Paraty, cidade no Rio de Janeiro, cheia de histórias de outras eras, de um tempo mais lento, hoje destino turístico com lindo casario, natureza exuberante e ótima gastronomia. Mas este conto não é sobre gastronomia.
Viajei a Paraty, fora da temporada, para aproveitar um instante de relaxamento. Hospedei-me em uma pousada no Centro Histórico e fui envolvido em uma história fantástica.
Paraty por ser o porto onde o ouro das Minas Gerais era embarcado para Portugal, parte da antiga Estrada Real, a Estrada do Ouro, também, era o local preferido por corsários, piratas com carta de corso, a serviço da rainha da Inglaterra, para capturarem seus tesouros.
Conta a lenda que um comandante corsário após a conquista do seu butim foi perseguido pela Guarda Real, mas durante algum tempo conseguiu se esconder, abrigado por uma dama da sociedade local.
Apaixonaram-se e viveram intensos momentos de amor. Até que o comandante foi encontrado, preso e sumariamente enforcado. A dama sem saber do ocorrido, continuou a escrever cartas de amor, encaminhadas ao Intendente Geral que as devolvia, sem explicações, até a sua morte.
Hospedado no quarto principal da pousada. Sem saber que era o quarto dos amantes. À noite, em um momento na madrugada, ouvi um tortuoso lamento. Percebi um vulto, a silhueta de uma mulher na penumbra, que apontava para a soleira da porta do quarto e chorava. Quando me aproximei ela sumiu e não mais apareceu.
Ao amanhecer, examinando a soleira, encontrei um compartimento secreto, onde, amarrado por um laço de cetim, hibernou por séculos, um maço de cartas de amor.
Conhecendo a lenda, imediatamente, levei-as ao cemitério do Forte Defensor Perpétuo em Paraty e coloquei-as sobre o túmulo do comandante. Enfim, a Dama de Paraty pôde descansar ao lado do seu amado.
Pesquisando a história daquela dama, descobri que ela havia casado, apesar de não ter esquecido o amor corsário, e constituiu uma família, tendo filhos, netos, bisnetos, trinetos... Para minha surpresa, e de vocês, vim a saber que ela era minha antepassada, de um ramo familiar há muito esquecido. Pois é, a vida é escrita assim!
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