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Grito Negro
Carolina Assis

Na véspera da semana da Consciência Negra pensei em homenageá-los observando a realidade local, no município de Tubarão/SC. Verifiquei que há uma miscigenação muito mais européia do que africana, a presença de sua população é tímida, mas presente em segmentos muito respeitáveis: professores, funcionários públicos, e trabalhadores das indústrias locais etc. Escolhi, para tanto, algo singelo para homenageá-los: um poema belíssimo do angolano José Craveirinha intitulado “Grito Negro” com o intuito de nos fazer refletir não só sobre a cor da pele submetida historicamente, mas também sobre o signo da opressão e do poder dominante que oblitera a todos: brancos, negros, mulatos, orientais, índios.
O “Grito Negro”, de Craveirinha propõe um dialogismo alquímico entre as partes: homem negro e carvão. Ambos usados como eixos de equivalência paradigmática, como matéria prima para alimentar a caldeira do lucro e da mais valia. Neste eixo, permuta-se de modo lapidar as imagens e as cores da opressão. Homem combustível, minério bruto fossilizado pelo tempo da exploração:

“Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão.
E fazes-me tua mina
Patrão.

Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão
Para te servir eternamente como força motriz
Mas eternamente não
Patrão!

Eu sou carvão!
Eu tenho de arder, sim
E queimar tudo com força da minha combustão

Eu sou carvão!
Tenho que arder na exploração
Arder até às cinzas da maldição
Arder vivo como alcatrão, meu irmão
Até não ser mais tua mina
Patrão

Eu sou carvão!
Tenho que arder
E queimar tudo com o fogo da minha combustão

Sim!
Eu serei o teu carvão
Patrão”





Biografia:
Carolina Assis é pseudônimo de: Adriana Carolina Hipólito de Assis. É formada em Língua e Literatura Portuguesa pela PUC/SP e professora universitária da Universidade Uniban. Durante o curso universitário atuou em pesquisa literária com bolsa CEPE (Conselho de Ensino e Pesquisa) da PUC/SP, no projeto “O desenvolvimento da personagem em O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago”, no qual elaborou o artigo Seres e Papel e Tinta em co-autoria com Cláudio R. Sousa publicado em Escritores e Escreventes, org. por Beatriz Berrini, editado pela EDUC/SP em 1995. Especialista em Língua, Literatura e Semiótica, Pós-Graduação Lato Sensu pela Universidade São Judas Tadeu. É Mestre em Literatura e Crítica Literária, pela PUC/SP, autora do O Palimpsesto amoroso em Desmundo: contos de fadas, pela editora FATEIA, 2007.

Este texto é administrado por: Marcos Edgar Bassi
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