Ela carrega coragem e ousadia tatuadas no corpo
E eu me pergunto se isso a torna mais aberta
A todos os outros
Homens. E espero que não, pois
Compartilhamos dos mesmos gostos
Melancólicos, eu suponho
Ela tem um semblante negro, algo estranho
Nos olhos, nos cabelos
Tudo que ela mostra
Eu oculto
E o que nela me encanta, me diferencia,
Me afasta, mas
Ela partilha dos mesmos vícios
Disso tudo eu gosto e
Isso tudo
Eu evito
Os olhares que ela me deu discreta e indiscretamente e
Espero que ela não tenha se arrependido
De ver alguma coisa nos meus olhos
Que olhavam seu bonito rosto, perdidos
Em fantasias, desejos e sonhos
Aprazíveis, pois ela me lembra cerejas
E partilha o gosto por vinhos
A língua dela é um festival de frutas vermelhas
Dançando
Lentamente num paraíso tão feio
Num inferno tão lindo
Tão lentamente
Amargurando e me entristecendo e
Me marcando
Ao partir sozinha, no escuro
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