Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
"Butão & Lullismo"
Marco Antônio de Araújo Bueno

Resumo:
Crônica publicada- coluna "Cotidiano", que assino na revista "Showroom"_Jan/2007

“Butão & Lullismo”

                                                                          Por Marco Antônio de Araújo Bueno

          Pensava no Butão, no Reino do Butão a sete mil metros de altitude, lá nos Himalaias do oriente, entre a China e a Índia, sem mar algum. Você pensou num montão de homofonias, é razoável. Inda mais assim, aproximado de um “ismo” tão recorrente presidindo correntes de idéias, associações de pensamentos e atitudes, essas coisas todas. Mas o “butão” aqui não é de se apertar como num controle remoto e implodir o eixo da Economia, tal como se imaginava com a “bomba”, nos tempos da guerra fria.
          Mas vamos indo com calma, uma calma quase tibetana para lembrar que houve um mestre de capela, um compositor, nos tempos de Luis XIV e sua corte e as danças instrumentais de então, até porque, em nossa macroeconomia, não se dançou conforme a música, tenha sido qual for no tempo recente. O nome dele – Lully –, seus seguidores – “lullistas”. Eis o que torna razoável alguma confusão, esta que já vai parando por aqui. Mesmo tendo em conta que as danças que Lully “inventou” para a abertura de suas óperas, aí sim, eram tão populares como as cantigas de rua do século dezoito.
          E daí? Daí que, durante toda a Idade Média e até mais adiante, já no período renascentista, as danças eram a única forma de música instrumental e os instrumentistas que acompanhavam os dançarinos eram “classificados” como músicos do povo, meio “desincluídos” da categoria de “grandes” músicos. Então, se era em inclusão que pensava (e, convenhamos, só pode haver inclusão se houver inclusão na Economia, com toda essa conversinha de “respeito às diferenças, etc.), então voltamos ao Butão e pronto.
            No Reino do Dragão, como é chamado, instituiu-se, a exemplo do “IDH” (Índice de Desenvolvimento Humano) enquanto baliza da saúde econômica de um povo, pois lá se inventou o “Índice de Felicidade”. E nem por isso deixaram de incorporar a ele o carcomido “PIB” e outros indicadores econômicos. Soa como música, pois não?
          Agora veja você, aliás, esqueça o “veja” – ouça você no que deu toda a movimentação fervorosa dos alunos e seguidores de Lully: deu nesse gênero a que se chama “suíte para orquestra”, o mais livre e mais aberto da música barroca; coisa sofisticada, difundida pelos franceses em toda a Europa até chegar à matemática musical de um J.S.Bach! À harmoniosa depuração da alegria dos sentidos e não há neurocientista honesto que o possa refutar.
          Claro que as pessoas do século dezoito não dançavam ao som das suítes instrumentais, mas o gênero suíte para orquestra conservou a medieval função recreativa da música de dança e, curioso: de tão utilizada como música de fundo em suntuosos banquetes, passa a se chamar, na Alemanha, Tafelmusik que quer dizer, saberia você? Quer dizer exatamente “música de mesa”.
          Mais do que há dez ou quinze anos atrás, se nos impõe agora uma pergunta; mais que isso, - um questionamento - aquele que se tornou, a nós, bem pertinente, e justo pela via musical: - “Você tem fome de que?”.
          A propósito, a ceia no seio da sua família...Que ceia?
          E isso de “inclusão”...Que seio?
          E “que família?”, perguntaria. Não.
          Não perguntaria
          Que algo de Butão “seja aqui”, antes que aquele deserto enorme alcance a China. Se é que você acompanhou o raciocínio sobre o “lullismo” e não andou comendo algum “L” por distração...Ou pelo hábito, anti-lullista, de “ligar o botão do f...-se” para tudo que não lhe invada a soleira da porta ou lhe ameace de morrer de sede.
          
          
          


Biografia:
Vide Blogs: www.literaujobueno.blogspot.com wwwaraujobueno.blogspot.com
Número de vezes que este texto foi lido: 61678


Outros títulos do mesmo autor

Contos "Desertor no Deserto" Partes I e II Marco Antônio de Araújo Bueno
Poesias "Trivial Melancolia" Marco Antônio de Araújo Bueno
Poesias "Acabamento" Marco Antônio de Araújo Bueno
Contos "Caso Isolado" Marco Antônio de Araújo Bueno
Poesias "Patrulhas & Matilhas" Marco Antônio de Araújo Bueno
Contos "Variações do Desvario" Marco Antônio de Araújo Bueno
Contos "Redesencontro" Marco Antônio de Araújo Bueno
Poesias "Terceiro" Marco Antônio de Araújo Bueno
Poesias "Desespelho" Marco Antônio de Araújo Bueno
Sonetos "Reformacróstica" Marco Antônio de Araújo Bueno

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 31 até 40 de um total de 51.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
SIGA TEU CORAÇÃO, MARIANE - Orlando Batista dos Santos 62396 Visitas
Arnaldo - J. Miguel 62378 Visitas
Segredos - Maria Julia pontes 62378 Visitas
EDITORA KISMET – UMA EDITORA DE VANTAGENS - Caliel Alves dos Santos 62378 Visitas
NA PAUSA PARA A REFEIÇÃO... SUA ATENÇÃO! - Lailton Araújo 62373 Visitas
Each Moment - Kelen Cristine N Pinto 62361 Visitas
Faça alguém feliz - 62352 Visitas
- Ivone Boechat 62339 Visitas
O estranho morador da casa 7 - Condorcet Aranha 62336 Visitas
Coração - Marcos Loures 62334 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última