Pedro Marcelino é um artesão das palavras que encontra na língua popular matéria-prima para os seus escritos, e no fim, essa é a única linguagem que a gente entende. O que o povo cria, nosso memorialista sintetiza e cria-o de novo. Em seu terceiro livro Palavrório e cidade, pulicado pela soteropolitana Cogito Editora em 2022, acerta a mão mais uma vez num livro ainda mais prazeroso que seus antecessores.
O memorialista, diferente do historiador tem algumas vantagens: pode ser saudoso. Mesmo não vivendo ou conhecendo metade do que o autor viveu, senti saudade dessa Alagoinhas que eu não vivi, e das pessoas que não conheci. Caminhei pelas memórias de Pedro Marcelino e não vi nenhuma rua sem saída. Alagoinhas pujante em suas ruas e personagens excêntricos.
Essa urbe de coração GG, que a todos recebe e ama como um filho, tem um corpo extenso de afetividades, toponímias e pessoas. A cidade não é um lugar, é uma experiência que envolve os sentidos, os gestos, os hábitos, as relações sociais, econômicas, culturais e políticas. Na Alagoinhas memorial de Pedro, tudo resistiu ao tempo, e ganhou as cores do passar dos anos.
E o palavrório? Vocabulário popular, informal, nascido do cotidiano, formado na inventividade das massas. É o jorrar do saber dos mais velhos, a piada do barzinho após algumas geladas, o jargão do comerciante à moda Praça é Nossa. A palavra que perdura, a tudo significa e valida. Que confere lugar e poder, e quão brilhante é Pedro Marcelino por dominá-la tão bem.
Se a cidade é um corpo, o povo é o sangue que corre por suas artérias urbanas, seja ela de terra batida ou asfalto mormacento. Ela tem vida porque fala, e por muitas vozes. Bendita a boca que fala pela cidade, e louvada a cidade que tem o privilégio de falar por Pedro Marcelino. Sua tamanha sensibilidade na escrita permite a qualquer um/a caminhar pela Alagoinhas do século XX.
O livro tem mais de 200 págs. em papel offset. Conta com orelhas contando a biografia do autor. Prefácio a cargo de Mabel Velloso, comentários de Juliana Silva, Marcelo Torres e Edil Silva. São mais de 70 textos entre crônicas e poemas. Para os que quiserem adquirir, custa R$ 40,00 e poderão comprar no Bar Gota D’Água, perto ao Terminal Coletivo de Alagoinhas; CASPAL, Mercado do Artesão, Alagoinhas-Centro; e no Boteco do Tião e o Vila D’Alagoinhas, na Cavada.
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