“Um poema é uma impressão intelectualizada, ou uma idéia convertida em emoção, comunicado a outros por meio de um ritmo”, conforme anotou Fernando Pessoa.
Onde e quando os poemas começaram a fazer parte das músicas? A intrigante questão tem resposta em Jorge Luis Borges: “música de palavra (ou talvez a magia da palavra), do sentido e do som na poesia. A diferença depende do modo como lemos a poesia.”
O além da poesia, no papel e na música, está em misturar as duas coisas. Fazer poemas em forma de música e vice-versa.
A história vai além do interesse em divulgar os poemas através da música. Os poetas não medem esforços para que sejam conhecidos e homenageados pelas gerações. O que é interessante é que se descobrem vultos intelectuais através da música, onde nos oferecem as suas obras poéticas; estou falando da influência em nossas vidas, como Paulinho Nogueira cantou:
“...minha sombra todo dia
quer correr para o teu chão
é saudade a poesia que
nasceu de um violão
coração violão...”
A canção brasileira é uma felizarda, pois é um encontro, um reencontro de músicos com gosto e tempero de vários poemas, vários gêneros, numa dosagem inteligente como a que Edu Lobo e Chico Buarque apresentam em Choro Bandido:
“Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa, são bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons...”
O refinamento nas interpretações faz com que a poesia e a música se tornem parceiras na sensibilidade, no saber conciliar estilos e tendências diferentes, não permitindo que a poesia se cale. Ailton de Oliveira mostra em sua composição,Vamos Viver:
“...nossa poesia vai se calar
Nosso horizonte não tem mais cor...”
E o poeta Pedro Du Bois recomenda, vamos viver:
“Além
Nada ofereci além de estar
consigo em verso e do poema
retirar o inverso da canção...”
|
Biografia: Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e
A Linguagem da Diferença. |