Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
SE MEU FUSCA FALASSE
HISTÓRIA DE TAXISTA 07
Britinho

Resumo:
Meu primeiro taxi foi um fusca que só vivia enguiçando e acontecia de tudo, dava tudo errado...

Quando comecei na praça, eu não tinha dinheiro, então, comprei um fusca velho. O carro era tão velho, que vivia enguiçando. “Se meu fusca falasse”, só iria me contar história triste.
   Uma vez, um passageiro enfiou o pé num buraco que tinha no assoalho do carro. Revoltado, saiu sem pagar.
   Em quarta marcha, eu tinha que ficar segurando o câmbio, senão ele escapulia. Para piorar, em velocidade, se caia num buraco ou passava numa trepidação, as portas se abriam. Eu não sabia se segurava o câmbio ou as portas.
   O automóvel era tão barulhento, que mais parecia uma bateria de escola de samba. Quase todo dia tinha de sair empurrado.
   A maioria dos passageiros o rejeitavam, mulher bonita nem pensar.
   Subia morro quase todos os dias com passageiros cheio de compras ou viciados querendo comprar drogas, quando eu via já estava subindo a ladeira. Era a sobra que restava para mim, porque, os "carrões" não queriam levar.
   Uma das poucas passageiras que peguei deu um grito dizendo que um rato havia passado em seus pés, ficou desesperada e me xingou de tudo que é nome. Botei veneno pra rato na garagem, o desgraçado morreu numa parte do carro que ninguém conseguia descobrir, tive de ficar uns quinze dias sem trabalhar por que fedia muito e os passageiros também reclamavam.
   Um certo dia peguei um passageiro, sem camisa com uma cara estranha, dizendo que tinha de pegar a mãe no hospital. É claro que levei! Do jeito que passageiro andava escasso!
   Ele pediu que eu esperasse, em frente a uma farmácia, por um pessoal que iria com ele. Quando, de repente, vieram mais dois caras correndo e pediram pra eu sair correndo dali. Um pouco mais à frente, em uma rua cheia de quebra molas, tive que diminuir a velocidade. O cara da frente se apavorou e puxou uma arma enorme. Em suma, eles tinham assaltado a farmácia. Mas, pelo menos, pagaram á corrida alegando que fiz tudo direitinho. Do jeito que estava com medo, eu não queria aceitar o pagamento, pelo contrário, naquele momento daria tudo que me pedissem.
   Saí dali tremendo que nem vara verde, prometendo nunca mais andar com aquele carro.
   Eu, duro que nem um “coco”, sem saber o que fazer, porque, aquela “lata velha” só vivia na oficina e tudo acontecia de errado com ele, fiquei uns três dias sem trabalhar. De teimoso que era, resolvi voltar ao trabalho.
   Foi quando peguei dois homens, uma mulher e uma criança. Pela conversa deles, senti logo que não eram boas biscas, e tinham volume na cintura, parecia que estavam armados, só falavam de favela, drogas e armas. Mas, por sorte minha, parecia que tinham gostado de mim, brincaram comigo dizendo que meu carro estava caidinho, que podia desmontar a qualquer momento, e riam pra valer. Na realidade, acho que ficaram foi com pena de mim.
   Pelo retrovisor, vi a criança, de joelho no banco, arrancando o selo de vistoria do taxi do vidro traseiro. Eu, sem graça de chamar a atenção e um pouco amedrontado, preferi dar uma “cutucada” no freio pra dar um sustinho na criança, alegando que tinha visto um cachorro. Para meu azar, a criança se estatelou no chão do carro, levei uma bronca desgraçada da mãe dela, sendo defendido por um deles, que mandou ela se calar.
   Quando estava chegando ao destino traçado por eles que, por sinal, era no morro, os caras falavam com todo mundo, pareciam candidatos á políticos querendo votos.
   De repente apareceram os primeiros bandidos, apontando armas para a gente. Pois é, levaram um esporro pior do que eu havia levado minutos atrás. Os homens que estavam comigo eram os donos do morro, eram os chefes dos bandidos.
   Pelo meu lado, eu não dava um pio, não “passava nem agulha”, na realidade eu estava quase me borrando.
   Chegando ao local, no pico do morro, um monte de malandro armado, cada arma maior que a outra.
   Os homens pagaram á corrida, com uma boa gorjeta, e me intimaram a tomar uma cerveja com eles. Quem era eu naquele momento pra dizer não?




Número de vezes que este texto foi lido: 59459


Outros títulos do mesmo autor

Humor CADA UM COM SUA MANIA Britinho
Humor ELAS QUEREM PAGAR COM SEXO Britinho
Humor ALÉM DE DOIDO É DROGADO Britinho
Humor QUASE QUE O CARRO NÃO ANDA Britinho
Humor SE MEU FUSCA FALASSE Britinho
Poesias SILÊNCIO Britinho
Contos DENISE Britinho
Humor A VELHA MIJONA Britinho
Humor QUEM TEM C... TEM MEDO Britinho
Humor LOURA BURRA Britinho

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 41 até 50 de um total de 53.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
Boneca de Mulher - José Ernesto Kappel 60065 Visitas
"Esbarrando no amor" - mayana tellys 60050 Visitas
A margarida que falou por 30 dias - Condorcet Aranha 60044 Visitas
TEMPO DE MUDANÇA - Regina Vieira 60036 Visitas
aliens - alfredo jose dias 60036 Visitas
Senhora da Escuridão - Maria 60028 Visitas
Como nósa folha seca - Condorcet Aranha 60023 Visitas
Meu desamor por mim mesmo - Alexandre Engel 60011 Visitas
A Aia - Eça de Queiroz 59997 Visitas
Coragem, levanta! - Maria 59989 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última