Esses dias li uma coluna do escritor Antônio Risério, no jornal A Tarde de Salvador, que falava sobre o assédio verbal feito pelos homens às mulheres. Concordo quando o Risério diz que “não devemos cair na obsessão jurisdicista norte-americana de enfiar todo tipo de assédio erótico num mesmo saco”. Nós mulheres gostamos de sermos admiradas e desejadas, isso é instintivo, peça que já vem de fábrica. Contudo, algumas vezes a forma que os homens encontram para nos admirar pode ou não caracterizar um assédio.
Tem dias que acordamos e tudo parece errado. O cabelo está horrível, é melhor prender. A barriga está enorme, é melhor colocar uma blusa preta no estilo batinha, bem folgada. Para o rosto bastante maquiagem e não se pode esquecer de botar a lixa de unha dentro da bolsa. Nesses dias, saber que mesmo estando “horrorosa” alguém ainda nos acha “bonita, maravilhosa e gostosa” é como um prêmio, alimenta o ego.
Ser admirada não se encaixa em nenhum tipo de assédio. Mas como toda questão tem seu porém, o desta é o simples fato de que tudo é a maneira como se faz ou fala. É desconfortável passar em frente a uma obra, oficina ou buteco e ouvir palavras chulas e algumas vezes pornográficas.
Nem sempre a admiração que procuramos está ligada ao sexo, não esperamos que todos os homens queiram transar com a gente, mas queremos que todos nos achem bonitas. Quando nós passamos, as vezes, parece que o homem está tendo aquela imagem clássica de alguns desenhos animados, do frango assado cheiroso e suculento pronto para ser devorado.
São as atitudes vulgares e desrespeitosas que caracterizam o assédio. Ao invés de fazer com que a mulher ganhe seu dia e retribua a admiração, faz com que ela repudie o homem, tenha raiva e até nojo. Claro que há exceções, existe mulheres que gostam desse comportamento, que não cabe serem julgadas neste momento e nem merecem um espaço no texto, mas acredito que a maioria preza pelo respeito e boa educação. Se for para falar besteira é melhor que fiquem calados.
|