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A violência da não violência
Fabiano Fernandes Garcez

Durante o feriado, assisti ao filme Mollière cujo um dos temas era o conflito de um conde que tinha título, mas não tinha dinheiro, tentava arrumar um casamento para seu filho com a filha de um comerciante que tinha dinheiro, porém não possuía título algum.
       No domingo, fomos, eu e minha família, levar minha sobrinha para sua casa que fica em um condomínio fechado, ao sair um dos moradores veio em direção ao meu carro, colocou o braço para dentro e bateu em minhas costas dizendo que ultrapassei a velocidade de dez quilômetros por hora.      Achei que era brincadeira, lógico, só isso justificaria tamanha ousadia, fiquei olhando pelo retrovisor à espera de reconhecer o cidadão e, também, à espera de ele vir me cumprimentar, com um sorriso no rosto e dizer algum nome ou lugar familiar. Ainda acreditando se tratar de uma brincadeira, perguntei sobre a existência da placa de dez quilômetros, só ao ver o andar agitado do cidadão percebi que o negócio era sério.
        Então me senti agredido, quem deu lhe direito de entrar no meu carro, minha propriedade, e tocar em mim? Estacionei, nisso meu cunhado e outros moradores apareceram por lá e o guarda/morador/agressor simplesmente disse não ter feito nada.
        As coisas ainda não se resolveram, mas me sinto feliz por não ter revidado a agressão, coisa rara hoje em dia. Não revidei por perceber tarde demais que o lance era sério, mas isso foi muito bom, porque não gostaria que minhas filhas, que ouvem de mim que a violência sempre é desnecessária, presenciasse minha incoerência.
       Não é o fato de morar em um condomínio de luxo te faz ter educação, classe e fineza, o fato de agir com a não violência, às vezes, é a maior violência que se comete.



Biografia:
Fabiano Fernandes Garcez nasceu em 3 de abril de 1976, na cidade de São Paulo (SP). Formou-se em Letras, é professor de língua portuguesa, literatura e redação, participou das antologias: São Paulo Quatrocentona e Poemas que latem ao coração, é autor dos livros: Poesia se é que há e Diálogos que ainda restam.
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