Ó peregrino,
o dia está amanhecendo com uma serenidade de um fulgor calmo e delicado.
O céu fica azul,
é tempo de retomar o caminho sagrado.
Vai-te,
olhando para dentro de si mesmo,
descobrindo o próprio mistério,
percebendo o mundo, os outros.
Há muitos homens, sob sombras, sobre pedras, todos parecidos,
peitos magros, interior machucado, juntas parecendo nós de cordas.
Viver a sério, como ser humano, não é assim tão fácil.
Vai-te,
vendo por trás dos panos costurados o que eles têm de divino e descobrirá mistérios maiores que o seu.
Você precisa ouvi-los dizer:
"Pai Nosso". Oh sim, eu os ouvi.
Você precisa ouvi-los chorar,
eu os ouvi chorar;
eles tinham escondido os seus rostos nas mãos.
Vai-te,
levando alguma coisa,
dizendo alguma palavra.
Eles precisam... precisam...
alguma coisa... alguma palavra...
para... continuar a viver.
Você não os ouve?
Vai-te,
vamo-nos, de força em força,
num só sentimento,
cantando uma só melodia:
a do amor e da compaixão infinita.
Afinal, somos todos peregrinos em terra estranha.
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