FACE

Meu rosto está em fases
Num circundante efeito de perfil
Na face à revelação da metamorfose sofrida pelo tempo
Mas sou eu

Não uso máscaras da modernidade
E nem passou em mim se quer um bisturi pra correção
Este é meu sorriso sem forçasão, antes inocente e doce
Hoje marcado, sofrido. Mas sou eu

A realidade que vivo esta estampada na minha cara
Minha expressão é real
Há tempos me exercíto
Ao chorar e lágrimas rolarem neste rosto

Ao abrir a boca e gritar de frente a imensidão
E ao ouvir as respostas da vida
Ao sentir o aroma das flores
E o mau cheiro do desamor e da destruição

Me exercito
Ao fechar os olhos para orar
Mas principalmente quando me ponho a pensar
E abro os olhos com fé e enxergo o possível

Me exercíto
Ao franzir a testa com a decepção
Ao olhar vago para tempo sem noção
E se espantar de susto com a incompreensão

Ao torcer o nariz em protesto
Cerrar os dentes na hora da dor
Balançar a cabeça positivamente
E falar do evangelho do amor

Me exercito, ao expressar a minha mulher
A essência romântica do meu coração
E o suor no rosto depois do amor
São lágrimas da satisfação

Mesmo sofrido e abatido tenho a minha inspiração
Vou sorrir, pois é o melhor pra face
Vou respirar fundo e olhar para céu
Meu rosto está em fases

Hora liso e suave
Hora sujo, hora barbado
Hora esteticamente correto
Hora corretamente incerto

Vou sorrir até as rugas da velhice chegar
E me exercitarei com as histórias que vou contar.
Eu mesmo, de cara limpa
Sem medo, sorridentemente.

Meu semblante.
Minha face,
Minha vida,
Mas sou eu.

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