Quem espera sempre cansa.
Um amor que já foi,
Um olhar de certo alguém,
A palavra de carinho que nunca vem.
Quem espera sempre cansa.
Ao sabor dos acontecimentos,
Entregamos nossas almas
Desejando que nessa louca agonia
A espera seja nossa amiga.
Quem espera sempre cansa.
Olhando para o horizonte, uma linha reta.
O rosto envelhecido e os olhos sem brilho,
Produtos de uma espera sem sentido
Por algo nunca vivido
Quem espera sempre cansa.
No coração, grande esperança,
Envolta em ingenuidade de criança.
Um sorriso desenhado com fé e alegria,
Jamais concebendo que tal espera
Pode mostrar sua face mais fria.
Quem espera sempre cansa.
No início, vale todo sacrifício,
Minutos, horas, anos, vidas,
Torna-se um amargo vício.
Até que, no decorrer do vácuo do tempo,
A espera te devora todo o ânimo,
Um fardo anônimo...
Quem espera sempre cansa.
Por fim, tudo se esvaiu
E o que se esperava nunca se viu, ouviu ou viveu.
Fantasmas de uma consciência que um dia se constituiu,
Se foram,
Parados à espera,
Nenhum deles resistiu.
Quem espera sempre cansa.
Cansa de não amar, de não viver,
De envelhecer no compasso do acaso,
Simplesmente vivendo sem olhar para o lado.
Porque a espera alimenta, mas apenas nossa vontade a sustenta,
Até que a alma descobre, por fim, que não queria o que esperava,
Enganou-se, jamais imaginou o quanto podia ficar cansada!
Quem espera sempre cansa.
E com o cansaço vem a gigante vontade,
Redobrada e reforçada,
De realizar e nunca mais esperar
E se cansar, que seja de tanto buscar e lutar.
O que quer que resolva fazer, que rumo tomar, deixe a espera esperar, ela também irá cansar!
E quando isso acontecer, finalmente será livre para, triunfalmente, a abandonar.
Por isso, o segredo é deixar a espera cansar e assim, a felicidade alcançar!
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