A falta de seriedade na política brasileira inspira o que há de mais negativo no ser humano. Quem deveria ser um exemplo ilibado de caráter e personalidade, é quem mais esculhamba com todas as virtudes que, obrigatoriamente, um homem público deveria ter.
Sou a favor não só da ficha limpa, como de um preparo intelectual maior de todos servidores públicos, em especial os políticos. Não podemos aceitar que pessoas ignorantes, de índole duvidosa, de propósitos obscuros, sem conhecimento apropriado, entrem para a política, governem e votem leis de interesse do povo.
Pessoas dessa natureza não podem representar nem elas quanto mais uma população. Deveríamos ter escolas de nível universitário, preparatórias para desenvolvimento de políticos e, para exercer qualquer cargo do legislativo e executivo, o candidato deveria ter diploma de político reconhecido.
Não é assim com os médicos, advogados, dentistas, engenheiros e inúmeros profissionais que, com muito esforço, se preparam para exercer suas atividades de forma coerente e com conhecimento adquirido?
Por que para ser político, aceitamos qualquer cidadão de qualquer natureza e preparo? Você faria uma cirurgia cardíaca com um pedreiro? Dificilmente!
Quais são os nossos maiores problemas sociais? Não são: segurança, educação, saúde e moradia? Então, se são esses os maiores problemas, não seria razoável pensar que para resolvê-los, deveríamos ter pessoas de competência e caráter excepcionais? Por que então delegamos para pessoas totalmente despreparadas a responsabilidade de resolver esses problemas?
A resposta é simples e doída: a maioria da população é ignorante e vota nesses políticos em função de falsas promessas que elas não conseguem discernir se podem ou não ser realizadas. Assim, cria-se um círculo vicioso: população ignorante, político ignorante. Romper com este círculo seria exigir que políticos em geral tivessem formação e preparo para governar.
Para isso temos que nos mobilizar e, através de uma verdadeira revolução civil, não precisa ser com armas, obrigarmos os políticos a se prepararem intelectualmente. Na verdade o buraco é mais embaixo. Se tivéssemos uma educação estruturada e de qualidade, todos os cidadãos estariam aptos a serem políticos. Como não temos e não é interesse da classe política que tenhamos, nos resta a mobilização em torno do tema.
O projeto “Ficha Limpa” passou pela Câmara e pelo Senado. No texto, mudaram os tempos de alguns verbos para deixarem algumas brechas que, na interpretação, permita um pouco mais de falcatruas. Mas, apesar disso, o cerco está fechando!!!
Xiko Acis
Filósofo & Consultor
www.xikoacis.com.br
Outono/2010
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