Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Doutor Castor
Rafael da Silva Claro



De aparência frágil, era o velhinho que qualquer um logo cederia o lugar no ônibus. Mas com Castor de Andrade a aparência enganava. Figura típica de um Rio de Janeiro que não existe mais, se envolveu com futebol, carnaval, jogo e tudo que vem junto. Mafioso, ele foi malandro perigoso, mas bonachão, alegre, bem relacionado e participativo. O documentário Doutor Castor é um retrato dos anos 70, 80 e começo dos 90, mostrando os estertores do que um dia foi “o país do futebol”.

O Bangu, time de futebol, alcançou seu auge durante o período do folclórico presidente de honra e financiador. Estilo “paizão”, Castor pagava um gordo bicho (prêmio por vitória) em espécie, às vezes, adiantado. Também foi a tradução perfeita de um “cartola” do futebol, desses que invadiam o campo para “pegar” o juiz ladrão.

Advogado, porém filho e neto de gente envolvida com a jogatina, preferiu continuar os negócios da família, muito mais lucrativos, embora perigosos.

No jogo do bicho só dava Castor. Capo di tutti capi, ele mandava soltar e prender (e bater), pelo menos enquanto ele mesmo não era tirado do convívio social.

Carnaval: o poderoso contraventor fechou a trinca: fezinha, jogo de bola e samba, adotando a escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, sendo seu eterno patrono.

Assim como Al Capone, foi difícil prendê-lo. Para isso, foi necessário sacar uma brecha no Código Penal. Contudo, isso não foi o suficiente para segurá-lo na cadeia. Ele ficava pouco tempo trancado, mas a tempo de dar um upgrade na sua cela — estilo Pablo Escobar — ou para ser beneficiado com a prisão domiciliar.

O velho malandro “bateu com as dez” (faleceu) de ataque do coração em 1997, numa saída (não autorizada) para jogar um carteado.

Muito bem feito, o documentário passa o clima social do Rio de Janeiro daquela época e retrata fielmente as facetas do personagem título, mostrando o que havia de bom e ruim e quem gostava ou odiava o Castor de Andrade, sem alívio. O que é essencial numa obra com um espaço de tempo grande é o antes e depois e os relatos, muitas vezes conflitantes, de figuras secundárias. Não faltaram ingredientes para um bom documento cinematográfico.

Finalmente, um documentário em quatro partes, com quatro horas de duração, que passou voando.


Biografia:
Ensino secundário completo. Trabalhei em várias empresas, fora da literatura. Tenho um blog, onde publico meus textos: “Gazeta Explosiva” Blogger
Número de vezes que este texto foi lido: 52991


Outros títulos do mesmo autor

Artigos Ciro Chorou - 4 Elementos Rafael da Silva Claro
Crônicas Pura Paisagem Rafael da Silva Claro
Crônicas Bar do Barba * Rafael da Silva Claro
Crônicas Negócio da China Rafael da Silva Claro
Crônicas *FUTEBOL ⚽️ Rafael da Silva Claro
Músicas Inseto Insípido * Rafael da Silva Claro
Crônicas Pedro, apenas mais um youtuber ? Rafael da Silva Claro

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 411 até 417 de um total de 417.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
RH ruins e etaristas - Vander Roberto 3 Visitas
87 anos da morte de Noel Rosa - Vander Roberto 2 Visitas
🔴 Atila, o rei dos energúmenos - Rafael da Silva Claro 1 Visitas

Páginas: Primeira Anterior