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APAGÃO
Alessandro Borges

É comum o sapo morrer na lagoa.
O mendigo comer lixo na sarjeta
O tráfico de entorpecentes nas escolas,
A fila quilométrica do INSS fazendo curva na rua estreita
O moleque desde a tenra idade viciado em cola.

É comum a violência subjugar a lei.
A mãe com uma “penca” de filhos no semáforo pedindo esmolas
O inocente ser refém da mesma grei,
Os filhos desesperados do desemprego
os escravos das drogas.

É comum as ratazanas morarem no congresso.
O lobo disfarçado de ovelhas...
A cidade grande ofuscada pelo medo,
Os doentes morrem com a pulga atrás da orelha
A ciência não revelar seu fiel segredo.

É comum os “anjinhos” biológicos serem depositados no lixo.
Os sonhos sufocados não saírem do travesseiro
Os rios não serem mais infinitos,
Os animais mais belos serem instintos da fauna brasileira.
O mundo cada vez mais esquisito.

É comum as florestas serem dizimadas pelos os filhos do cão.
O santo de casa não fazer milagres
A vida ser palco sangrento da destruição.
A placa de advertência ser adulterada,
O grito estridente desse apagão.



Biografia:
Sou poeta dos vívidos sonhos, das saudades cantantes, dos rios que em lenda viva conduz meu boto encantador, da cobra grande que vai serpenteando as águas misteriosas do meu Rio Acre, do Mapinguari abraçado as árvores centenárias da minha inestimál floresta,do Chico Mendes morrendo por cada palmo deste chão-coração.
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