Conheci Mirian no aniversário de um amigo. Ela veio com mais duas amigas e eu já era de casa, nos paqueramos pouco naquela noite. Lembro bem que bebemos pouco, o som era alto e esse desconforto não foi convidativo o que nos obrigou a ir para casa sem nem nos despedi.
A encontrei uma semana depois, no mercado do mesmo bairro. Eu acenei sem desculpa, dei a cara para uma recusa sua, mas Mirian me sorriu e voltamos a conversar. Dessa vez ela me disse mais sobre sua vida e descobri que era solteira, tinha uma filha e morava naquele bairro.
Não disse muito sobre mim, apenas que estava desempregado. Não sei se isso foi um problema, mas fomos embora sem nem trocar telefone.
Voltei para casa percorrendo um trajeto estranho. Senti que havia esquecido algo, mas não sabia o que. Continuei com essa ruga marcando minha memória. Não conseguia me recordar do que me faltava.
Segui minha vida e lá para o fim do ano que chegou e passou chato e lento, mas agora já no fim parece ter passado rápido até demais. Então, nesse fim de ano, em uma festa de um velho amigo de minha rua, encontro uma mulher que havia escapado no ano anterior. Era Mirian.
Recordo-me de ficar com um jeito nervoso que chamou muita atenção o que não queria. Dessa vez ela foi quem veio até mim e nesse reencontro pudemos acabar aquela conversa e começar outra, uma mais breve, cheia de olhares e risos curtos que só eu sei bem o gosto que davam ouvir.
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