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UM DIA PARA NÃO SER LEMBRADO.
HISTÓRIA DE TAXISTA 12
Britinho

Sabe aquele dia, que você não pode sair de casa, porque tudo dá errado? É o que vou relatar agora.
Saí de casa com a esposa para fazermos o trajeto rotineiro que era levá-la ao trabalho, e depois trabalhar com meu taxi, quando, de repente, o pneu furou. Parei num posto de combustível para trocá-lo. O dia estava muito quente, suei demais e embaçou os óculos, foi quando, coloquei-o em cima do carro.
Após a troca, saímos apressados, quando, estávamos chegando perto da firma em que ela trabalhava, perguntei pelos óculos.
- Ué!? Você não pegou em cima do carro?
- Claro que não, pensei que você ia pegá-lo.
- Porque você não pegou?
- O óculos é seu, a responsabilidade é sua.
Ficou naquele jogo de empurra, então, falei que voltaria para procurá-lo, ela me aconselhou a não voltar porque a essa altura alguém já havia passado por cima com o carro. Não sei por quê, mas mulher tem um sexto sentido enorme.
Não acatei e voltei! Perguntei ao frentista, andei pelo posto procurando e nada de óculos.
Saí com o táxi, mas olhando para o chão com a esperança de achá-lo, quando entrei numa rua a direita. Escutei um apito e olhei pelo retrovisor, era um guarda de trânsito gesticulando.
Eu tinha entrado na contramão, que até o dia anterior, não era contramão.
Como vinha um ónibus, entrei à esquerda, na primeira rua que vi.
Parei o carro e fui conversar com o policial. De cara, levei uma bronca! Contei para ele tudo que se passou. Não acreditou, é claro.
Olhou rindo para um camelô dizendo:
- O que as pessoas não inventam para se livrar de uma multa?
Disse a ele:
- Puxa, seu guarda! Eu não sabia mesmo da inversão dessa mão..
- Será que não dá para quebrar o galho e não me multar? Tô cheio de pontos na carteira e isso vai me prejudicar.
Ele me deu um susto:
- Não vai dar. Não foi uma multa só, foram duas! Esta rua aqui também é contramão! Mas a gente pode conversar... - tava na cara que queria propina.
Eu, fiquei sem saber o que dizer. Sim! Porque, se eu falo em dinheiro... E se ele não fosse corrupto? Eu ia preso, né!?
Não perdemos muito tempo, porque ele se antecipou, e falou para eu dar a ele duzentos reais. Sou contra a corrupção, mas, naquele momento, se eu não chegasse a um acordo ali, eu estaria prejudicado mesmo.
Tentei baixar aquele valor e falei:
- Esse valor está muito alto, ainda não peguei nenhum passageiro. Eu só tenho trinta reais.
- Você está maluco! Ainda tenho que dividir com um batalhão inteiro.
Me falou que cem reais dava pra fechar, e ainda ficou com raiva de mim, quando perguntei:
- Que garantia eu tenho, e se a multa chegar?
- Você está desconfiando de uma autoridade?
- Claro que não Doutor, jamais "desconfiaria" do senhor!
Tive de ir ao banco para tirar dinheiro. A minha conta estava negativa, entrei no cheque especial.
Voltei ao local para concretizarmos o negócio, quando, para o meu espanto o oficial apertou minha mão, disse que podia contar com ele pra qualquer coisa, e que estaria sempre ali. O que o dinheiro não faz? Fiquei “amigo” do cara.
Após isso, resolvi ir para casa. Já estava desanimado, fiquei muito tempo parado e com medo que acontecesse mais algum imprevisto. Até por que já havia: furado pneu, perdido os óculos, pagado juros bancário e achacado pelo guarda. E ele até que foi bonzinho! Imagina se ainda me multasse por andar sem óculos???








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