Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
CAIPIRAS EM GUERRA
9 DE JULHO
Orlando Batista dos Santos

CAIPIRAS EM GUERRA

Dizem que durante a Revolução Constitucionalista de 1932 ocorreram episódios marcantes por sua singularidade no campo de batalha. Dois exemplos típicos são, do lado legalista, os aviões “vermelhinhos” semeando o terror nas trincheiras paulistas, e do lado dos revolucionários, as famosas matracas, instrumentos de madeira que simulavam o ruído de metralhadoras, pondo as forças de Getúlio em pavorosa. Quem lê sobre o assunto com “espírito desarmado” não tem dificuldade para descobrir casos pitorescos, em que pese a gravidade que se revestiu a revolução. Eis alguns exemplos:
Tendo uma patrulha legalista composta por mineiros sido presa por combatentes paulistas, um sargento aprisionado desabafa desconsolado: “É, eu tava dizeno: esse negóço de brigá in casa istranha num dá certo. Tava me parpitano...”. Tendo que informar sobre à situação da tropa mineira na região, falou: “O capitão diz que nóis tem de chegá in Casa Branca de carqué jeito, mais tô veno que nóis num chega nem na metade do camin... Paulista é um causo sério pra brigá. Cada sordado fais um istrago danado!”
O lado legalista contava suas vantagens. Segue um diálogo de nordestinos em pleno combate:
—Raimundo, é o diabo qui tá fumano!!!
—Oh, gente da pexte; paulixta atira qui nem dexa a gente drumí!!!
—Será qui eles vem assaltar a gente?!
—Tu tá é bexta! Tu já viu paulixta fazê assalto? E o medo da faca!!!
—Tá bon, tá bon... e se eles vinhé?!
—Bem capais! Essa gente só sai do buraco à bala; ô gente ruinzinha pra se defendê. Gruda na terra qui nem carrapato. E tome bala, tome bala. E eles sai? Eles sai, mais custa!!!
A contribuição do nordestino à revolução foi marcante para ambos os lados: 400 homens de um batalhão de nordestinos paulistas (porque todos que residiam em São Paulo eram obrigados a ser paulistas) se renderam às forças do governo. Amáveis e brincalhões que eram, festejaram a chegada de um batalhão inimigo composto por soldados pernambucanos que chegara como reforço. Juntando-se aos “conterrâneos” e lá se foram os felizes nordestinos a dar tiros, agora em seus ex-aliados paulistas. E ficaram na História como os vira-casacas.

**
Consultar Glauco Carneiro em “História das Revoluções Brasileiras”- Record,1989,Segunda Edição.


Biografia:
Estudioso do Folclore e da Cultura Popular de raízes caipiras. Autor do livro Heróis Caipiras. http://www.clubedeautores.com.br/book/119026--HEROIS_CAIPIRAS Presidente da Associação de Produtores da Agricultura Urbana de Campinas e Região. Blog: http://aproagriup.blogspot.com.br
Número de vezes que este texto foi lido: 52997


Outros títulos do mesmo autor

Contos BATICO Orlando Batista dos Santos
Crônicas PROBLEMAS, PROBLEMAS... Orlando Batista dos Santos
Crônicas CAMPINAS, GIBRAN E GALEANO Orlando Batista dos Santos
Crônicas UM GENERAL EM MEU QUARTO Orlando Batista dos Santos
Artigos PRA LÁ DE CAIPIRA Orlando Batista dos Santos
Teatro A GUERRA DA ÁGUA Orlando Batista dos Santos
Cartas SIGA TEU CORAÇÃO, MARIANE Orlando Batista dos Santos

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 11 até 17 de um total de 17.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Síria e loucura - Caroline Fortunato 52819 Visitas
A paz que eu procuro - Mila 52819 Visitas
Brasil - Fabiane Brasil 52819 Visitas
Lei - Willian Marinho dos Santos 52819 Visitas
Pensamentos femininos - Tercioti 52819 Visitas
POR AÍ... - orivaldo grandizoli 52819 Visitas
NO ALTO DE SI - orivaldo grandizoli 52819 Visitas
Os nossos passos - Joel Fonseca Reis 52819 Visitas
RUA VAZIA - DANIEL WALISON BATISTA CHAVES 52819 Visitas
Mulheres - Marivaldo Pereira Souza 52819 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última