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Quando perdemos o nosso último trem
oscar silbiger

Vem amor, já está na hora.

Já aprumamos todos os nossos filhos, já tiramos o pó da vida, já lavamos todas nossas fantasias.

Vem querida, vamos...

A comida está se traduzindo no fogão, as remelas do medo não nos encurralam mais e os risos de festim não nos fazem mais dançar nem escorregar.

Vamos linda, vamos...

A nossa vida está alvorecida, podemos olhar para as nossas nucas como se estivéssemos numa legião estrangeira, numa legião estrangeira.

É pra hoje, é pra hoje?

Já colocamos caixa sobre caixa, nem precisamos mais perguntar se tem armadilha pra depois do almoço, se alguém vai desafinar em algum gole
qualquer.

Deixa disso, vem logo...

Treinamos de sobra os passos da nossa dança, deixamos amadurecer cada fio do nosso cabelo, deixamos viver cada feto que pusemos nesse mundo.

Cada feto que pusemos nesse mundo.

As nossas cortinas já fecharam e abriram infinitas vezes, até para uma platéia que dava dó de tão pouca, que dava dó de tão pouca.

Vem, querida, poxa vida...

Pega na minha mão como da primeira vez e esquece as fraldas sujas que colhemos pelo caminho, esquece as vozes roucas que esquecemos de entricheirar, esquece os trecos bizarros que se escondem na sua bolsa, na sua boca, na sua pálida sina de operária asilada numa republiqueta qualquer.

Porque a nossa hora chegou e nós, acredite, perdemos mais uma vez o nosso trem.

Perdemos de vez o nosso último trem.


Biografia:
Tenho 51 anos e sempre gostei e tive facilidade para escrever, construir e contar histórias. A minha relação com o texto é puramente lúdica, livre e extremamente agradável. Talvez seja por isso que consiga transitar em diversos campos, contos, poesias, publicidade, etc. com grande facilidade. Hoje estou retomando um trabalho pioneiro no país, iniciado em 1981: escrever histórias de vida de pessoas não famosas, produzindo um único exemplar (ou mais exemplares, se for necessário) de um livro contendo as suas fotos e textos (inclusive poesias) especialmente desenvolvidos por mim para valorizar cada momento retratado. O acabamento será digno dos livros de arte, sendo entregue numa exclusiva caixa em madeira MDF. Essa iniciativa que já completou 28 anos tem sido motivo de inúmeras reportagens no Brasil e exterior (jornais, revistas, rádio e TV), conforme poderá ser visto nesse link http://www.terra.com.br/istoe/comport/150417.chtm O meu telefone é (19) 9267-9766 e e-mail getleadsbrasil@globo.com Tenho uma metodologia para atender interessados de todo o país com grande agilidade e custo extremamente acessível. Viver é importante, mas preservar a experiência é fundamental.
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