Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Amapoula
José Ernesto Kappel

Ela não fala,
sussura,
bom ouvinte,
a gente entende.

Ela olha com meio-pavor,
indecisa ocasião,
lábios avezados
boca disforme,
ela não fala,
pensa.

Procura recordações,
que só existem nas do presente,
mais no presente são só
luzes disformes,faces sem
decisões.

Se mexe com amparo,
remove as mãos trêmulas
para debaixo dos lençóis
de cetim.
Medo talvez,vergonha demais:
ela não fala, pensa torto.

E se todos dão meneios
de carinho isso
pouco importa,
o tempo não traz mais nada -
aquilo que foi -
e se trouxesse, viria encoberta
de corridas malucas,
pelos, ainda, campos de flores,
rodas gigantes coloridas,
pipocas bem doce,
mãos dadas com alguém,
avós e tios e primos,
generalizaria a festa do desdém.

Ontem foi ontem
hoje é amanhã
amanhã, não tem mais.

Ela não fala, só dá prá pensar.
E julgar o quê?

Se tudo é confuso,
confuso é o início,
confuso é o fim.

Já foi bela,
rainha das flores !

Olhos tristes,
esverdeados, quentes
maneiros de sonhar.

Mas de que adianta o terço?
A voz de consolo?
A mão que acalenta?

Sabe mulher, foge
daqui.
Procura seu mundo
que mais não é a terra
que gira.

Sabe mulher,
sou vesgo e insensível
mas, por todas as fábulas,
juro que nesta noite de
visitas insãs,
fui para um canto e
de lá
chorei.

Mas, afinal,
mãe,
você não
merece isso.

Que se rompa o tempo
e a abóboda de luzes
se agigante e faça dela
o que era antes:
uma pequena deusa do amor:
uma mãe; uma verdadeira
mãe.

Fecho a porta e me guardo
dali.
Não entendo de Deus,
rezas ou santos.

Entendo do que não entendo,
mal percebo do que não quero
mas isso eu quero: não mais vê-la sofrer.

E mãe, volta pro seu tempo
antigo e canta canções de
roda pra seu amado - que também
já se foi -
dancar a luz de velas,
um tom, uma valsa,
uma romântica canção - Amapola?

Enquanto você volta
abra minha garrafa de Daniel's 79
e em embebedo até a luz raiar
pois de aço não sou mais feito,
e balbúrdias de dor no
meu coração ninguém faz de novo.

Três goles, para três vidas
e uma dor
tão imensa
como o mar mais
gigantesco.

E ,de lado,
toquem Amapola
só para o filho
e para todos os
que já amaram e
cercam o mundo
de ternuras.

Número de vezes que este texto foi lido: 59743


Outros títulos do mesmo autor

Poesias Amor de Feituras José Ernesto Kappel
Poesias O Vento e a Água José Ernesto Kappel
Poesias Do Outro Lado José Ernesto Kappel
Poesias Montanha José Ernesto Kappel

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 461 até 464 de um total de 464.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
TRAÍÇÃO! - João Bosco Monferron Pires da Silva 59421 Visitas
DÚVIDAS, TALVEZ! - João Bosco Monferron Pires da Silva 59421 Visitas
Natal Todos os Dias - Silvio Dutra 59421 Visitas
A Leoa exilada - Fabiano rodrigues boeira 59421 Visitas
A rua - Willyans Mendes Alves 59421 Visitas
A VIDA É TÃO EFÊMERA. - Pierre da Gama 59421 Visitas
MIRAGENS - DIRCEU DETROZ 59421 Visitas
vaginas - polaca zun 59421 Visitas
Noite Fria - Bárbara Torres 59421 Visitas
~Me apaixonei de repente~ Cap.4 - Tia Ary 59421 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última