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austeru
Rúbia Mendes Laurelli

Sexta-feira passada decidi mudar minha vida. Prometi que quando chegasse segunda-feira eu ia mudar tudo, e incluia nos meus planos conseguir um estágio e resolver pendências. Incluia também pagar as contas e carregar o cartão de ônibus. Prometi que enquanto estivesse em casa ajudaria mais a minha mãe, buscaria a minha irmã da escola e leria mais uns capítulos do livro de cabeceira. Segunda foi-se há três dias. Nada fiz. Procurar um estágio exige uma coragem de mim, a coragem que eu não tive pra levantar da cama na segunda por exemplo, e ainda não tenho. Então, fiquei doente na segunda-feira. Lá pelas onze horas da manhã percebi os sintomas que os anticorpos não perceberam. Aí abusei de mim. Inventei barreiras. A temperatura caiu, e eu tremia. A garganta inflamou. A voz ficou rouca, e de repente sumiu. Os rins mandaram notícias e senti muitas dores. Dona de mim. Fiquei doente, fiquei de cama. Dona de mim, amontoei doenças, fugi covardemente das responsabilidades. Terça e quarta minha mãe cuidou de mim e deu remédio, e não foi xarope, foi antibiótico. Filhos com 21 anos curam-se sozinhos das gripes e resfriados. Mas eu estava muito mal, me desculpe. Não pude melhorar, então sofri de dor de cabeça também. Eu poderia adoecer mais um pouco, mas as enfermidades citadas foram suficientes. E nada disso é mentira. Tudo mais pura verdade, porque eu não sei fingir. Eu fujo mas não finjo, invento pra doer, pra ser real, pra ter caretas, desmaios, ânsias, vômitos, falta de ar, falta de apetite, intoxicação, e ambulância na porta de casa se precisar. Da cama eu não saí. Essa semana não resolvi nada. Mudei de planos, ora. Hoje já é quinta-feira então o melhor que faço é esperar a sexta e o final de semana passar, pra esperar a segunda e deixar tudo como segunda opção. Segunda-feira eu resolvo minha vida.

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