Pela decorrência de um longo processo de amoroso trabalho, aquelas mulheres a quem chamo de Mães Excepcionais, por serem mães de deficientes, mentais ou não, fazem parte de uma odisséia de rara beleza.
Essa gratidão se estende aos especialistas, técnicos e às entidades de educação especial, onde estão aqueles cumpridores dos seus papéis, sem serem coadjuvantes, mas com atuações honestas e das mais dignas.
Também aos extensionistas que se doam consultores e profissionais que contribuem no sentido de levar um deficiente mental a participar da vida cotidiana e ao bem estar da família, mesmo que vez por outra pelo imediatismo social ou pelo inconformismo, não podemos esquecê-los cometendo injustiça generalizando-os entre os menos interessados.
É com imensa alegria, que observamos técnicos que atuam nas escolas de educação especial, raras até pouco tempo atrás, mas surgindo como frutos de uma nova consciência que desabrocha no meio educacional de educação inclusiva, fazendo delas um porto seguro tanto para os pais quanto para o deficiente, que mesmo não levando em conta o tempo de convivência, nos comovem, com sua demonstração de carinho sobre projetos desenvolvidos com sucesso, e por ações autônomas que colocadas em prática apresentam resultados extraordinários.
É emocionante encontrar pais que passaram por algum programa de interação, e que nesta iniciativa permitiram-se conhecer ações, que se transformaram em parcerias bem-vindas, e agora exibem o sucesso da união em torno de um objetivo maior, que é a contribuição de uma vida melhor para o filho desabilitado.
Nesta interação não há discriminação, há somente a dignidade em honrar o ser humano como único compromisso.
A sociedade moderna se encontra em um nível de transformação sem precedentes na história humana.
As relações pessoais já não são mais arremedos do passado, e no que diz respeito aos deficientes, mentais ou não, de modo geral, mesmo que não se consiga atender todas as suas exigências, associadas às pressões sociais pela “eficiência,” as metodologias de ensino atualmente disponíveis conseguem atender, mesmo que deficitariamente sua integração.
Lamentavelmente correntes discriminatórias para educação, além de não aproveitarem os ganhos, resistem dar sustentabilidade ao que de bom existe em sua maioria de iniciativas autônomas.
Entendi que sofria sim, mas não por mim. Emprestava o sofrimento dos outros e os metabolizava.
Tinha muito para dizer. Não sabia como falar.
Falar é com a voz de perto, mas escrever é dizer alguma coisa mudamente, de longe. O falar ouve-se com os ouvidos, mas o dizer escuta-se com o pensamento. Alguém fez este registro.
O confronto com o Autismo, por exemplo, nos levava a ficar entre a benção e a maldição.
Benção porque as mínimas coisas simples que dele resultam, podem ser grandiosidades que nos levam a euforia.
São os momentos onde esquecemos que a nota “dó” é a única que sentimos.
Maldição porque nós, pais de autistas somos ambiciosos. A dor para nós é mais intensa, porque sofremos de complexo de superioridade, pois não admitimos o contrário no enfrentamento da síndrome.
Nas horas mais difíceis, não nos detemos por alguns momentos para pensar que sofrimento nada mais é que aprendizado redentor.
Aprendemos olhando que para educar um deficiente da mente ou não, e educar-se em relação a eles, não é necessário ser professor.
Temos exigências, logo descobrimos que somos educadores e isto nos deixa em estado de graça.
O autista é aluno e simultaneamente nosso professor.
Sua máxima é que ele ensina rapidamente, coisas para viver e coisas para ter prazer.
“Autistas - seremos nós?”, questiona o meu filho adolescente, quando sente alguma intervenção na sua vida.
Numa época em que mais se exige eficiência, o principal desafio é repensar a importância, os objetivos, as estratégias, os valores e a visão integrativa dos deficientes, mentais ou não.
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