Parai Mundo de girar e ouvi
O poético Canto da Natureza
Ela clama por vós em poesia
Poesia em som
                   Poesia em imagem
Poesia em dança
                   Poesia em forma
Poesia na arte da vida
                   Poesia na arte da morte

Parai Mundo de girar e ouvi
A alegre poesia que há no choro
Das crianças que nascem sobre vossa face
Mas também parai e ouvi
A triste poesia que haverá no choro solitário
Do vento apenas a ecoar sobre vossa face

Parai Mundo de girar e vede
A alegre poesia que há na imagem
De vastos campos verdes e floridos
Mas também parai e vede
A triste poesia que haverá na imagem
De campos arrasados por vossas guerras

Parai Mundo de girar e assisti
À alegre poesia que há na dança fremida
De frondejantes árvores ao ritmo do vento
Mas também parai e assisti
À triste poesia que haverá na dança imóvel
De florestas devastadas por vossas mãos

Parai Mundo de girar e admirai
A alegre poesia que há na elegante silhueta
Esculpida de vossa superfície
Mas também parai e admirai
A triste poesia que haverá na rota silhueta
De tua erma superfície em ruínas

Parai Mundo de girar e ouvi
A alegre poesia que há na sublime música
De caudalosos e correntes rios
Mas também parai e ouvi
A triste poesia que haverá na silente música
De quedos e imotos leitos

Parai Mundo de girar e olhai
A triste poesia que estais a desenhar
Na tela de vosso presente
Mas também parai e olhai
A alegre poesia que podeis desenhar
Na tela de vosso futuro...

Parai Mundo e ouvi este canto
É vossa Mãe que clama por seus filhos...

Outubro de 2001

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