Vestida pra noite
Saia bem cedo,
Nos lábios o sorriso
Enfeitando o medo.
A bagagem de mão
Levava no peito,
E uma tatuagem decoração
No braço direito.
Aprendeu a cuspir
E a chorar escondida.
Despia-se ao vestir,
Nossas fantasias proibidas.
Era mãe de três filhos
Nenhum dos pais conhecido,
Vinte anos de vida
Poucos deles vividos.
Tropeçando em seus sonhos
Vivendo em tempo irreal,
Onde tantos são estranhos
E ser estranho é ser normal.
No subsolo do mundo
A depressão é poesia,
A lágrima é a resposta a tudo
O que o sorriso escondia.
Mal vestida pro dia
Voltava já cedo,
Nos olhos a agonia
Denunciando o medo.
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