A Doutrina Espírita não define padrões para o comportamento dos seus profitentes, no entanto, adverte para o perigo da eutanásia, no caso da doação de órgãos vitais e com morte encefálica; e de que essa doação deveria ser espontânea e com anterior trabalho de desapego material, sem o qual tal atitude poderá ser dolorosa para a criatura.
Entretanto, vez por outra, encontramos escritos e entrevistas pessoais, que devido à origem da informação, são considerados postulados de comportamento espírita, o que merece nosso cuidado e respeito. O assunto demanda, no momento, estudo e discernimento de todos nós.
A palavra eutanásia tem sido utilizada de maneira confusa e ambígua, pois tem assumido diferentes significados conforme o tempo e o autor que a utiliza. Várias novas palavras, como distanásia, ortotanásia, mistanásia, tem sido criadas para evitar esta situação.
O termo Eutanásia, que vem do idioma grego, pode ser traduzido como “boa morte” ou “morte apropriada”. O termo foi proposto por Francis Bacon, em 1623, em sua obra “História vitae et mortis,” como sendo o “tratamento adequado as doenças incuráveis”.
De maneira geral, entende-se por eutanásia quando uma pessoa causa deliberadamente a morte de outra que está mais fraca debilitada ou em sofrimento. Neste ultimo caso, a eutanásia seria justificada como uma forma de evitar um sofrimento acarretado por um longo período de doença.
Por ser um tema de extrema complexidade, amplo e de ter diferentes interpretações a Doutrina Espírita nos ensina que o corpo físico é tão somente um reflexo do que somos de fato (espíritos).
Ouve-se também no meio espírita que a doença quando se manifesta no corpo físico, ela já estaria instalada no perispírito. Se assim o é, como se processa a cura, uma vez que se estaria tratando o efeito e não a causa?
Na realidade, o tratamento somático é somente paliativo e a verdadeira cura se dá com a reforma íntima, pois as mazelas são frutos de nossas imperfeições morais.
Muito se falou sobre Terry Schiavo, à norte-americana que emocionou o mundo, que sofreu danos cerebrais e estava em coma desde 1.990 e que parecia que seu drama parecia chegar ao fim na sexta-feira, 18 de março de 2005.
Os aparelhos que a mantinham viva foram desligados por decisão judicial proferida pelo tribunal da Flórida – EUA.
Esse desligamento foi pleiteado por seu marido, opositor as terapias artificiais, que alegou o desejo da paciente não ficar em vida vegetativa, encontrando forte resistência dos pais dela, que queriam mantê-la com vida, pois consideravam a eutanásia um “assassinato a sangue frio.”
Muitas atitudes políticas, oportunistas e inócuas se destacaram. Inúmeras idas e vindas aos tribunais de apelações foram feitas para que a eutanásia não ocorresse. Nada adiantou. Os aparelhos que a mantinham viva fora desligados. Não lhe foi concedida a religação dos aparelhos, permitindo que misericórdia de Deus trabalhasse a seu favor. Terry Schiavo desencarnou no dia 31 de março de 2005.
Muito conversei com meu orientador sobre este caso, enquanto observávamos nossa opinião coincidente, quando na nossa visão e perspectiva filosófica existencial, a Eutanásia não se justifica em nenhuma circunstância.
Que não concordamos com a decisão tomada não só pelo marido, mas também pelos Tribunais de Justiça dos Estados Unidos, desconsiderando a vida e o ser humano, priorizando o sistema judiciário norte-americano.
Terry Schiavo, como qualquer Reencarnante, nasceu ou renasceu no grupo familiar, que se encontrou temporariamente vinculada, energética e historicamente, em obediência ao respectivo carma genético individual e coletivo, isto é, grupal, familiar, étnico, racial, geo-político-sócio-cultural religioso ou não.
O tempo de vida do reencarnante animando o corpo biológico, físico, psico-emocional, consciencial, espiritualmente considerado é e fundamental importância.
Está diretamente relacionado ao respectivo processo de maturação consciencial e às necessidades pessoais de realizações e autorealizações, face aos desafios previstos e imprevistos circunstanciais, inerentes ao nascer/renascer, viver, morrer e renascer de novo, tantas vezes forem necessárias à construção e reconstrução do próprio destino.
André Luiz, pela mediunidade de Chico Xavier, ensina: “Companheiros do Mundo que ainda trazeis a visão limitada do arcabouço da carne, por amor aos vossos sentimentos mais caros daí consolo, simpatia e veneração aos que se abeiram do túmulo. Eles são múmias torturadas que vossos olhos contemplam destinada a lousa que a poeira carcome. Eles são os filhos do céu preparando o retorno a Verdadeira Pátria e prestes a transpor o Rio da Verdade, a cujas margens um dia também chegareis”.
Emmanuel arremata quando diz: “quando encontramos alguém que a morte parece visitado seu corpo, devemos recordar que a vida prossegue além da grande renovação, por isso não estamos autorizados a desferir o golpe supremo a pretexto da consolação e de amor. Por trás disso tudo, está o espírito soberano e as Leis de Deus que do outro lado desconhecemos”.
Assim sendo, na intervenção através a Eutanásia, pode-se contribuir direta ou indiretamente para maior sofrimento não só psicobiofísico, como especialmente moral e consciencialmente, do indivíduo em fase terminal, pela ruptura das conexões bioenergéticas existentes entre o corpo físico e o respectivo perispírito ou psicossoma, considerado o modelo organizador biológico do corpo físico em cada gestação reencarnação.
Somente com a natural e espontânea desconexão do centro coronário – considerado a sede da mente – por ter então exaurido e esgotado completamente a energia vital, através do aumento acelerado e desintegrador dos fenômenos físico-químicos e bioquímicos da desassimilação celular, determinando a falência total dos órgãos, do extraordinário e complexo organismo humano, é que se consuma a chamada morte física.
Com a “saída do Espírito do corpo somático, por isso, o desencarne”.
Com esta visão filosófica existencial, o rejeitar-se da Eutanásia e todas as demais tentativas equivocadas contrárias à vida.
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