por isso a receita é simples: ter um alto conceito sobre a pessoa bendita do SENHOR, um relacionamento mais sério com Ele, uma visão bíblica do pecado, inclusive uma visão consciente de suas nefastas conseqüências são elementos indispensáveis. Por isso mesmo devem ser amplamente cultivadas na vida cristã para nosso fortalecimento e para o nosso progresso.
CLAVIO JUVENAL JACINTO
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