Bizu, personagem desta estória é um pequeno besourinho, bem pequeno, imigrante da África, com o nome científico de Lagria Villosa. Um besouro castanho-metálico, cujas cores brilham, refletindo os raios do sol tropical. Suas cores ricas variam do azul-celeste, o azul do céu ao vermelho fogo.
Embora possua tamanha beleza, Bizu é um besouro triste, que chora sem parar, contemplando o pôr do sol, sentado olhando o mar.
Um dia, quando passeava pela praia, a lagarta Tatá consternada com a tristeza do seu amiguinho, resolveu perguntar o que havia acontecido.
_ Oi Bizu! O que aconteceu? Por que você estar tão triste?
_ Ah Tatá! Estou triste, sempre fico assim quando admiro a beleza do mar e percebo com estou só...
_ E por que você se sente tão sozinho?
_ Porque sou o último da minha espécie e, até agora, não encontrei companhia!
_ Então, por que você não faz amizade com outros besourinhos, mesmo que não sejam da sua espécie?
_ Assim, você não seria tão triste e solitário!
_ Mas, não seria a mesma coisa.
_ Seria sim! Todos são iguais, o que muda é o exterior, no interior todos são iguais, basta procurar fazer amizade, basta querer conhecê-los.
Mas Tatá não conseguiu convencer o teimoso Bizu, que resolveu ir embora, voltar para a África à procura de outros da sua espécie.
_ Vou embora, não posso continuar sozinho.
_ Mas como vou sair daqui?
_ Eu poderia ir embora voando, tenho asas, mas são tão pequenas que, provavelmente, cairia e acabaria morrendo, exausto.
_ Já sei vou construir um barco para navegar pelo oceano até o outro lado.
Bizu conseguiu a ajuda de vários amiguinhos insetos e começou a construir seu barco. De uma folha de bananeira fez o casco, as velas foram tecidas, em fina seda, pela aranhinha Zoé.
Quando tudo ficou pronto, quando todos os mantimentos necessários, à tão longa e solitária viagem foram armazenados, depois de se despedir de todos os amigos que lhe haviam ajudado, na realização dessa tão sonhada aventura.
Os dias passavam lentamente, os alimentos iam acabando e Bizu já agoniado não sabia o que fazer para acalmar toda a ansiedade de tão demorada jornada.
De repente o céu se pintou de negro, as nuvens cobriram o sol, enquanto, o vento, a chuva e a mar bravio começaram a lutar com o barco de Bizu, que sendo tão frágil, não resistiu à força dos adversários, acabou cedendo e virando.
Bizu, quase afogado, começou a gritar par socorro...
_ Socorro! Socorro! Alguém me ajude!
_ Estou perdido neste mar imenso, sem alguém para me ajudar.
Quando Bizu estava quase se entregando ao seu destino, avistou uma gaivota que deslizava serena no oceano celeste. Então, Bizu gritou, berrou até conseguir atrair a atenção de tão distraída gaivota. Esta voou até Bizu e perguntou-lhe por que a chamava.
_ Ora dona gaivota, a senhora não pode ser tão distraída.
_ Não vê que estou precisando de sua ajuda?
Irritada com a arrogância de Bizu e com sua maneira de falar, levantou voo e deixou Bizu perdido no oceano a se afogar.
Mas, o coração falou mais alto e Dona gaivota, voltou ao socorro de Bizu. Pegando-o pelo bico a gaivota voou com Bizu por horas, até encontrar uma pequena ilha, aí deixando-o, que solto no ar começou a cair.
Caindo cada vez mais rápido, via o seu fim se aproximando com a proximidade do solo.
Mas, para sorte de Bizu, antes de atingir o solo, bateu numa palmeira e escorregou suavemente sobre suas folhas até o chão, aonde chegou desacordado.
Quando Bizu começou a despertar, viu-se cercado por dezenas de bichinhos da nova terra; todos se perguntavam quem era aquele que acabara de cair do céu, estavam entre assustados e preocupados com o bem-estar de Bizu.
Apesar da grande-quantidade de novas amigos, Bizu não encontrou entre eles nenhum que fosse semelhante à sua espécie, decepcionado começou a chorar e a soluçar.
_ Que vida ingrata, viajei tanto, sofri tanto, para chegar até aqui e até agora não encontrei ninguém que fosse da minha família.
Enquanto chorava, Bizu notou que se aproximara dele uma pequena “besourinha”, cujas cores eram opostas as dele, mas que também era uma solitária, pois a poluição havia exterminado todos de sua espécie, restando apenas ela, única representante de sua raça.
Zui, como era chamada pelos amiguinhos da floresta possuía as cores do arco-íris e um sorriso sereno. Ao vê-la Bizu, imediatamente, espantou o choro, acalentou suas mágoas e sentiu o seu coração acelerar.
Enfim, ele percebeu que não estava só em sua solidão, notou que existiam outros com sentimentos semelhantes ao seu e percebeu, também, o quanto estava errado em ser preconceituoso, pois embora não existam outros da sua espécie, existem vários amiguinhos de várias espécies, onde a cor, a forma, o tamanho não importa.
Nada é tão importante quanto a amizade. Basta deixar o coração falar, gritar, amar...
|