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O Último Horizonte
Giulio Romeo

Resumo:
Metafisicamente, "O Último Horizonte" explora a transição entre diferentes estados de consciência e a natureza da existência após a morte.

Dizem que a morte é o fim, mas para mim, foi apenas o começo.

Quando fechei os olhos pela última vez na Terra, tudo o que senti foi um leve tremor, como o impacto de um último suspiro. Não houve dor, nem medo. Apenas silêncio. E, no silêncio, algo inesperado: um despertar.

Abri os olhos e me encontrei de pé, em um campo infinito. O céu era de uma cor que não existia em nenhum mundo que eu já conhecera, uma mistura de tons que variavam entre o púrpura e o dourado, cintilando como se cada partícula de luz tivesse vida própria. O solo sob meus pés era macio, quase etéreo, e, à distância, eu via formas que se assemelhavam a árvores, mas não eram exatamente árvores, e montanhas que, ao longe, pareciam tocar o céu.

Eu sabia, de alguma forma, que não estava mais vivo — ao menos, não como antes. Era uma certeza tão intrínseca quanto a própria noção de existência. A cada passo que eu dava, o espaço ao meu redor mudava levemente.
Era como se o ambiente estivesse vivo, respondendo à minha presença. Quando pensei em calor, uma brisa suave e morna me envolveu. Quando desejei água, ouvi o som de um riacho à frente. Não era um lugar físico, e ao mesmo tempo, era. Tudo parecia ser moldado pela intenção, pelos desejos que mal eram conscientes.

Caminhei até encontrar uma figura à distância. Um homem de feições tranquilas, envolto em uma luz suave, estava sentado à beira de uma árvore. Ele me olhou e sorriu.

— Bem-vindo — disse ele, com uma voz que parecia ecoar dentro da minha mente.

— Onde estou? — perguntei, ainda tentando entender.

— Chame de o lugar entre os mundos. Um limiar. Aqui, você se prepara para o que virá a seguir.
Aproximei-me e me sentei ao lado dele. O campo parecia mais nítido agora, mais real. Olhei para o céu novamente, fascinando-me com sua vastidão.

— Eu... morri? — perguntei, sabendo a resposta.

— Você viveu, e agora está aqui. A morte não é o fim, é apenas uma transição. Como atravessar uma porta para uma nova sala, sem nunca deixar de ser quem você é.

— E o que acontece agora?
Ele sorriu novamente, um sorriso cheio de paciência e compreensão.

— Isso depende de você. Aqui, você reflete sobre o que foi, e se prepara para o que será. Muitos escolhem reencontrar aqueles que amaram. Outros, buscam sabedoria nas lembranças de vidas passadas. Alguns, descansam. Mas todos, sem exceção, seguem adiante.

— Seguir para onde?
Ele hesitou por um momento, como se as palavras fossem difíceis de explicar.

— Imagine que tudo o que você já conheceu foi apenas a ponta de um iceberg. O que vem depois... É um oceano. Infinito, imenso, cheio de mistérios. Você não precisa entender tudo agora. Apenas saiba que você continuará existindo, de uma forma ou de outra.

Fiquei em silêncio, absorvendo aquelas palavras. Pensei em todas as pessoas que deixei para trás, em tudo que havia vivido, nas escolhas que fiz. Será que teria a chance de reviver alguns momentos? Será que poderia corrigir os erros?

— Não há necessidade de corrigir nada — disse o homem, como se tivesse lido meus pensamentos. — O tempo, como você o conhecia, é uma ilusão. Tudo o que viveu, vive ainda. Cada decisão, cada momento. Eles continuam existindo, eternamente.

— E eu... posso voltar?

Ele me olhou com ternura.

— Alguns escolhem voltar. Outros seguem em frente, para lugares além da compreensão. Mas saiba disso: não há retorno como o que você imagina. Cada experiência, cada vida, é única. E você sempre será moldado pelo que viveu, mas nunca será o mesmo de antes.

Senti um misto de paz e nostalgia. Havia tanto para entender, tanto para aceitar. Mas, de alguma forma, isso não me assustava. Era como se uma nova aventura estivesse prestes a começar, e eu estivesse apenas à beira dela.

— O que você deseja? — ele perguntou.
Olhei para o horizonte, que agora parecia ainda mais distante, cheio de promessas e segredos.

— Eu quero seguir em frente.

Ele assentiu, se levantou e me estendeu a mão.

— Então, que seja. Que o próximo capítulo seja tão fascinante quanto o último.

Levantei-me e, com um último olhar para trás, senti que algo dentro de mim se soltava, um peso que eu nem sabia que carregava. E então, com o coração leve, caminhei para o horizonte. A vida, ou o que quer que viesse a ser, me aguardava.
Caminho para o Horizonte...

Enquanto eu caminhava, o horizonte, com suas cores vibrantes e suas formas etéreas, parecia se afastar e se aproximar ao mesmo tempo. Cada passo meu não parecia levar a um novo lugar, mas a um novo estado de ser. O homem, que me guiava, já não estava mais ao meu lado, mas suas palavras ainda ecoavam na minha mente: "O que você deseja?"

Conforme eu avançava, percebi que o cenário ao meu redor começava a mudar. O campo vasto e sereno dava lugar a paisagens de uma familiaridade desconcertante. Reconheci uma árvore antiga, onde costumava me sentar quando era criança. A brisa suave trazia o perfume da terra molhada, igual àqueles dias de chuva que eu tanto amava. Tudo era exatamente como eu lembrava, mas havia algo diferente — tudo parecia mais intenso, mais vivo.

Então, vi algo à distância que fez meu coração disparar: uma figura, solitária, sentada à sombra da árvore. Eu a reconheci antes mesmo de me aproximar. Minha mãe. Ela parecia tão jovem quanto eu me lembrava em meus primeiros anos, antes que o tempo começasse a desgastá-la. Seus cabelos brilhavam sob a luz dourada daquele mundo, e seus olhos, quando se voltaram para mim, estavam cheios de ternura e saudade.

— Mãe? — minha voz saiu hesitante, quase como um sussurro.

Ela sorriu, um sorriso que iluminou seu rosto, mas não se levantou. Esperei por um instante, tentando processar o que estava acontecendo. Sabia que isso não era um reencontro físico, que estávamos em algum plano além da vida, mas ainda assim, a sensação de vê-la ali, tão real, era avassaladora.

— Filho... — ela respondeu, sua voz suave e acolhedora, como se tivéssemos nos visto pela última vez ontem.

— Eu sabia que você chegaria.
Aproximei-me e me sentei ao seu lado, assim como fiz tantas vezes durante minha infância. Ela não disse nada por um momento, e eu também não precisava de palavras. Estar ali, naquela cena que o tempo havia me roubado, era o suficiente.

— É real? — perguntei, finalmente, depois de alguns minutos de silêncio.
Ela sorriu de novo, dessa vez com uma expressão mais serena, talvez até um pouco misteriosa.

— Tudo é real e nada é, meu querido. Este lugar... — ela fez um gesto com a mão, apontando para o campo ao redor, que agora parecia uma colagem de lembranças e sonhos.

— Ele responde ao que você precisa. Não é o passado, nem o futuro. É você, o que você carrega.

Tentei absorver o que ela dizia, mas minha mente, ainda tão presa às antigas formas de entender o mundo, lutava para compreender. A pergunta óbvia surgiu.

— E você? Você está aqui de verdade?
Ela me olhou profundamente, e seus olhos pareciam conter universos inteiros.

— Eu estou onde você precisa que eu esteja. Em algum lugar, estou também seguindo em frente, assim como você. Mas uma parte de mim sempre estará aqui, com você, onde sua memória e seu amor me mantêm viva.

Era uma resposta enigmática, mas, de algum modo, fazia sentido. Eu sempre soube que as pessoas que amamos nunca nos deixam completamente. Elas ficam, não só em nossas lembranças, mas em nossa essência. Neste lugar, onde os limites entre o tempo e o espaço eram fluidos, essas conexões eram ainda mais tangíveis.

— Tenho tanto que perguntar — admiti, olhando para o horizonte que ainda me chamava.

— E você terá todas as respostas, a seu tempo — disse ela, colocando a mão sobre a minha.

— Mas, por enquanto, basta saber que você está no caminho certo. Não há pressa. O horizonte estará lá, sempre, quando você estiver pronto para continuar.

Eu olhei para ela, e de repente percebi que esse momento era uma dádiva. Não era sobre buscar respostas imediatas, mas sobre sentir, estar presente, aceitar a imensidão do que estava além.

— Eu sinto sua falta — sussurrei.
Ela me puxou para um abraço, e naquele instante, todo o amor que já havíamos compartilhado, toda a dor e alegria da vida, parecia se condensar ali, naquele toque.

— Eu sei — ela respondeu suavemente. — Mas você nunca estará sozinho.

Soltei-me do abraço e percebi que algo havia mudado. Não era o campo ou o céu, mas eu. Eu estava mais leve, como se um fardo invisível tivesse sido retirado de mim.

— Agora você deve seguir, meu querido — disse ela, se levantando. — O caminho é longo, mas você está pronto. E quando você estiver, talvez nos reencontremos de outra forma, em outro lugar.

Ela se afastou, sua figura se fundindo com o brilho suave da paisagem, até desaparecer completamente.

Levantei-me, com o coração mais tranquilo do que jamais estivera. O horizonte, que antes parecia tão distante e misterioso, agora se mostrava como uma promessa de descobertas, de novos começos.

Comecei a caminhar novamente, dessa vez com passos mais confiantes. O caminho à minha frente mudava a cada instante, se transformava conforme eu avançava, como se fosse esculpido pela minha vontade e meus desejos mais profundos. Cada passo era uma escolha, uma aceitação do desconhecido.

E assim, com a brisa acariciando meu rosto e o eco do amor de minha mãe ainda pulsando dentro de mim, segui em direção ao horizonte, sabendo que o verdadeiro mistério da vida, e da morte, era o infinito que me aguardava.

O Infinito que me aguardava

O horizonte já não era uma linha inalcançável no limite da visão; era um convite constante. Cada passo que eu dava parecia desdobrar novas camadas de existência, como se o próprio espaço estivesse se expandindo, revelando mais do que eu jamais poderia ter imaginado.
O ar ao meu redor estava impregnado de uma energia pulsante, quase como se o próprio tecido da realidade fosse maleável. E talvez fosse. O que era real aqui, afinal?

À medida que avançava, percebi que minhas memórias, sonhos e até meus medos moldavam o que aparecia diante de mim. Uma ponte de madeira antiga surgiu, estendendo-se sobre um rio de águas cristalinas.

Reconheci a ponte imediatamente — ela fazia parte de um sonho recorrente que tive durante toda a vida. Eu costumava sonhar que atravessava aquela ponte, sempre com a sensação de que algo grandioso me esperava do outro lado, mas, no sonho, eu nunca chegava a completá-la. Agora, ela estava ali, tão sólida quanto eu mesmo. Respirei fundo e dei o primeiro passo.

A cada passo sobre as tábuas rangentes, senti uma nova clareza surgindo dentro de mim.

Fragmentos de lembranças vinham e iam: rostos de amigos, momentos de tristeza, risadas ecoando em tardes ensolaradas, palavras que eu disse e arrependi, outras que nunca tive a chance de dizer. Mas, ao contrário do que imaginava, essas lembranças não me pesavam. Elas pareciam parte de um grande mosaico, uma tapeçaria em construção. Cada erro, cada acerto, cada segundo vivido estava ali, contribuindo para algo maior.

Quando finalmente cheguei ao fim da ponte, fui recebido por algo que me fez parar. Diante de mim, um vasto vazio se estendia. Mas não era um vazio de escuridão ou ausência. Era um espaço pleno, preenchido por uma sensação de potencial ilimitado. Era como estar à beira do universo, olhando para a infinidade de possibilidades, todas aguardando uma escolha.

Foi então que entendi: o infinito não era um lugar. Era um estado de ser. Era a liberdade total, o fim das limitações impostas pelo tempo, pelo corpo e pela mente. Não havia mais fronteiras entre o que eu era e o que eu poderia ser.

De repente, senti uma presença ao meu lado, e ao virar-me, vi o homem que me recebera no campo mais cedo. Ele sorria, sereno, como se soubesse exatamente o que eu estava passando.

— O infinito é assustador para alguns — ele disse, sem que eu precisasse perguntar.

— Para outros, é libertador. O que você sente agora?

Fechei os olhos por um momento, sentindo a vastidão ao meu redor. A verdade era que eu não sentia medo. Sentia curiosidade. Um desejo de explorar, de me lançar na imensidão sem saber o que encontraria, mas com a confiança de que o caminho seria tão importante quanto o destino.

— Acho que estou pronto — respondi, abrindo os olhos e fitando o espaço diante de mim.
Ele assentiu, sua expressão satisfeita.

— Então siga. O que vem a seguir não pode ser descrito, nem compreendido com as palavras que você conheceu até agora. Apenas vivido.

Senti um leve tremor no ar, como se a própria realidade estivesse esperando por minha decisão. Eu estava à beira de algo inimaginável, algo que ultrapassava qualquer experiência humana. Era o tipo de escolha que ninguém pode fazer por você.
Dei um passo adiante, para dentro do vazio.

No momento em que meus pés tocaram o nada, fui inundado por uma onda de sensações. Não era um lugar de escuridão, como eu havia temido, nem de luz cegante. Era algo que transcendia qualquer descrição sensorial. Eu estava em todos os lugares e em lugar nenhum, em todos os tempos e além do tempo.

Senti que minha consciência estava se expandindo, conectando-se a algo muito maior. Havia vozes — milhares, talvez milhões — mas não eram palavras. Eram sensações, emoções, ecos de vidas passadas e futuras, todas coexistindo de uma maneira que a minha antiga mente jamais poderia compreender.

Não estava mais limitado ao corpo que eu conhecera, e, no entanto, eu ainda era eu. Eu era uma gota no oceano, mas ao mesmo tempo, o oceano inteiro estava contido em mim.

Nesse estado de unidade, uma verdade simples se revelou: o infinito não era algo a ser temido ou compreendido, mas algo a ser vivido. Cada escolha, cada passo no caminho, cada decisão de seguir adiante ou descansar, eram apenas pequenas partes de um ciclo muito maior.
A vida, a morte, o além — tudo fazia parte de uma dança eterna de criação e transformação.

De repente, tudo ficou claro. Eu não estava aqui para chegar a um fim, mas para continuar a jornada. O horizonte que eu perseguira desde o começo não era um destino final, mas um portal para o próximo ciclo de existência.

Eu podia sentir que havia outros caminhos a seguir, outras vidas a explorar, outras partes do infinito esperando por mim. E talvez, um dia, eu me reencontrasse com aqueles que amei, de novas formas, em novas existências.

Mas por agora, havia apenas uma certeza: o infinito era meu para explorar, e eu estava pronto para isso.

Com um último olhar para trás, sorri. Não havia mais necessidade de segurar o passado, nem de temer o futuro. O que estava diante de mim era mais vasto do que qualquer coisa que eu pudesse ter sonhado.
E então, com o coração leve e a mente aberta, eu me entreguei ao infinito.

Explicação metafísica do conto: "O Último Horizonte"

O conto "O Último Horizonte" é uma exploração metafísica profunda da vida após a morte, que aborda questões sobre a existência, a consciência e a natureza da realidade. A seguir, desdobro uma explicação metafísica de seus principais elementos:

1. A Transição da Morte como Passagem para um Novo Estado de Ser

No conto, a morte não é tratada como o fim, mas como uma transição para um novo estado de consciência. Essa visão está enraizada em muitas tradições espirituais e filosóficas, como o platonismo, o budismo e o esoterismo ocidental.

A ideia de que a vida continua em diferentes formas sugere que o "eu" persiste além da morte física, rompendo a visão materialista do aniquilamento total após o fim do corpo.

Campo Infinito: O campo onde o protagonista desperta pode ser visto como um plano intermediário entre a vida e o além definitivo, semelhante à ideia de bardo no budismo tibetano ou de um "limiar" espiritual em muitas tradições místicas. Esse lugar serve para refletir e integrar experiências vividas, preparando o espírito para o que vem a seguir.

2. A Realidade Moldada pela Consciência

O conto explora a noção de que a realidade, após a morte, é moldada pela consciência do indivíduo. O ambiente responde às intenções, memórias e desejos do protagonista, sugerindo que a mente não só cria, mas também interage diretamente com o "espaço" ao seu redor.

A Realidade Fluida: A ideia de que o espaço e o tempo são fluidos, ou ilusórios, nesse plano pode ser interpretada metafisicamente como uma representação da consciência não linear. Sem a prisão do corpo físico, a mente é livre para expandir suas percepções, o que reflete a filosofia idealista, onde a realidade externa é uma manifestação do pensamento.

3. O Encontro com Entidades e o "Eu Fragmentado"

O encontro do protagonista com sua mãe — ou pelo menos com uma projeção dela — levanta questões sobre o que realmente constitui a identidade e o "eu". A mãe explica que sua presença ali é tanto real quanto simbólica, sendo uma parte que persiste nas lembranças e na essência do filho, e não necessariamente uma continuidade literal da identidade física ou pessoal.

Fragmentação do Eu: Isso sugere uma visão de que o "eu" não é fixo ou singular, mas fragmentado e multidimensional. A parte que está no "entre-mundos" é um fragmento do ser maior da mãe, um eco de quem ela foi para o filho. Esse conceito está alinhado com filosofias que veem o indivíduo como um campo de energia ou consciência, fragmentado em várias partes, todas interconectadas.

4. O Infinito como Estado de Ser

O conceito de "infinito" no conto não é apenas um espaço físico, mas um estado de consciência, onde o tempo e o espaço se dissolvem. O infinito é descrito como um oceano de potencialidades, um espaço onde todas as escolhas, todos os tempos, e todas as existências coexistem simultaneamente.
Isso reflete a visão de uma realidade quântica ou multidimensional, onde o "agora" não é um único ponto no tempo, mas uma superposição de muitas realidades possíveis.

Estado de Unidade: Quando o protagonista dá o passo final no vazio, ele experimenta uma expansão de sua consciência. Ele não se dissolve, mas se conecta ao todo, experimentando a "unidade" de todas as coisas. Essa visão é compartilhada por tradições como o misticismo sufista e a filosofia advaita vedanta, que pregam que, no fundo, a individualidade é uma ilusão e que o Atman (alma individual) é uma expressão do Brahman (alma universal).

5. A Natureza Cíclica da Existência

O conto sugere que a existência é cíclica, que há sempre novos começos. O protagonista percebe que o horizonte que ele perseguia não é um destino final, mas apenas mais um passo em uma jornada eterna de descoberta e transformação.

Isso ecoa conceitos presentes no hinduísmo e no budismo sobre o samsara — O ciclo de nascimento, morte e renascimento —, mas com uma visão mais aberta, onde o renascimento pode não ser apenas um retorno à vida física, mas uma transição para formas superiores de existência.

Liberdade e Escolha no Infinito: O infinito oferece liberdade absoluta de escolha, mas essa liberdade também carrega consigo a responsabilidade de decidir o próximo passo. O protagonista sente que o infinito é seu para explorar, sugerindo que cada indivíduo, ao alcançar esse estado, se torna cocriador da realidade que experimenta.

6. A Relatividade do Tempo e a Ilusão da Linearidade

Em vários momentos, o conto desafia a visão linear do tempo. O protagonista encontra figuras e memórias de seu passado, mas elas coexistem com sua experiência presente de uma forma não cronológica. Esse tratamento do tempo como uma ilusão ou uma construção mental é uma ideia presente em muitas correntes filosóficas, como no conceito de "eterno retorno" de Nietzsche ou na percepção do tempo na física quântica, onde o passado, presente e futuro podem existir simultaneamente.

Conclusão

Metafisicamente, "O Último Horizonte" explora a transição entre diferentes estados de consciência e a natureza da existência após a morte. Através da expansão da percepção do protagonista, o conto sugere que a realidade é fluida, moldada pela consciência e que o "eu" é uma projeção de algo muito maior. O horizonte, sempre presente, simboliza o potencial infinito de evolução, aprendizado e transformação que espera todos os seres, tanto em vida quanto além dela. A jornada não tem fim, e o infinito é um convite para o crescimento contínuo da alma.


Biografia:
Professor de Ciências da Religião, Teólogo, Filósofo e Pesquisador de Ciências ocultas. Procuro a verdade e quero compartilhar meus estudos sobre o comportamento filosófico e religioso de povos e comunidades, que tem a fé, como sustentáculo de sua existência tridimensional.
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