Desespelho
Por Marco Antônio de Araújo Bueno
Espelho, espelho meu,
Existe alguém no mundo?
Sim! O pressentido, que ousa.
Quando não refrata teu corpo
No corpo reconhecido;
No gozo que a especulava
Só para descapturá-la.
Seqüestrada pelo invisível do seu cio,
Há meses carente desse sinto-no-cinto,
Desse vejo, no vejo refletido
Na barbárie de desfragmentá-la.
Por puro desespelho, no fundo, ousa
Com dedos, restaurá-la plena em pelo
Em plena nudez da visibilidade.
Aquela que não aliena, quebra o espelho!
Espelho, espelho meu-
Que não exista alguém no mundo
Que não me seja apenas eu.
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