Eu tinha sete anos quando ele entrou na sala de aula. “Pessoal, este é o novo colega de vocês”, disse a professora. Lembro, como se fosse ontem, a sensação que tive. Senti um frio na barriga e meu rosto esquentar. Guardei dentro do meu estojo cor-de-rosa, a escova que penteava meus cabelos, fechei o estojo e fiquei imóvel, olhando fixo para o quadro-negro quando vi que ele me olhava.

Desde então nunca mais nos separamos. Ele estava sempre comigo. Nas fotos de infância e adolescência era sempre ele quem estava ao meu lado. Alguns pensavam que éramos irmãos, pois ele até se parece comigo. Outros diziam que éramos namorados e eu ficava furiosa, pois fui mais alta que ele por um bom tempo.

Quando eu dei o primeiro beijo ele ficou uma semana sem falar comigo. Eu nunca mais quis saber do garoto e voltamos a ficar amigos. Ele me xingou dizendo que era vulgar uma menina beijar na boca aos 13 anos. Quando ele começou a namorar eu inventei uma doença qualquer e fiquei sem ir à escola por uns dias.

O que eu sinto quando estou com ele é melhor do que tudo o que eu já senti com todos os meus amores. Posso estar triste quando ele me vê e abre aquele sorriso é como se eu sentisse cócegas por dentro. A sensação de estar vendo tv ou fazendo nada ao seu lado é mais agradável do que qualquer outra que já experimentei nesse tempo de vida.

Ele sabe de tudo da minha vida. Dos meus maiores acertos aos meus piores fracassos. Sabe do meu lado bondoso e do meu lado cruel. Sabe de todos os meus amores e desamores...

Tive experiências sensacionais e pessoas que até chamei de meu amor, mas nunca alguém me deixou tão feliz com um simples sorriso ou tão confiante apenas com um olhar.

Dizem que a gente deve se casar com quem a gente gosta de conversar... E se a gente também gostar de ficar junto sem falar nada, gostar de ficar olhando, gostar de viajar junto, de tomar sorvete de uva, gostar do que ele pensa...?

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