Maria Rosa nasceu
Pobre e formosa.
Não era rainha.
Não tinha pecúnia.
Tinha a beleza das rosas.
Ficou moça cedo.
Bem cedo foi comprada.
Como rosas.
Para comer,
Para viver,
Deixou-se levar.
Como rosas:
Humilde...Chorosa...
Não queria ser rapariga.
Queria ter jarro, florescer, dar botões...
Mas era formosa.
Tinha de comer.
Contrato de venda de Rosa:
Dez sacos de farinha de 60 quilos.
Três arrobas de carne-de-sol.
Barato para suas formas delicadas
E para o cérebro maravilhoso que tinha.
-Ah! Se eu tivesse fada-madrinha, como as princesas
Das estórias da carochinha,
Não precisaria de me deitar
Pela cuia de água com farinha.
-Suspirava Rosa.
Mas não era princesa,
Não era rosa,
Era Maria
E deixa de prosa.
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